sábado, dezembro 30, 2006

JUSTIÇA (...)

Enforcaram-no, não lhe fizeram a vontade. Ele desde o inicio do "julgamento" que desejava ser fuzilado.

Porque não acredito nesta JUSTIÇA, pois no tempo de Gengis Kan era assim. Aguardo sem entusiasmo, embora estupefacto, pelas próximas condenações â morte, ainda sem saber quais as preferências de Blair e Bush.

Serão fuzilados ou enforcados?...

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Muita Palha

.

A Assembleia Municipal reune-se amanhã.
Como já é inverno, a palha dada ao pessoal sobre assuntos mais incomodos, tipo REN, deve ser da mais verdinha.

O Banho Do Ano

.

Não será bem a nossa zona ribeirinha, mas está quase lá.

Não estás a ver umas coisas estranhas a boiar na agua? Vai tu!!

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Como Está Um Frio De Rachar...

...Não há nada como colocar mais umas achas na fogueira.
Cliquem na imagem para aceder ao comunicado da Comissão de Trabalhadores da AutoEuropa com o balanço da sua actividade.

sábado, dezembro 23, 2006

Sem dó nem piedade!

Postagens de natal.Portagens nas SCUT para o ano que vem!2007 sem natal mas com Lá Féria!Vou de férias prá Jamaica!A balalaica para o rio que corre devagar.Sem Rui nem rios a navegar, desoriento-menas vagas que se desperdiçam na boçalidade.Incultas mentes que sonham com a próximacorrida na cidade!Presidentes ausentes da população, da cultura,da vivência ancestral.É o Natal, dirão alguns conformados!O natal, sem hospital, mas com a capitallembrança dos afectos dissimulados.Não quero viver numa terra com esta gentalha!Uma maralha de personas sem amor pela fantasia,sem alegria, apenas com a filosofia do ganho, dopróximo negócio.O ócio da casualidade. Falta verdade ao Porto,ao Portugal insosso e decrépito, ao abundanteditame do negócio, do dinheiro, da arrogância.Primeiro a minha posição, que se foda a oposição!Sem cultura, mas com muita sultura paratresandar de cheiro nauseabundo e banal.É o meu Porto de Portugal.E Chamam a isto Natal?Não posso ficar indiferente a este modo de estar,não posso calar nesta época, a insidiosa mentee quedar-me para sempre!Essa Entente finalmente!A luta vai começar!A poesia acabou de se soltar!Divulgar o que nos limita, o quecerceia a nossa liberdade!A Saudade de um mundo melhor!Melhores dias virão...Neste deserto de acção!

sexta-feira, dezembro 22, 2006

ZDB Fucking Christmas

.
A Zé Dos Bois organiza o Fucking Christmas desde 2001 com a presença do Paulo Furtado "The Legendary Tiger Man". Este ano a coisa repete-se:

*5º ano consecutivo de rock e má onda natalícia com Legendary Tiger Man na ZDB*
Proveniente das cinzas da mais mítica banda rock nacional da década de 90, os Tédio Boys, Paulo Furtado tem-se afirmado, ao longo dos anos subsequentes ao terminus do grupo de Coimbra, como uma das figuras mais emblemáticas, visíveis e aclamadas da música portuguesa, através dos Wray Gunn e deste, o seu projecto de «one man band», o alter-ego The Legendary Tiger Man.
Com quatro álbuns já editados («Fuck Christmas I Got The Blues», de 2003, «Naked Blues», de 2002, «In Cold Blood – A Sangue Frio» em colaboração com o fotógrafo Pedro Medeiros e o mais recente «Masquerade»), Furtado continua aqui a dar continuidade a um evento que já se tornou tradição. Esta actuação do Legendary Tiger Man na Galeria Zé dos Bois ser-lhe-á entregue, pelo quinto ano consecutivo, na noite de Natal, dia 25 de Dezembro. Furtado, orquestra de um homem só ao bom estilo de Bog Log III (com quem já partilhou palcos além fronteiras), encontrou um Mondego da mente que desagua no Mississipi Delta, rio de mágoa onde Johnny Cash, John Lee Hooker, Robert Johnson e Charlie Feathers um dia beberam. Com a forte crença que os «blues» não conhecem países nem continentes, Furtado oferece-se aos que escolherem atender à ZDB para ver um muito especial Pai Natal do rock, sem renas, com um vazio saco de prendas onde cabem todas as suas mágoas e descarga eléctrica."
Podem sempre espreitar a página da ZDB onde os encaminha para alguns videos do Tiger Man (2 deles alojados por mim no Youtube).

Tesão de Escrever

Até que enfim que esta latrina se tornou irremediavelmente anti-natalícia, anti-propícia aos dislates consumitas, anti-prepúciana, anti-Centro Comercial de Belém, anti-Centro Cultural da Dolce Vita. A Doce vida, que nos transforma em seres diabéticos, em seres cariados, e o médico é quem lucra, as farmácias, as lojas de produtos naturais. Produtos naturais? Nada mais falacioso. Quem faz um filho, é com o falo. Com gosto!Com sabor, com textura aveludada, com aroma de essência de melão verde e sarapintado de couve de Bruxelas. A Europa ainda manda! Sem Europa não somos nada. Sem Renas, sem rendas para pagar vamos dormir no passeio público. públicas virtudes num desolado edifício privado. Privatize-se o natal! Contratualize-se a diminuição das despesas correntes com as prendas, as prendicas, as prendocas, as bombocas.Boas bocas para dilacerar o astuto e vil metal, a vil nota no esgoto do escroto. Palavras conspurcadas, palavras acetilénicas, os furanos da sorte, a libidinosa morte. As tretas das tetas rijas e imberbes, as tetas sedentas de um abraço, os domus municipalis, os orçamentos rejeitados, os conluios desbravados. O Situacionismo estástico, o bota de elástico. Plástico na névoa artificial. Pistas de gelo na manhã diabólica. A tarde é dos santos! E a noite, é dos loucos. Dos bêbedos, dos friorentos, dos sardentos, dos sargaços, dos abraços.Foda-se para esta vivência, para o excesso de vidência! nesta época apetece-me ser o mal natal, apetece-me ser o mais ignóbil dos espectros rastejantes, o camaleão com sede, o veado com fome!Foda-se e mais foda-se, obscenizar por aí, surrealizar por aqui, erotizar por acolá. Cá e lá são fartas as farturas fritas. Foda-se esta factura que temos de pagar. apetece-me o além-mar, apetece-me afogar. apetece-me reivindicar. apetece-me um rei, sem roque, sem a música do passado, apetece-me o xadrez mundial, apetece-me a fria guerra dos sentidos, a luta entre o bolo rei e o bolo Inglês. Apetece-me o doce! preciso de comer, preciso de mamar nas tetas grossas e abundantes, quero a glucose, o sabor agradável para o meu cérebro, quero a diabetes de dia, quero os sorvetes de noite. quero a serotonina activada no meu frágil cérebro, quero a teobromina, a fenilalanina, todos os 20 aminoácidos essenciais a que tenho direito. Já que todos os outros direitos eu perdi-os, desperdicei-os, lancei-os ao vento.Quero o carmo e a trindade, a prostituta da saudade, a velha e desdentada greta garbosa.Quero suicidar a festarola, a rola, a parola e indigente maneira de me ver ao espelho! Quero ser velho! Quero o absinto para ver se sinto novamente! Quero a piedade, a mortadela e o vinagre. Pimenta da Caiena, Cocaína e Hiena. Quero as editoras a editarem-me, a sufocarem-me de temor. Estou farto de humor! Estou farto de horror. Estou farto de escritores sem dó nem piedade, sem verdade! Quero matar e morrer! Quero matar as vendilhonas do templo, as "sei lá" porque escrevo, as Tamaro, os crimes do padre amaro, ai...se não me agarram eu não paro!Pega ladrão, fazes comichão ao mundo, fazes as fezes com um cheiro nauseabundo.Cantigas do cagalhão, putas que querem caralhão, vidas que querem um abanão!!!!!
FODA-SE!!!!!!
Tesão de Escrever!

Furtaram o "J" do Presépio

.

Pois é! A C.M. de Faro colocou um presépio com as imagens dos respectivos personagens da cena natalícia e já por duas vezes a personagem "J" é gamada. Coisa feia e estranha dizem os locais e possivelmente vocês também. No entanto a coisa não deixa de ter nexo, é que a personagem "J" só nasce a 25, logo é claro que o "J" irá ser reposto à boca de cena no dia 25 pelos autores do furto.

PS: Já agora, a personagem "M" deveria estar de balão até ao dia 25.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

A Praga

.

Este post é de solidariedade para com o Troll Urbano que anda a sofrer comentários do género de uma certa personagem que se autodenominava como "vigilante". Pensava eu que as autárquicas tinham amansado o(s) cromo(s).
**DASS*

1100 Para o Desemprego

.
A Opel da Azambuja encerra hoje a sua produção lançando 1100 trabalhadores para o despedimento.
Só para lembrar que a AutoEuropa continua a sua produção mantendo os postos de trabalho.
É bom que as aves do agoiro se lembrem.

terça-feira, dezembro 19, 2006

José Dias Coelho - 45 Anos depois

.

Muitas Cidades, Vilas e Aldeias contêm José Dias Coelho como denominação para algumas de suas ruas. Também a nossa Vila contém o seu nome numa rua. O homem a quem Zeca Afonso dedicou "A Morte Saiu À Rua", foi assassinado há 45 anos numa rua de Alcântra que hoje tem o seu nome e uma placa no local onde caiu por terra. Como diz a Trilby e o Fernando "A revolução também se fez com sangue". Podem ler um pouco de sua história aqui.

Divulgação Associação José Afonso

.

"A AJA tem um novo logotipo da autoria da designer Claúdia Lopes.
2007 será para nós um ponto de viragem e por isso decidimos "lavar a cara".
Também a partir da próxima 2ª feira estará on-line o nosso novo site com nova imagem e algumas novidades. "

Que tudo corra pelo melhor.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Os Coices

Se já repararam os coices não estão a abrir numa nova janela como seria de esperar, como a malta não mexeu em nada supõem-se que seja coisa da blogspot. Em tempos no "Ai o có có" acontecia o mesmo e a solução era (e acho que continua a ser) clicar com o rato do lado direito e pedir para abrir noutra janela. Espero que seja uma situação temporária.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

A (in)eficácia da contestação sindical

Artigo de opinião recebido na caixa do Arre Macho.
.
Nos últimos meses, com a ofensiva do Governo sobre os reformados, os desempregados e os trabalhadores em geral, levou ao aumento da contestação social.
O Governo planeou muito bem a sua estratégia, efectuando na prática uma ofensiva seleccionada, propagandeando que estava a retirar regalias em excesso, mas para piorar as condições de todos.
Os sindicatos foram respondendo a isto isoladamente. Os que eram atacados respondiam, os outros pensavam que não era nada com eles e deixavam-se estar no seu cantinho, tal como refere Bertolt Brecht no seu poema "A indiferença".
A primeira vez que os sindicatos organizaram uma resposta global à ofensiva governamental foi a de 12 de Outubro, com dezenas de milhares de trabalhadores, numa contestação como já não se via à muitos anos.
A partir desta manifestação, deviam as centrais sindicais organizar uma resistência ao Governo, mobilizando os desempregados, os jovens e os reformados - as camadas da população que mais disponíveis estão e mais sofrem com as suas politicas – em manifestações constantes, vigílias e concentrações. Um Governo que inaugura a mesma obra, andar por andar, km por km, deve ser contestado, andar por andar, km a km.
A pressão e o desgaste sobre o Governo tem que aumentar, até que este recue nas posições de ataque que todos os dias lança sobre quem trabalha e sobre os desempregados e os reformados. Este é um Governo sem política social. A sua prática é a de nos tirar o almoço com a promessa de nos garantir o jantar, diria antes um jantarinho no futuro, talvez lá para 2009.
Para combater estas medidas, as centrais sindicais (e os sindicatos em particular) têm que questionar as alternativas existentes, que a meu ver, são apenas duas, o diálogo social ou a greve geral.
Parece-me que se deveria esgotar o diálogo social, não na premissa de uma competição entre sindicatos, a ver quem menos acordos assina, mas sim num esforço sério para os assinar, impedindo o governo de legislar: qualquer Governo de cariz neoliberal legisla sempre contra os mais fracos, e neste momento histórico, os mais fracos, - os que estão na defensiva - são os trabalhadores.
Na certeza de que não é possível uma negociação séria e honesta - em que patrões e sindicatos assumam compromissos de garantia de emprego, salários compatíveis com os níveis de vida, respeito pelos direitos dos trabalhadores e das suas organizações, direito à formação e à informação no local de trabalho, melhoria da produtividade e da qualidade - então a resposta só pode ser a luta e a greve.

Mas não as lutas e ou greves saturantes, desgastantes de energias e salários dos trabalhadores, que começam com a discussão do orçamento e acabam pelo Natal, recomeçam em Abril e acabam em Maio.
Se a greve geral for a única saída, então temos que deixar o improviso, hoje a luta sindical não se compadece com isso, exige estudo de situações concretas e de resultados concretos em todo o mundo.
Temos que saber como foram derrotadas algumas lutas e evitar seguir por esse caminho, aprender com as que triunfaram.
O tecido social para as lutas e a greve geral em particular é hoje muito diferente do que era a seguir ao 25 de Abril, hoje prolifera o recibo verde (invenção portuguesa para a desresponsabilização patronal), os trabalhadores temporários e ou a contrato, que na maioria das empresas ultrapassam os efectivos.
Neste sentido a minha opinião é que a CGTP tem analisado positivamente a actual situação, com propostas de alternativa credíveis ás politicas do Governo, a mobilização do passado dia 25, mostra uma mudança inteligente na luta.
Desgastar o Governo e não os trabalhadores (com descontos salariais) é o que se impõe de momento. Por isso muitos mais fins-de-semana de contestação são necessários, até que o blairismo seja afastado da política portuguesa seja pela greve geral seja pela contestação social.

António Chora

Poder Local 30 Anos de democracia

.

Teve inauguração ontem dia 12 de Dezembro, a exposição "Poder Local: 30 anos depois das primeiras eleições autárquicas" no Fórum Cultural José Manuel Figueiredo na Baixa da Banheira.
Vamos visitar e acorrer aos eventos naquele fórum cultural (que diga-se têm tido enorme qualidade), para sujarmos o espaço em si afim da Câmara Municipal justificar os 52000 € (cinquenta e dois mil euros) por ano destinados à sua limpeza.
Consegue este fórum só em limpeza uma verba superior à destinada a todas as colectividades do concelho. "Grandes concursos people" diria o Ugly Kid Tony.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Lucidez na Acidez?

Quem tem a coragem para escrever aqui?
Depois da ressaca dos festejos, é hora de voltar ao trabalho,ao frio e arrepiante mundo das palavras inóspitas, solitárias.
Do afirmar aqui e agora os males do mundo.Este é o reino do podre, do nauseabundo, da sub-cave,das intempéries da alma! Fétido hálito dos transeuntes,olhos enviesados, carcomidas vozes de raiva.
Sonolenta e conspurcada vivência, dias eléctricos,luminosidade aparente, massas a consumir, a omitirum ano inteiro de frustrações acumuladas, de ódios ao volante.
Um ano inteiro de estradas perdidas para o vale da morte, humanosque não se olham, não se tocam, tudo aparência!
Fatal natal com o desejo animal da festa, da embriaguezdos sentidos, da anulação da vida. Seres que andam, correm nasruas, nos hipermercados, nos centros culturais da nossa vida comercial e popular. Nas estradas são os loucos ao volante, pela estrada fora,a toda a brida, avançar, sem olhar, sem dialogar.
Sorrisos imediatos, inebriantes.
Prefiro o fel das minhas solas de sapato rotas, o azedume do mar,as dunas desfeitas na maré, o ocaso salino, o odor a castanheiro velho.
Quero o trapo sujo, o bêbedo que mete conversa, a quem lhe pago um copo,porque não quero contribuir para vícios alheios, só pago a quem gosta de beber!
Quero a noite escura, não quero néons nem presépios, nem pais natal à varanda,nem bolo-rei, nem coisas que me fazem engordar e morrer cedo.
Prefiro morrer com uma ardósia na mão, escrever os mandamentos daeducação do cidadão, reeducar-me a mim próprio, aprender com os meus erros.
Quero a gruta no meio da serra, tal como Sebastião da Gama, insigne poeta da Arrábida e de Setúbal, que se fechava no seu eremitério.
Quero um Luís Pacheco que me faça soluçar, chorar, sentir a terra a tremer-me
debaixo dos pés, um Cesariny que encontrei uma noite no Bairro Alto, naquele bar
esconso, decadente, adúltero e velho, com fados, guitarradas e muitos cigarros.
Quero ficar sozinho, não quero as mensagens dos telemóveis, os cartões de boas festas,os presentes.
Prefiro os ausentes, os meus mortos, as minhas despedidas, aqueles que me deixaram para trás, ou quem eu deixei, aqueles de quem me desencontrei, aqueles a quem nunca pedi perdão! Quero sentir a dor, quero pagar pelas minhas faltas, pelos meus pecados,sentir todo o inferno nos meus olhos!
Não sou digno de confiança, não sou digno de amor, sou digno da mais putativa solidão e amargura. O Natal é para quem se porta bem! Eu quero apenas recordar os passados, as memórias, os sonhos! Tudo o que criei, tudo o que fiz de bom, mas também aquilo em que errei.
Quero ser uma persona com lastro de passado, nesta época em que só se pensa no presente, no momento, no clímax, e depois... tudo se desvanece, tudo se esfuma. Prometemos que mudamos no ano novo, mas passada a tesão, voltamos a ser quem éramos, enganamo-nos a nós mesmos, engalfinhamo-nos nas teias deste presente que nos ausenta da vida, que nos faz perder o norte, o sul e todos os rumos do desconhecido.
Arriscamos pouco, só pisamos solo conhecido, palpável e macio. Nada de grandes revoluções, convulsões. Nada de pensar em dor, morte, negritude.
A nossa vida tem de ser vermelha, encarnada, amarela, branca, pura e católica. Temos de nos ajoelhar para sentir o frio nas pernas.
Fora isso, temos os nossos ares condicionados, os nossos passos vigiados, a nossa comida microondicionada, o nosso amor regulado em ciclos de 28 dias, bem certinho como um relógio Suíço. Tudo é insonorizado, calculado, regulado. Queremos conforto e eficiência. Queremos ciência e Desporto. Mas não andamos a pé, não fazemos exercício físico, somos obesos e ainda queremos mais. Consumir, Consumir para destruir! Nesta época não quero nada disso, não quero correr atrás do prejuízo, do pré-juízo, do juízo prévio.
Não quero prever nada, não quero antecipar nada.
Nada de nada, nem dinheiro, nem presente, nem futuro!
Vou-me encontrar com o passado, provando o fel, nas minhas solas de sapato velhas e rotas!

terça-feira, dezembro 05, 2006

A verdade nua e crua

.
O Presidente da República marcou para 11 de Fevereiro o referendo sobre a IVG, apelando aos participantes na campanha para que procurem “um debate sério, informativo e esclarecedor para todos aqueles que irão ser chamados a decidir uma matéria tão sensível como esta”.

A primeira condição para um debate sério e esclarecedor é partir da realidade concreta da sociedade portuguesa que, em matéria de aborto clandestino como noutras, nos coloca na cauda da Europa. Tod@s podemos invocar os mais variados conceitos filosóficos, éticos e/ou religiosos (ou ainda a ausência deles) para sustentar o SIM ou o NÃO. Mas uma teoria que não se sustenta na experiência prática não passa de especulação, livre mas infecunda. E é sobre a realidade nua e crua da sociedade portuguesa, neste início do século XXI, que faz todo o sentido colocar aos cidadãos a seguinte pergunta: “Concorda com a despenalização da IVG se realizada por opção da mulher, nas primeiras dez semanas de gravidez, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?”.

E qual é a realidade portuguesa em matéria de aborto? Todos os anos vão parar ao hospital mais de mil mulheres devido a complicações resultantes de abortos feitos clandestinamente, por curiosos ou mesmo pelas próprias mulheres, em desespero de causa. Algumas morrem, muitas sofrem lesões irreversíveis que as impedem de ser mães para o resto da vida. Outras ainda são conduzidas à barra dos tribunais, juntando esta humilhação ao sofrimento do corpo e do espírito que as marcará para sempre. Lembram-se que, no referendo de 1998, os partidários do NÃO garantiam que não haveria mais julgamentos de mulheres vítimas de aborto clandestino? É o que se tem visto…

O aborto é, evidentemente, um último recurso numa situação desesperada. Por isso mesmo, a sua prática não deve constituir mais um castigo ou uma vergonha para a mulher. Não é, evidentemente, um método alternativo de planeamento familiar. Mas, apesar de todas as campanhas de prevenção e mesmo com o recurso à pílula do dia seguinte há sempre, estatisticamente, milhares de mulheres obrigadas a recorrer ao aborto, pelas mais variadas razões. Esta é a verdade nua e crua e não vale a pena enterrar a cabeça na areia. Cabe aqui recordar outra promessa de 1998 – um investimento sério no planeamento familiar – furada, por exemplo por Bagão Félix que, uma vez no governo, tudo fez para travar uma educação sexual saudável e descomplexada nas escolas.

Um argumento habitual do NÃO é que uma decisão de tal gravidade não pode depender unicamente da vontade da mulher, devendo envolver o seu marido ou namorado. É desejável que isso aconteça. O problema é que, em muitos casos, já não há parceiro: ou porque este fugiu ás responsabilidades; ou porque a mulher, por razões do seu foro íntimo, entendeu não lhe comunicar que está grávida; ou ainda em situações mais graves, como a violação. Nestes casos (que estão entre as principais causas de aborto), onde está o parceiro? Infelizmente, é em profunda solidão que muitas mulheres são obrigadas a decidir.

E é por isso que elas devem dispor de todo o apoio médico e psicológico, em estabelecimento legal de saúde, onde ninguém chega e faz um aborto sem passar por uma consulta. Neste processo, com a devida informação, é possível até que algumas destas mulheres ou adolescentes mudem de ideias e descortinem alternativas que lhes permitam assumir a maternidade. Pelo contrário, se for à curiosa ou à clínica de luxo, num bairro fino, o aborto é para já! Desde que pague… E até pode lá encontrar um desses hipócritas que se declara objector de consciência à IVG… mas apenas no SNS, tentando sobrepor um qualquer corporativismo aos direitos de cidadania e à saúde das mulheres.

No debate que agora se (re) inicia, iremos assistir à invocação casuística da ciência, numa mistura perversa com a religião. Convirá recordar Galileu – “no entanto, ela move-se”, as rodas dos conventos, a condenação do preservativo e da pílula do dia seguinte. Os diversos “ayatollahs” são livres de pregar aos fiéis mas, por favor, não nos obriguem a viver numa sociedade confessional. Parece que o fundamentalismo não está só na Turquia nem do outro lado do Mediterrâneo. É que se o SIM vencer no referendo de 11 de Fevereiro, como estou convicto, ninguém fica obrigado a violar os seus conceitos éticos ou religiosos. Será apenas o triunfo do direito à livre escolha.

O debate ainda está no princípio, mas é importante colocar em cima da mesa a verdade nua e crua, pondo de lado toda a hipocrisia.

Alberto Matos

sábado, dezembro 02, 2006

APELO À LUCIDEZ

O que a imprensa local e as sessões públicas dão a conhecer, traduzem uma crise instalada na Câmara e Assembleia Municipais. Confirmei-o na última Assembleia que se realizou, observando aí o baixo nível atingido, um desfoque irracional, o absurdo...

É tal o cenário, que considero impossível tais orgãos conseguirem cumprir as suas atribuições com um minimo de objectividade e probidade.

Naqueles orgãos autárquicos, todas as organizações politicas e respectivos representantes, dispõem-se a ser actores, arrastados ou não, na tragédia promovida pelo Presidente da Câmara, cujas abjecções que diz e escreve geradoras de solicitos precedentes, levou estas instituições eleitas pela população, ao lamaçal da devassa.
Agravando ainda, o facto de não se vislumbrar dos representantes da maioria absoluta, qualquer esforço pela lucidez, pela necessidade de mudar de rumo, desfazendo a sobranceria do actual Presidente.

Neste quadro, bem fez a Junta da Freg. da Moita. Pela falta de apoios, desconfiança e fartura de chatíces, procurou outros caminhos. Entregou-se a Deus. Organiza excursões Marianas com a benção do Sagrado Coração de Maria, e nesta Saudação de Natal, já iluminou a Rua da Igreja, indicando-nos o caminho p'rá Missa...

Por isto deixo um apelo à maioria.
Com a vossa comprovada agilidade em jogos de influência, caso por excesso de pecados não possam dirigir-se a Deus, recorram a Apolo, coriféu das nove Musas, para que Tália vos inspire a terminar a víl comédia que decorre, conseguindo que Melpómene evite a vergonhosa tragédia que estais a gerar nas principais instituições democráticas deste Concelho.

Se não forem capazes disto, resta-me apelar aos já poucos militantes comunistas que ainda existem na CDU, a terem a coragem de exaltar as resoluções do orgão superior do vosso Partido, relativas ás autarquias (o XVII Congresso), deliberando naturalmente pôr na Rua o actual Presidente.

Coragem camaradas!...

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Corpo, Som, Movimento? (ou O Bar & A Sede)

Corrupios, inolvidável
ausência dos afectos
a ladaínha ensimesmada
na oculta margem
da alegria

Frenéticas canções
no deambular das marés
o ocaso inone
sem deus nem pátria

Dormi na secura
do teu circunspecto
olhar

E a dança, louca
melancolia numa
luz feérica

A causalidade
reverberada na
infame memória
dos sentidos

Perfume cálido,
louca abstracção
nas insignes
tempestades do olhar

Leituras ao desvario
inocência resplandecente.
Na aura crepuscular
o sentido dos percursos

Movimentos perfeitos
na perpétua constelação
do teu corpo.

quinta-feira, novembro 30, 2006

The Parkinsons na ZDB

The Parkinsons - Bad Girl


Na Galeria Zé Dos Bois, a rapaziada volta ao ataque. Há sempre um bichinho que mexe com a malta e os Parkinsons são exemplo disso. Depois de terem terminado a sua carreira eles aí estão para mais três concertos em Portugal e arredores. Podem sempre visitar o Myspace dos Parkinsons aqui.

Divulgação AAAAM

.
Dia 30 de Novembro pelas 22H, na colectividade “Estrela Moitense” na Moita realizar-se-á um espectáculo de crianças para as crianças organizado pelos alunos da Ex.ma Srª Professora Maria João da Escola D.Pedro II / Moita, que consistirá de uma tuna e dois teatros musicais, o preço do Bilhete é de 2€, e reverterá totalmente para as obras do nosso novo Abrigo.
Na ocasião a Srª Prof. Maria João irá fazer a entrega a um membro da Associação de um montante carinhosamente conseguido nos últimos dois anos de trabalho em conjunto com os alunos, que de uma forma muito dedicada e dinâmica têm organizado imensas iniciativas como quermesses e espectáculos para conseguirem dinheiro para materiais de construção. Iremos ainda estar presentes com uma banca de rifas e venda de artesanato.
Quem estiver interessado em adquirir bilhetes deverá reservá-los para o mail animaisdamoita@sapo.pt com indicação do nome e quantidade, e procederá ao seu levantamento minutos antes do espectáculo.

Apoios:

  • Junta de Freguesia da Moita
  • Sociedade Filarmonica Estrela Moitense

Desejo que a Associação dos Amigos dos Animais Abandonados da Moita consiga esgotar a sala da Estrela Moitense.

terça-feira, novembro 28, 2006

De_coração

.
A ultima assembleia municipal parece que esteve quente nos comentários proferidos por um senhor MM que se acha no direito de ofender tudo e todos, a torto e a direito (parece que também levou algumas respostas menos agradáveis tipo "cowboy").
Um deputado da oposição criticou o facto de nos quadros de pessoal começar a haver "Muitos chefes e poucos índios" (geralmente um abre o buraco e outros 5 ou 6 estão a olhar). O tal senhor MM começou por insultar este deputado municipal dizendo que "já deve ter fumado o cachimbo da paz com algum cara pálida e está na posição que se encontra", é no mínimo bárbaro tal afirmação, vindo de uma bancada onde militam muitos sindicalistas. Não se resumindo ao cachimbo (parece que o outro até nem fuma), chama mentiroso a um vereador do executivo (que até tem um blog e não está nas nossas ligações, por desleixo da malta) por algo que ele escreveu no seu blog.
Bom, barraca armada nos passos do concelho. O vereador pede a palavra e o presidente da câmara recusa. O homem insiste e nada. As bancadas da oposição chamam a atenção para a defesa da honra do homem, por fim lá teve direito a falar, mas comedido nas suas palavras porque estava sempre a ser interrompido.
Se a coisa correu assim, acho que o partido da maioria absoluta deveria dar umas dicas ao senhor MM de como intervir (ou será que aquelas já são as dicas?). Fogem aos assuntos recorrendo aos ataques pessoais. Quero saber como será quando o PDM tiver de ser aprovado na assembleia.
Aos vereadores da oposição aconselho a deixar uma jarra de flores no seu lugar (De_coração) e abandonarem a sala, pois isto de ser saco de encher não deve ser facil.
Aos deputados da oposição acho melhor levarem "colete de balas" porque os tiros já não caem nas politícas mas sim no pelo.

Metro ou Litro?

Esta de andar pelas linhas do Metro tem que se lhe diga.
Observem o video das camaras de segurança, eh eh eh.

Apresentação do "Dicionário do Falar de Trás-os-Montes e Alto Douro"

Hoje, dia 28 de Novembro pelas 18:30 na Associação 25 de Abril, em Lisboa, irá decorrer a apresentação do referido dicionário da autoria de Vítor Barros com apresentação a cargo do Dr. Amadeu Ferreira (transmontano, professor de Direito e emérito estudioso da língua mirandesa).
Com jantar à transmontana antes ou depois da apresentação, conforme correrem as coisas.
Fica desde já o agradecimento ao autor pelo convite efectuado à equipa do Arre Macho.
Podem ler em baixo o prefácio do dicionário.

Photobucket - Video and Image Hosting


"Entre as variedades diatópicas de uma língua, distinguimos, na esteira de Paiva Boléo, dialectos e falares.
Dialecto é, para nós, um sistema de sinais que se afasta de uma língua comum; regra geral, confinado a um espaço geográfico bem delimitado, sem se distinguir profundamente de outros dialectos da mesma origem.
Falar é, em nosso entendimento, uma variedade regional da língua norma, sem o grau de coerência do dialecto, normalmente coincidente, em termos relativos, com a área administrativa.
Dito de outro modo: a distinção entre dialecto e falar faz-se atendendo ao grau de afastamento em relação à língua padrão.
Esta concepção de dialecto e de falar implica a inserção do barrosão – um subfalar do falar transmontano - no presente trabalho; e, pela mesma razão, não contempla as particularidades linguísticas do guadramilês, do mirandês (na actualidade, detentor do estatuto de língua), do rionorês e do sendinês – dialectos leoneses, na opinião avalizada de Lindley Cintra.

A recolha vocabular aqui registada - a mais exaustiva de todas as recolhas efectuadas até ao presente -, de vocábulos em uso ou já usados, promana de fontes diversas, desde aquelas que a nossa vivência de outrora em Trás-os-Montes forneceu, passando pelo trabalho de campo desenvolvido, até ao trabalho informático e à diligente consulta das obras referenciadas na bibliografia.
Importa esclarecer que esta seara vocabular, dirigida à generalidade da população escolarizada e não aos filólogos, está organizada nos moldes de um dicionário tradicional, sem preocupações etimológicas. No final das definições encontra-se a sigla correspondente ao nome do autor da fonte bibliográfica consultada – optámos por mencionar apenas um autor, mesmo quando, com o mesmo valor semântico, o vocábulo ou a expressão se encontram referenciados em vários autores - e/ou o local de origem do(s) nosso(s) informador(es) – a indicação da localidade ou localidades destes não significa que a palavra em questão não seja de uso corrente noutros lugares de Trás-os-Montes e Alto Douro ou até comum à região.
O nosso trabalho não esgota, obviamente, a riqueza do falar transmontano e altoduriense; pelo contrário, estamos cônscios das suas limitações intrínsecas. Para nós, ele é apenas um contributo – o consulente aquilatará da sua utilidade e do seu valor – àqueles que, mais sapientes do que o autor destas linhas, pretendam alargar o presente repositório. Todavia, pensamos que é um significativo subsídio para a defesa do nosso património linguístico, que fica, assim, mais consolidado.

Cabe ao poder local e à sociedade civil privilegiar e incentivar o uso do nosso léxico, pois com o esforço de todos os que têm vontade, capacidade, saber e poder é possível firmar a nossa individualidade colectiva. Trabalhemos em conjunto, e sejamos dignos dos nossos antepassados e dos nossos vindouros."

Vítor Barros

segunda-feira, novembro 27, 2006

Mário Cesariny de Vasconcellos

Em Jeito de Homenagem ao grande poeta Surrealista, ficam-nos as palavras de um ser maior.
Sei que agora estás a rir muito de nós, M.C.V., no teu sofá confortável num bar decadente, algures entre o Bairro Alto do Céu e a Graça do Inferno!

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco

sexta-feira, novembro 24, 2006

Assembleia Municipal

Vai realizar-se hoje pelas 21:30 mais uma sessão da Assembleia Municipal da Moita. Com o PDM ainda na calha, vai ser de gritos certamente.

terça-feira, novembro 21, 2006

Wim Mertens a não perder!

.
Baixa da Banheira - Forum JM Figueiredo
WIM MERTENS em CONCERTO
No Fórum José Manuel Figueiredo, dia 1 de Dezembro

Depois da bem sucedida tour do ano passado, Wim Mertens volta a Portugal para uma digressão, na qual estão incluídas varias cidades do País.Esta tournée celebra os seus 25 anos de carreira e coincide com a apresentação do seu novo albúm “partes extra partes”, último trabalho da longa obra deste músico e compositor belga. Ler moldura

Jeremias

.
Jeremias Costa tem no olhar uma saudade profunda dos arrozais da sua Bafatá natal, situada bem no coração da pátria sonhada por Amílcar Cabral, há perto de meio século. Em Jeremias transparece o orgulho das raízes, numa região vital para a alimentação do seu povo, um povo sofrido mas que mantém a cabeça levantada no meio das tormentas. Um povo que não se dobrou à metralha nem à fome, apesar da imensa superioridade militar do colonialismo que chegou a mobilizar para a Guiné, no auge da guerra e da governação spinolista, cerca de 40 mil homens. A Guiné onde, em 1973, a guerra estava política e militarmente ganha pelo PAIGC e que foi o verdadeiro sepulcro do regime colonial-fascista. A este povo devemos, mais do que a nenhum outro e pelo menos tanto como a nós mesmos, esse “dia inicial, inteiro e limpo”: o 25 de Abril de 1974.

Jeremias era então um menino de 15 anos. Reservado, não conta façanhas desses tempos heróicos, mas facilmente se percebe que pertenceu àquela geração de homens que não tiveram tempo para ser crianças. Viveu, como tantos outros, a esperança da libertação e as dificuldades do percurso, umas naturais, outras nem por isso: a instabilidade político-militar, o desemprego e a fome, a gangrena da corrupção e do despotismo que destruíram mil sonhos. Não será caso isolado, bem pelo contrário: basta olhar para os vizinhos do Senegal e da Guiné-Conakri. Mas cada drama é sempre um drama: a Guiné-Bissau tornou-se um país de emigrantes, por razões económicas mas também humanitárias.

Após o golpe militar de 1998, Jeremias foi para o Senegal trabalhar mas regressou a casa, ao fim de dois anos. Dobrados os 40, não se deu por vencido e embarcou para novo sonho duma vida melhor. O coração pesava-lhe como chumbo quando deixou a Mãe África e aterrou no aeroporto de Lisboa, no final de 2002 – terra estranha, onde só a língua lhe era familiar.

Depois de algumas aventuras, chegou ao Algarve ao romper da Primavera de 2003, não como turista mas para trabalhar nas obras dos paraísos artificiais que, no Verão, servem de lazer a portugueses endinheirados e às muitas e desvairadas gentes com estranhos dialectos do Norte da Europa. E, nessas obras, foi vendo adiada a promessa de um contrato de trabalho que seria a porta da legalização e para mandar reunir a família que ficara na Guiné.

Ajudado por companheiros desta vida difícil, enganado por outros tantos, incluindo alguns patrícios metidos em subempreiteiros mas que faziam tudo na candonga, a esperança do tal contrato salvador ia ficando cada vez mais longínqua. Até que um dia apareceu o Pereira, homem de posses e de boas falas: “eu vou tirar-te desta miséria, vais tomar conta do meu couto de caça no Alentejo”. Jeremias, entretanto baptizado de “Mamadu” pelo patrão e pelos amigos, achou fartura demais; mas nada tinha a perder e lá partiu para nova aventura. Natural de um país de outras caçadas, a gazelas e “bocas brancas”, chegou às faldas da serra de Alcaria Ruiva, em pleno concelho de Mértola, a um lugar a que alguém com muito poder já chamou de “Alentejo profundo”.

Sozinho no monte, via os dias passar. Por companhia, além dos cães, só tinha companheiros de ocasião no café da aldeia onde, passados três anos, todos o estimam – “até as crianças”, diz sem esconder uma pontinha de orgulho. O patrão, de vez em quando, aparecia com os amigos, à caça de perdizes, lebres ou para uma montaria aos javalis; entre patuscadas, lá ia pagando o combinado. Chegou a dar-lhe um contrato por cinco anos; mas era só um papel, sem o carimbo do Ministério do Trabalho e sem validade. A legalização parecia cada vez mais longe. Em Maio de 2004, surgiu uma inscrição para os imigrantes chegados a Portugal até Março de 2003. Jeremias soube e mandou um postal pelo correio, às escondidas do patrão. Este, cada vez mais desconfiado, começou a levá-lo para as obras no Algarve, em Ayamonte e Huelva - “ainda assim, não vão os fiscais aparecer…”.

Até que, em meados de 2005, Jeremias meteu pés ao caminho. Foi a Beja, à associação de que lhe falaram lá no café e à Inspecção de Trabalho. Demorou mas arrecadou. Há dias, recebeu uma carta para ir a Beja pôr o Visto – e até o tal contrato por carimbar serviu… A inspectora de trabalho também apareceu lá no monte. Furioso, ao saber da novidade, o Pereira trouxe um advogado: queriam obrigá-lo a assinar um papel em que aceitava ser deportado… “Se não assinares, eu ponho-te na Guiné em cinco dias!”, ameaçou. Jeremias teve então o supremo gozo de lhe mostrar o Visto e responder: “Patrão, agora sou um homem livre”. Esta história vai continuar, no tribunal.


Alberto Matos

segunda-feira, novembro 20, 2006

Moita vai abrir primeira casa de apoio...

...a portadores de deficiências raras:
"A primeira casa em Portugal para acolher e apoiar pessoas com deficiências mentais e raras, que afectam perto de sete mil portugueses, vai ser construída na Moita, a partir do primeiro trimestre do próximo ano, avançou hoje a Raríssimas - Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras."
Segundo o "Publico". Continue a ler...

quinta-feira, novembro 16, 2006

Zangaram-se As Comadres

.
Mas que diabo. Logo agora...
Carmona Rodrigues (PSD) destitui Maria José Nogueira Pinto (CDS/PP) de todos os seus pelouros na C. M. Lisboa. Parece que a Tia violou (ai credo), "um dever de lealdade e de confiança elementar na relação entre pessoas que estão unidas por um acordo político".
Votar contra dá nestas coisas. Talvez por isso a oposição cá pelo nosso concelho não tenha pelouros. Já viram a trabalheira que dava ao nosso Presidente Lobo?
Nada mais simples do que ter o rebanho todo coordenado e a gritar (em surdina) a uma só voz.

terça-feira, novembro 14, 2006

Neblinas e Negociatas

.

(clique na imagem para melhor visualização)

Como já tinha referido no post anterior, cá está o anuncio à dita formação, que saiu no jornal "Record" de segunda-feira, na página 40.
Se a memória não me falha, foi por volta de 1997 que o Governo e o Estado assinaram um protocolo com o Grupo Mello, onde está consignado que o quadro de trabalhadores da Lisnave deveria ter 1339 trabalhadores. Mas ao que parece já só restam 400 e confrontados com o despedimento colectivo em Setembro de 2007.
Se existe a necessidade de formar e desenvolver novos postos de trabalho, como justificam o despedimento dos operários que já ali trabalham?
Não recebeu o Grupo Mello contrapartidas quando ficou com o estaleiro da Mitrena?
Não deve o Governo exigir que respeitem o protocolo assinado em 1997 salvaguardando os cerca de 400 operários?
Ou isto é mesmo para sacar guito à UE, ou é do nevoeiro que anda por aqui a pairar, não me deixando ver com clareza estas "negociatas".

segunda-feira, novembro 13, 2006

Formação Profissional Na Mitrena

.
A Lisnave está a promover vários cursos de formação profissional nos estaleiros da Mitrena, para residentes no concelho de Setúbal.
Como todos os trabalhadores já receberam a carta para rescisão de contrato amigavel até Setembro de 2007 e despedimento colectivo a partir daquela data para os que não assinarem a rescisão, é de perguntar se a formação que durará cerca de 18 meses, com direito a estágio, será só para sacar fundos à União Europeia ou se a colocação dos estagiários será feita para Viana do Castelo ou estrangeiro.
Deve ser mais uma forma do nosso governo encaixar uns quantos desempregados nesta epoca e contabilizar como não desempregados. Mas e depois????
Conto mais daqui a pouco dar-vos o anuncio que saiu no jornal.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Apresentação do Dicionário do Falar de Trás-os-Montes e Alto Douro

Ora aqui está uma boa notícia. O nosso agradecimento antecipado ao Vitor Barros e o desejo de boa sorte para o lançamento deste dicionário que muita pesquisa deve ter originado.

Caros amigos:
Venho pela presente convidar-vos ao lançamento do «Dicionário do Falar deTrás-os-Montes e Alto Douro», da minha autoria, na Associação 25 de Abril,Lisboa, dia 28 de Novembro, pelas 18,30 horas.
A apresentação do livro será feita pelo Dr. Amadeu Ferreira, transmontano,professor de Direito e emérito estudioso da língua mirandesa.
Se as coisas correrem dentro da normalidade, haverá, antes ou depois, um jantar à transmontana.
É evidente que os jornais e bloguistas convidados do concelho da Moita e alguns jornais transmontanos receberão o Dicionário como oferta.

Atenciosamente
Vítor Barros

Certamente uma noite de Terça-feira bem passada.

Quem sabe, vai longe…

.
Nos semanários do último fim-de-semana chamava a atenção, pelo seu impacto, o anúncio duma conhecida instituição bancária: uma enorme via BUS (adaptada ao nome do banco) em fundo verde, com destino a Madrid e com os dizeres: “Quem sabe, chega mais longe…”. Coisa de criativos, geralmente pagos a peso de ouro. À primeira vista parecia tratar-se de publicidade ao TGV ou a um meio de transporte ainda mais modernista que se move à velocidade da luz ou do pensamento. Mas era mesmo um banco e a imagem não é deslocada: ao simples bater duma tecla, os capitais circulam instantaneamente entre bancos e bolsas de todo o mundo, numa ciranda de especulação financeira que dá lucros fabulosos a uns poucos, à custa da desgraça de boa parte da humanidade.

Escrúpulos morais e políticos à parte (para quem conseguir separar o inseparável), num período em que a nossa auto-estima tem andado por baixo, poderíamos até orgulhar-nos de ter pelo menos um banco e uma equipa de criativos que dá brado em Espanha. Eis que um balde de água gelada caiu sobre este assomo de orgulho nacional: então não é que estamos a falar do mesmíssimo banco que, na passada quinta-feira, viu as suas instalações na Calle Serrano, em Madrid, invadidas por dezenas de agentes da Guardia Civil, da Fiscalia Anticorrupção e das Finanças, ás ordens do famoso juiz Baltazar Garzón? Não se trata de um sonho nem de um filme de Pedro Almodôvar, mas da pura e dura realidade.

Haverá quem se interrogue se não se trata de uma tenebrosa manobra castelhana para abalar ainda mais o moral das “nossas tropas”. Mas logo um comunicado veio sossegar os espíritos inquietos: as investigações desencadeadas visaram clientes e não o próprio banco, sendo bloqueadas contas com um saldo global de 5,5 milhões € – coisa pouca, como esclareceu o banqueiro Ricardo Salgado – no âmbito de um processo por fraude fiscal que, em Espanha, já atinge 1800 milhões de euros. A desfaçatez é notável: 1 milhão e cem mil contos, uma insignificância para quem está habituado a olhar o mundo de cima. Além disso, a investigação “visa apenas os clientes”. O banco, coitadinho, apenas lhes oferecia a via BUS para o voo instantâneo de milhões de euros. Como aquele detergente que LAVA MAIS BRANCO – e se a roupa saiu rasgada da máquina, a culpa é da costureira…

O que torna esta história verdadeiramente cosmopolita e excitante é que os fundos foram retirados de Espanha através de uma rede de contas, cujos titulares eram sociedades trust criadas na Madeira e noutros paraísos fiscais. Daí “o dinheiro era enviado a outras entidades bancárias no estrangeiro [nomeadamente em França] para, finalmente, através do Luxemburgo, voltar a entrar em entidades bancárias em Espanha, mas no nome de sociedades não residentes. A estrutura destas sociedades impede normalmente que se conheça o verdadeiro dono, já que à frente está um gestor ou testa-de-ferro cuja localização é de extrema dificuldade”, sublinha o comunicado da Guardia Civil.

Curiosamente, num mundo cada vez mais global, a filial deste banco no Funchal “responsabilizava-se unicamente por apresentar contas perante as autoridades ficais portuguesas”. Patriotismo serôdio ou mero expediente para empatar a investigação de um esquema de evasão fiscal que remonta, pelo menos, a meados de 2004? O desenrolar das investigações, de âmbito internacional e conduzidas pelo juiz Baltazar Garzón, promete revelações escaldantes…

Portugal surge, assim, duplamente associado a este processo: através dum banco e do offshore da Madeira, região muito badalada a propósito da nova Lei das Finanças Regionais. O desvario verbal de AJJ e de alguns acólitos que ameaçam “reactivar a FLAMA”, não pode esconder o essencial: a Madeira perde centenas de milhões de euros do próximo Quadro Comunitário de Apoio e do Estado devido ao empolamento do seu rendimento per capita por capitais que circulam na zona franca e a colocam artificialmente a um nível de desenvolvimento próximo do da Grande Lisboa. Capitais sem rosto e sem rasto que nada contribuem para o desenvolvimento regional e a melhoria das condições de vida na Madeira que, na realidade, está mais próxima dos Açores ou do Alentejo.

Espantoso é que, na discussão de um Orçamento que se anuncia de rigor, o governo nada faça para acabar com esta vergonha que é a principal fonte de evasão fiscal da banca e coloca Portugal nas rotas do crime internacional. Aqui ao lado, tais práticas são tratadas como casos de polícia; por cá, ainda ganham a taluda. Quem sabe, sabe…

Alberto Matos

Com Atraso Mas Divulgado

.
O correio do Arre Macho tem andado estranho, muitos executáveis aparecem por aqui remetidos de parte incerta (imaginem o que trazem os executáveis), mas sempre com boa disposição lá vamos sorrindo das malícias. Toda esta introdução para dar entrada a uma nota de divulgação do lançamento do video com a entrevista do nosso "Paineleiro" cá da zona, Luís Guerreiro. Como já tinha referido, o nosso correio anda maroto e a mensagem de divulgação foi parar aos confins... nem imagino onde, pois na lixeira também não estava. No entanto os nossos "camaradas" do outro lado da ribeira divulgaram o mail ao qual faço referência, podem ler aqui.

segunda-feira, novembro 06, 2006

O Salário Muito Mínimo

.

Todos devem ter presente a imagem de Charlie Chaplin no filme "Tempos Modernos". Se a exploração naqueles tempos era escarnizada pelo próprio "Charlot", o que dizer agora destes tempos de "Simplexes" e afins.

Notícia no Esquerda Net: " GOVERNO NÃO APRESENTA PROPOSTA DE AUMENTO. Reúne hoje o Conselho de Concertação Social para debater o aumento do salário mínimo nacional. O Ministro de Trabalho não irá apresentar nenhuma proposta de aumento. A CGTP propõe 410 euros para o salário mínimo em Janeiro de 2007 e 500 euros em 2010. Portugal é o país em que o salário mínimo é mais baixo na União Europeia a 15. Em relação aos países do alargamento da UE são já mais elevados os salários em Malta e na Eslovénia."

Está tudo dito. Gostava de ver alguns artolas a sobreviver com o salário mínimo.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Alentejanos de Jaen

.
Na última crónica abordei o tema de Alqueva na relação com a estrutura fundiária. O latifúndio, já de si parasitário, gerador de atraso, de miséria e desemprego durante quase todo o ano em regime de sequeiro, é absolutamente irracional em sistema de regadio – 50 hectares de regadio podem ser mais produtivos que 1000 hectares de sequeiro. Não é por acaso que a velha classe latifundiária, apoiada nos “ultras” do salazarismo, sempre opôs tenaz resistência ao Plano de Rega do Alentejo e, em particular, a Alqueva, pelo menos desde os anos 50. Alguns expoentes desta corrente, como Pequito Rebelo, confessavam o seu temor ao “socialismo por via hidráulica”.

Sem a intervenção do Estado no fomento ao regadio e à criação de unidades de dimensão racional, através de um banco de terras resultante da expropriação a preço justo de quem não as quiser regar, o mercado funciona de forma selvagem. É assim que os latifundiários estão a vender as terras, ainda não regadas mas já valorizadas pela barragem de Alqueva. Em vez de uma agricultura diversificada, ambientalmente sustentável e capaz de atrair uma nova geração de pequenos agricultores, empresas familiares ou cooperativas, a transição do sequeiro para o regadio está a ser feita mantendo o latifúndio. Mas grandes áreas de regadio implicam uma enorme capacidade de investimento e são sinónimos de monocultura – do olival, da vinha, dos citrinos…

Além do problema agrário, Alqueva veio evidenciar as questões agrícolas e culturais do Alentejo. Apesar dos constrangimentos da PAC, são possíveis e cada vez mais necessárias políticas de orientação agrícola que apostem na agricultura biológica e na qualidade alimentar, na excelência dos produtos regionais e na marca Alentejo. Na Europa e a nível global há mercado para este tipo de produtos, depois dos sobressaltos das “vacas loucas”, da gripe aviária, do abuso de hormonas e de transgénicos pelas agro-indústrias de produção intensiva de dinheiro… e de doenças.

A monocultura, ao pôr em risco a biodiversidade, acarreta graves desequilíbrios ambientais. Como é possível o arranque de perto de 600 azinheiras e sobreiros seculares, nas herdades da Caniceira e Monte Espada, para plantio de “oliveiras de aviário”, com aval da Direcção Regional de Agricultura do Alentejo e das câmaras municipais de Aljustrel e Santiago do Cacém? Nem é preciso inventar, basta aprender com a experiência alheia: por exemplo, a dos andaluzes de Jaen (cantados por Paco Ibañez) e de muitas outras terras que ficaram quase desprovidas de matéria orgânica, sujeitas a processos de salinização e erosão muito complicados de travar.

De Espanha não chegam apenas malas carregadas de euros para comprar terras. Na última semana, a Green Peace promoveu uma descida do Guadiana, da nascente até à foz, que deve merecer a nossa reflexão. Entre outras questões já aqui abordadas, ficaram-me na memória as imagens de grandes empreendimentos turísticos, resorts e campos de golfe a norte de Ayamonte, mesmo em frente ao magnífico sapal de Castro Marim. E assaltou-me a dúvida: será isto que se prepara para o regolfo de Alqueva? Quando Sócrates era ministro do Ambiente, o plano de ordenamento foi acusado de ser muito restritivo, em particular por autarquias da zona; com Sócrates primeiro-ministro o limite foi multiplicado por 45, passando de 480 para 22 500 camas, distribuídas por 11 unidades turísticas que podem ter até 2500 camas cada, nos concelhos de Portel, Reguengos de Monsaraz, Mourão, Moura, Serpa e Vidigueira e Serpa.

Na miragem do Grande Lago, não se estará a matar a galinha dos ovos de ouro ainda antes de ela chocar os pintos? Ainda por cima, fruto da poluição dos pesticidas e de esgotos despejados para o Guadiana sem qualquer tratamento, por exemplo em Badajoz, a qualidade da água de Alqueva tem problemas que se podem agravar se estas más práticas não forem travadas e se a carga poluente aumentar no território português. Sem esquecer que, além do uso agrícola e da produção de energia eléctrica, o projecto de fins múltiplos de Alqueva foi justificado pela necessidade de constituir uma reserva estratégica de água para abastecimento às populações.

O turismo só poderá constituir uma mais-valia se respeitar e valorizar o rico património natural e cultural do Alentejo. Numa zona ambientalmente sensível, ainda em processo de adaptação à nova realidade física e a pequenas alterações climáticas, sempre imprevisíveis, a quantidade pode matar a qualidade. Um passo em falso poderá causar danos irreparáveis.

Alberto Matos

segunda-feira, outubro 30, 2006

Epá Soice...

.


(clique na imagem para melhor leitura)
...e agora?
Broncas o que dizes a isto?
Como seremos afetados ?
(do verbo aftas ardem, hemorróidas idem)

quinta-feira, outubro 26, 2006

quarta-feira, outubro 25, 2006

BAAL 21 e Alqueva

.
No passado sábado, 21 de Outubro, participei no plenário de debate do Movimento BAAL 21, no auditório do Politécnico de Beja. Este movimento cívico integra cidadãos de várias áreas políticas, autarquias, instituições de ensino superior, associações sociais, cívicas, sindicais e empresariais do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral. As expectativas em torno deste plenário eram grandes, numa altura em que se acentua o carácter antipopular da política do governo Sócrates, com consequências sociais mais gravosas em regiões deprimidas, como o Baixo Alentejo.

A região foi abalada, há um mês, pela notícia de que o comboio Intercidades Lisboa-Beja iria ser suprimido, depois de o ramal de Moura ter encerrado há mais de uma década e de a linha do interior até à Funcheira se parecer cada vez mais com um deserto de estações e apeadeiros fantasmas. Fruto da reacção pronta de diversas entidades e em particular – é justo reconhecê-lo – da Câmara de Beja, o Intercidades vai manter-se e até melhorar. Numa região em que ninguém reivindica o TGV ao pé da porta, é essencial apostar na modernização da via-férrea e na electrificação da linha entre Casa Branca e a Funcheira. A ferrovia continuará a ser o eixo fundamental duma rede moderna de transportes públicos e de mercadorias, sem menosprezar uma boa ligação rodoviária de Sines até à fronteira e a utilização civil da base aérea de Beja, como aeroporto de carga e de voos charter.

Estes e outros pontos do Manifesto, aprovado por unanimidade, são uma base genérica de acordo entre participantes, entre os quais existem visões diferentes mas um sentimento comum de revolta contra as arbitrariedades e injustiças impostas pelo centralismo. Intervim neste plenário sobre dois problemas cruciais para arrancar esta vasta região do marasmo e do muro das lamentações ao poder central: Alqueva e a regionalização – mas esta ficará para próxima crónica.

O latifúndio, já de si parasitário em regime de sequeiro, é irracional em sistema de regadio – 50 hectares de regadio podem ser mais produtivos que 1000 hectares de sequeiro, a menos que nestes haja cortiça… Assim os latifundiários estão a vender as terras, ainda não regadas mas já valorizadas pela barragem de Alqueva, transferindo milhões para o imobiliário e para a especulação financeiro. Caso emblemático é o antigo presidente da CAP e deputado europeu do CDS, Rosado Fernandes: depois de receber quase 1 milhão de contos de indemnização por terras alagadas pela barragem, vendeu a herdade da Fonte dos Frades, a poucos quilómetros de Beja, a um olivicultor espanhol que mandou plantar milhares de pés de oliveiras e está a construir um grande lagar. Algo de semelhante acontece, para já, em cerca de 25% das terras do perímetro de rega de Alqueva.

O que me preocupa não é, obviamente, a nacionalidade dos novos proprietários, mas sim o modelo cultural que está a nascer, importado da Andaluzia e com efeitos sociais e ambientais já conhecidos. A monocultura – seja do olival, da vinha ou do trigo, como no passado – nunca é uma boa solução. Neste caso, vamos ter oliveiras a produzir azeite ao fim de três anos, com um tempo médio de vida de dez anos – nem é preciso comparar com as magníficas oliveiras centenárias, de sequeiro, para perceber que este “óleo de aviário” não terá nada a ver com a qualidade do bom azeite alentejano, nomeadamente o da margem esquerda do Guadiana. Mas é certamente um grande negócio, que vem aproveitar a quota de produção de azeite disponível em Portugal e já esgotada em Espanha.

O “segredo” da produção intensiva não está só na rega gota-a-gota mas, sobretudo, nos fertilizantes, à semelhança das hormonas utilizadas na engorda rápida de animais. As consequências, ambientais e para a saúde humana, serão conhecidas talvez dentro de uma década, quando os proprietários tiverem de arrancar estas espécies para as substituírem ou passarem, por sua vez, a terra a patacos…

A nível de emprego, a Andaluzia utiliza mão-de-obra imigrante, sobretudo magrebina e por vezes ilegal – algo de semelhante ao que se passa hoje no perímetro de rega da barragem de Santa Clara, em Odemira, com búlgaros, ucranianos, moldavos, brasileiros e marroquinos.

Para termos, na envolvente de Alqueva, uma agricultura diversificada – com estufas, produções hortofrutícolas, floricultura, etc. – é preciso criar explorações de dimensão racional. Mas é preciso também que o Estado tenha a coragem de intervir, expropriando quem não quiser fazer regadio e criando um banco de terras para arrendamento a pequenos agricultores e a explorações familiares ou cooperativas. Neste sentido, é incontornável a reposição na Assembleia da República do projecto de lei de reestruturação fundiária apresentado, em 2001, pelo deputado Lino de Carvalho.

Alberto Matos

terça-feira, outubro 24, 2006

Várzea envia carta aberta ao Presidente da Câmara

Exmºs Senhores,

É com gosto que vos enviamos em Anexo uma Carta Aberta endereçada hoje ao Senhor Presidente da Câmara Municipal da Moita, Senhor Engº João Manuel de Jesus Lobo.

Nela, em substância, pedimos
Primeiro: que seja suspenso de imediato o Processo de Revisão do PDM da Moita e
Segundo: que o Senhor Presidente da Câmara aceite participar todo o Processo à Procuradoria-geral da República, para que nenhuma dúvida subsista no futuro sobre a ética e a transparência ou a menor ética e a menor transparência em que todo este Processo desde há 10 anos se desenrola.
De notar que o envio para o Senhor Presidente da Câmara foi o primeiro a seguir, apesar de a recolha de mais apoios e assinaturas de Munícipes ir continuar ainda nos próximos dias.
  • Pode consultar a carta aqui.

Exmºs Senhores,

Para ajudar à melhor compreensão desta matéria um pouco complexa, aceitem visitar os Jornais/Blogs abaixo, ou perguntar-nos por email todas as questões que vos ocorram.

Cordialmente
Moita, 23 Out 2006
Moradores e Proprietários
Brejos da Moita e Barra Cheia, na Várzea da Moita

visite Reserva Ecológica Aqui Não e Reserva Ecológica Nunca.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Reunião sobre o Plano Director Municipal

.

A Câmara Municipal vai realizar uma reunião com a população, no dia 23 de Outubro, às 17:30h, no Centro de Convívio dos Brejos.
Esta reunião destina-se a informar a população dos Brejos e da Barra Cheia sobre o ponto de situação da Revisão do Plano Director Municipal.
Ficamos à espera do resultado dessa reunião.
No dia 25 de Outubro a Câmara Municipal vai realizar uma reunião pública extraordinária, às 17:00h, no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
O Projecto de Revisão do Plano Director Municipal - Avaliação e ponderação da discussão pública é o único ponto na ordem de trabalhos.
Deve dar molhada, mas vamos aguardar.

Divulgação "Loja de Ideias"

.

O Clube «Loja de Ideias» convida a estar presente na sua iniciativa «Que reforma para o sistema eleitoral português? Mais seis propostas» que ocorrerá na Biblioteca-Museu República e Resistência (Rua Alberto de Sousa, 10-A à zona B do Rego) quarta-feira, dia 25 Outubro de 2006, pelas 21.00h.
No âmbito do ciclo sobre a «Reforma do Sistema Político Português», e apóster apresentado a proposta ganhadora da iniciativa do «Call for Papers» na Assembleia da República, o Clube «Loja de Ideias» apresenta a conferência«Que reforma para o sistema eleitoral português? Mais seis propostas».
No decurso do último ano o Clube «Loja de Ideias» promoveu um amplo debate sobre a reforma do sistema eleitoral para a Assembleia da República,culminando essa iniciativa com um concurso e um Call for papers que, após avaliação por um painel de ilustres académicos, seleccionou a proposta do Dr. Pedro Alves. Esta foi anunciada publicamente em Junho. Mais recentemente, fomos amavelmente recebidos pelos diversos grupos parlamentares, pelo Ministro dos Assuntos Parlamentares, Doutor AugustoSantos Silva; e pelo Presidente da Assembleia da República, Dr. Jaime Gama, a quem oferecemos os resultados e as conclusões desta nossa iniciativa. Este evento irá dar términos a este ciclo, e apresentar as restantes sugestões recebidas no âmbito do «Call for papers» sobre a reforma do sistema eleitoral para a Assembleia da República e tem como objectivo permitir que sejam expostos e discutidos os trabalhos. A iniciativa contará com a presença dos seguintes conferencistas:
Luís Botelho Ribeiro (proposta aqui)
António Alvim (proposta aqui)
Neves Castanho (proposta aqui)
José Bourdain (proposta aqui)
Luís Teixeira (proposta aqui)
Rui Valada (proposta aqui)

Moderador: Clube «Loja de Ideias»
Debate aberto ao público. O Clube «Loja de Ideias» é uma iniciativa não partidária e não ideológica e tem como objectivos contribuir para a construção de novos espaços de debatee intervenção política, fora dos círculos institucionais, visando uma melhor e oleada articulação entre a sociedade civil e a sociedade política e partidária. Em suma, interessa-nos a actividade cívica, articulada numa múltipla dimensão social, política e cultural, contribuindo para uma redefinição conceptual do Espaço da Cidade Contemporânea.

Contacto:José Reis Santos

Without Words

.
(foto jumento)

VAI TU!!!

sexta-feira, outubro 20, 2006

Em Pleno Sec. XXI

Photobucket - Video and Image Hosting


A República Islamica do Irão trata o adulterio como um delito castigado com a pena de morte por lapidação, violando o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, que garante o direito à vida e proibe a tortura. Pode estar na tua assinatura evitar que isso aconteça. Assina aqui.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Os Humanos Teatros

Apetece-me postar. Postar sobre postulados.Postar sobre a vida. Gostar da vida. Não ter medo da morte.Amar a arte. Arte do efémero, o teatro.Ficar preso na corrente. Prender-se! Atar os pulsos numa tensão nervosa.A pulsão de escrever. A pulsão de comunicar. Por isso ficar preso! Prender-se, refugiar-se num teatro, barricar-se. Rivalizamos com os Rivolis da nossa vida. Porque nos fazem morrer de inveja. Um teatro é bem mais bonito que nós! Um edifício galante, belo. Como a antiguidade pode ser bela! Já pensaram nisto? A beleza não é só para a juventude! É mais belo o Teatro Nacional Dona Maria II, ou o São João, ou o Tivoli, ou Rivoli, do que um CCB. É verdade! Fechar-se num teatro, conviver com ele, aprender com as suas memórias e histórias, faz todo o sentido. Temos muito a aprender com os teatros, podemos aprender muito nos teatros. Os teatros são sábios que não têm medo de falar sobre tudo aquilo que sabem, não são egoístas, são humanistas, acolhem-nos bem, desnudam-se, falam de si sem preconceitos.Apetece-me casar com um teatro, sei que ele me será sempre fiel, que não se irá embora, que me vai continuar a contar imensas estórias, nunca se farta de nós. Nós sim, por vezes fartamo-nos deles, não os vamos visitar, mesmo quando estão doentes, à beira da falência, ou quando alguém os agride. O Rivoli foi agredido, tem sido agredido. Há quem não goste dos teatros, há homens maus que os detestam, que os querem vender, dá-los a quem pode prostituí-los, vendê-los ao desbarato, lucrar com os teatros. Em vez de contar histórias, querem fazê-lo empresa, com gente ávida de dinheiro, de casa cheia de casacas bonitas e opulentas, mas de cabeças ocas, sujas, pequenas cabeças, grandes vestimentas. Investimentas, Investimos no amor, os teatros investem o seu amor aos homens, e não podem ser os homens a dar amor à força aos teatros. Que a relação parta sempre da beleza, da experiência de vida. Instalar-se confortavelmente num teatro, fazer dela a casa dos sonhos, faz parte de quem ama o teatro, os teatros. Quem trabalha muito, sua muito, para sonhar com aquele amor imposível, viver naquele teatro, nem que seja por breves momentos, mas de grande felicidade. Tenho tantos sonhos com o Rivoli, com os Teatros Nacionais, quero tanto viver com ele, contactar com a sua madeira, o seu soalho, as suas pedras, andar sobre ele, adormecer com ele, dormir com ele, acordar com ele, os teatros são o amor intenso dos artistas. Por isso eles dormem no Rivoli. Ele está agradecido, ele está feliz por lhe terem dado finalmente, a importância que devia ter sempre. Que tenhas uma vida longa Rivoli, que tenham todos vidas longas, que não os deixem levar para a prostituição, que façam aquilo que sempre fizeram e que mais amam: contar estórias aos homens sensíveis, abraçar o colectivo dos espectadores, num fraterno sorriso de felicidade!

Substitui AV's?

.

O pessoal do Alhos Vedros Ao Poder que se cuide, eh eh eh.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Referendo à I.V.G.

Photobucket - Video and Image Hosting

No dia 19 de Outubro (amanhã), a Assembleia da República irá discutir a proposta do PS de um novo referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas, a pedido da mulher, que quanto a mim devia simplesmente ser aprovado sem necessidade de referendo.
Portugal é o único país da União Europeia que persegue e julga as mulheres por terem realizado um aborto. 20 a 40 mil mulheres abortam por ano. Uma em cada seis portuguesas admite ter feito um aborto.
Em 2002, a Direcção Geral de Saúde registou 11089 internamentos por aborto, dos quais só 675 foram feitos no quadro da lei. Em 2003, o aborto clandestino levou uma média de três mulheres por dia aos hospitais.
O aborto é a segunda causa de morte materna em todo o mundo e a primeira em mães adolescentes.
É bem sabido que não há contracepção totalmente eficaz e à prova de erros, e que por isso uma gravidez não desejada pode sempre ocorrer. Por outro lado, no campo das escolhas reprodutivas há factores afectivos e sociais bivalentes que tornam difícil o uso da contracepção.
Por outro lado, a lei actualmente existente não previne o aborto clandestino, antes acarreta para as mulheres que optam pela interrupção voluntária da gravidez danos físicos de abortos feitos em condições clandestinas e deficientes em termos de saúde, mas também danos psicológicos agravados pela criminalização do acto praticado.
Nos últimos anos os julgamentos de mulheres acusadas da prática de crimes de aborto (na Maia, Aveiro, Setúbal e Lisboa) transformaram em realidade o que os movimentos anti-escolha diziam em 1998 ser impossível. De acordo com os dados disponibilizados pelo Ministério da Justiça, desde 1998 até 2003, registaram-se em Portugal 30 julgamentos pela prática de crime de aborto. No mesmo período, de acordo com a mesma fonte foi registada a ocorrência de 197 crimes contra a vida intra-uterina.
Manter em vigor uma lei que arrasta as mulheres para as redes da clandestinidade e insegurança, marcando de forma dramática as de menores recursos económicos que se sujeitam a formas quase artesanais de intervenção, reflecte uma falta de sensibilidade social e uma forma desumana de enfrentar este grave problema.
Está na hora de quebrar os preconceitos morais persecutórios e de deixar de recorrer à invocação de um princípio religioso, a que Frei Bento Domingues chamou “o tapa buracos da ignorância humana”, e é por isso tempo de procurar soluções efectivas e concretas. Não basta a indignação perante os julgamentos de mulheres pelo facto de terem abortado, porque essas situações continuarão a existir enquanto a lei em vigor não for alterada.

terça-feira, outubro 17, 2006

Divulgue-se

Divulgação obrigatória nos termos do DL 01/501 do Sec. V(a/c) (Decreto de Péricles)
CARTA ABERTA AO ENGENHEIRO
JOSÉ SÓCRATES
Esta é a terceira carta que lhe dirijo. As duas primeiras motivadas por um convite que formulou mas não honrou, ficaram descortesmente sem resposta. A forma escolhida para a presente é obviamente retórica e assenta NUM DIREITO QUE O SENHOR AINDA NÃO ELIMINOU: o de manifestar publicamente indignação perante a mentira e as opções injustas e erradas da governação.
Por acção e omissão, o Senhor deu uma boa achega à ideia, que ultimamente ganhou forma na sociedade portuguesa, segundo a qual os funcionários públicos seriam os responsáveis primeiros pelo descalabro das contas do Estado e pelos malefícios da nossa economia. Sendo a administração pública a própria imagem do Estado junto do cidadão comum, é quase masoquista o seu comportamento.

Desminta, se puder, o que passo a afirmar:
1.º Do Statics in Focus n.º 41/2004, produzido pelo departamento oficial de estatísticas da União Europeia, retira-se que a despesa portuguesa com os salários e benefícios sociais dos funcionários públicos é inferior à mesma despesa média dos restantes países da Zona Euro.

2.º Outra publicação da Comissão Europeia, L´Emploi en Europe 2003, permite comparar a percentagem dos empregados do Estado em relação à totalidade dos empregados de cada país da Europa dos 12. E o que vemos? Que em média nessa Europa 25,6 por cento dos empregados são empregados do Estado, enquanto em Portugal essa percentagem é de apenas 18 por cento. Ou seja, a mais baixa dos 12 países, com excepção da Espanha.
As ricas Dinamarca e Suécia têm quase o dobro, respectivamente 32 e 32,6 por cento. Se fosse directa a relação entre o peso da administração pública e o défice, como estaria o défice destes dois países?

3º. Um dos slogans mais usados é do peso das despesas da saúde. A insuspeita OCDE diz que na Europa dos 15 o gasto médio por habitante é de 1458. Em Portugal esse gasto é ... 758. Todos os restantes países, com excepção da Grécia, gastam mais que nós. A França 2730, a Austria 2139, a Irlanda 1688, a Finlândia 1539, a Dinamarca 1799, etc.

Com o anterior não pretendo dizer que a administração pública é um poço de virtudes. Não é. Presta serviços que não justificam o dinheiro que consome. Particularmente na saúde, na educação e na justiça. É um santuário de burocracia, de ineficiência e de ineficácia. Mas infelizmente os mesmos paradigmas são transferíveis para o sector privado. Donde a questão não reside no maniqueísmo em que o Senhor e o seu ministro das Finanças caíram, lançando um perigoso anátema sobre o funcionalismo público. A questão reside em corrigir o que está mal, seja público, seja privado. A questão reside em fazer escolhas acertadas. O Senhor optou pelas piores. De entre muitas razões que o espaço não permite, deixe-me que lhe aponte duas:

1.º Sobre o sistema de reformas dos funcionários públicos têm-se dito barbaridades . Como é sabido, a taxa social sobre os salários cifra-se em 34,75 por cento (11 por cento pagos pelo trabalhador, 23,75 por cento pagos pelo patrão ).
OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS PAGAM OS SEUS 11 POR CENTO. Mas O SEU PATRÃO ESTADO NÃO ENTREGA MENSALMENTE À CAIXA GERAL DE APOSENTAÇÕES, COMO LHE COMPETIA E EXIGE AOS DEMAIS EMPREGADORES , os seus 23,75 por cento. E é assim que as "transferências" orçamentais assumem perante a opinião pública não esclarecida o odioso de serem formas de sugar os dinheiros públicos.
Por outro lado, todos os funcionários públicos que entraram ao serviço em Setembro de 1993 já verão a sua reforma ser calculada segundo os critérios aplicados aos restantes portugueses. Estamos a falar de quase metade dos activos. E o sistema estabilizará nessa base em pouco mais de uma década.
Mas o seu pior erro, Senhor Engenheiro, foi ter escolhido para artífice das iniquidades que subjazem á sua política o ministro Campos e Cunha, que não teve pruridos políticos, morais ou éticos por acumular aos seus 7.000 Euros de salário, os 8.000 de uma reforma conseguida aos 49 anos de idade e com 6 anos de serviço. E com a agravante de a obscena decisão legal que a suporta ter origem numa proposta de um colégio de que o próprio fazia parte.

2.º Quando escolheu aumentar os impostos, viu o défice e ignorou a economia. Foi ao arrepio do que se passa na Europa. A Finlândia dos seus encantos , baixou-os em 4 pontos percentuais, a Suécia em 3,3 e a Alemanha em 3,2.

3º Por outro lado, fala em austeridade de cátedra, e é apologista juntamente com o presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, da implosão de uma torre ( Prédio Coutinho ) onde vivem mais de 300 pessoas. Quanto vão custar essas indemnizações, mais a indemnização milionária que pede o arquitecto que a construiu, além do derrube em si?

4º Por que não defende V. Exa a mesma implosão de uma outra torre, na Covilhã ( ver ' Correio da Manhã ' de 17/10/2005 ) , em tempos defendida pela Câmara, e que agora já não vai abaixo? Será porque o autor do projecto é o Arquitecto Fernando Pinto de Sousa, por acaso pai do Senhor Engenheiro, Primeiro Ministro deste país?

Por que não optou por cobrar os 3,2 mil milhões de Euros que as empresas privadas devem à Segurança Social ?
Por que não pôs em prática um plano para fazer a execução das dívidas fiscais pendentes nos tribunais Tributários e que somam 20 mil milhões de Euros ?
Por que não actuou do lado dos benefícios fiscais que em 2004 significaram 1.000 milhões de Euros ?
Por que não modificou o quadro legal que permite aos bancos, que duplicaram lucros em época recessiva, pagar apenas 13 por cento de impostos ?
Por que não renovou a famigerada Reserva Fiscal de Investimento que permitiu à PT não pagar impostos pelos prejuízos que teve no Brasil, o que, por junto, representará cerca de 6.500 milhões de Euros de receita perdida ?
A Verdade e a Coragem foram atributos que Vossa Excelência invocou para se diferenciar dos seus opositores.
QUANDO SUBIU OS IMPOSTOS, QUE PERANTE MILHÕES DE PORTUGUESES GARANTIU QUE NÃO SUBIRIA, FICÁMOS TODOS ESCLARECIDOS SOBRE A SUA VERDADE.
QUANDO ELEGEU OS DESEMPREGADOS , OS REFORMADOS E OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS COMO PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE COMBATE AO DÉFICE, PERCEBEMOS DE QUE TEOR É A SUA CORAGEM.

Santana Castilho (Professor Ensino Superior)

sexta-feira, outubro 13, 2006

Utopias Inimitáveis

Frágeis recordações
Militância Consumida
Os desvarios da juventude
E a dura droga da ausência

Palmilhámos os azuis celestes
A onírica causalidade do infinito
Os estertores da monotonia
Na solene fuga das prisões

Triunfos e inglórias teses
Paroxismos e anagramas
O epitélio das paixões urbanas
na senda triste do limite periférico

Encontros e perspectivas
nas diáfanas torrentes
nas balaustradas da morte
O vazio, o Eco original

As centelhas de génio
nas melífluas medusas
do alto mar, com as urticantes
membranas do devir afectuoso

Caudaloso naufrágio
de emoções, enseada
abrupta e rumorejante
Os painéis pintados de dor

Frugal indecência
do maremoto infiel
Postigos ausentes
na enxurrada de ideias

Oxímoros prestáveis
às autistas recordações
Passeando o desejo
pela brisa da tarde

O Ocaso frenético
O Frenesi inusitado
Prescrição assintomática
sem causa nem cura

Remédios do medo
modesto silvo
de inocência perdida
no altar-mor da saudade!

Forum Social Português 2006

No Forum Social Português trocam-se experiencias, criam-se alternativas, discutem-se e põem-se em prática ideias de todas as associações, movimentos e pessoas. Tod@s são bem vindos e participam em igualdade. Mais informação aqui.

"Um Outro Portugal e Um Outro Mundo São Possíveis"

terça-feira, outubro 10, 2006

5 e 12 de Outubro

.
No seu primeiro discurso como Presidente da República, nas comemorações do 5 Outubro, Cavaco Silva invocou a “ética republicana” e apontou baterias à corrupção, qual mancha de óleo que vem alastrando a partir dos círculos poderosos e que, por isso mesmo, gozam de uma quase absoluta impunidade. O tema é oportuno mas a abordagem foi limitada, ao responsabilizar os agentes do Estado, e em particular as autarquias, por um combate que tem de envolver toda a sociedade. Desde logo, a corrupção surge associada ao crime económico e a fenómenos como a evasão e fraude fiscal – vide zona franca da Madeira e casos recentes de reembolsos indevidos de IVA “em carrossel”. Curiosamente, porém, o “pacto da justiça” entre PS e PSD, apadrinhado por Cavaco Silva, ignorou o combate à corrupção e ao crime económico.

Quanto ao regabofe fiscal, que continua a ter no sigilo bancário a sua “alma mater”, ele radica nas reformas introduzidas durante o consulado cavaquista – o chamado “Estado laranja” – num período de entrada maciça de fundos comunitários, em que o país assistiu a uma espiral de escândalos e a evasão fiscal bateu todos os recordes. Quando aponta – e bem – o dedo à corrupção, o Presidente Cavaco Silva está a mirar-se ao espelho do antigo primeiro-ministro Cavaco Silva; nesta e noutras matérias, incluindo a exclusão na interioridade ou em meio urbano que, hoje mesmo, serve de mote a mais uma etapa do roteiro cavaquista. O que não é inédito: vem-me à memória uma “Presidência Aberta” de Mário Soares sobre a exclusão social na Grande Lisboa, em 1993, que motivou o PER – plano especial de realojamento, destinado a erradicar as barracas, ainda hoje inacabado.

A nível do aparelho de Estado, o combate à corrupção não se resume ás autarquias: é muito recente a investigação a subornos milionários incluídos no preço de armas vendidas à Marinha, um sector aparentemente insuspeito; e há também reclamações e denúncias sobre os concursos para a compra de blindados, helicópteros e outros produtos “de primeira necessidade” num país marcado pela obsessão do défice, sem esquecer o caso dos sobreiros de Benavente, etc., etc...

As autarquias não podem ser, portanto, o bode expiatório da corrupção. Até famoso “triângulo dourado” construção civil – futebol – e um certo poder autárquico tem, com é óbvio, três vértices... Deixando de lado os notáveis do “Apito Dourado”, entre os quais figuram apoiantes indefectíveis de Cavaco Silva, importa quebrar a dependência do poder autárquico em relação à construção civil, responsável pela betonização das nossas cidades e por crimes urbanísticos e ambientais em série. Infelizmente, a proposta de lei das finanças locais não vai neste sentido pois, ao estrangular as autarquias, coloca-as ainda mais nas mãos da construção civil. O PR tem aí uma oportunidade de exercer a sua “magistratura de influência” mas, a julgar pelo discurso do 5 de Outubro, apontando o dedo às autarquias, parece que a coabitação Cavaco-Sócrates continua de vento em popa…

Este 5 de Outubro, comemorado como o Dia Mundial do Professor, ficou marcado por outro acontecimento histórico: a maior manifestação de professores e educadores de que há memória em Portugal, unindo mais de uma dúzia de sindicatos, da FENPROF à FNE., na qual foi anunciada uma greve de dois dias para 17 e 18 de Outubro. Esta unanimidade deveria fazer reflectir o governo, pois o empenhamento dos professores é indispensável ao êxito do processo educativo e a chave para a modernização do país. A resposta veio pela boca de uma ministra mal-educada, insinuando que os professores “não sabiam ler” a sua proposta de Estatuto da Carreira Docente. Num país civilizado, tal bastaria para a sua demissão imediata de um cargo para o qual não tem manifesta vocação. Em Portugal, porém, ela tem a solidariedade do primeiro-ministro e já foi elogiada pelo PR…

Esta semana de um Outono que se anuncia “quente” no plano social, vai ainda ser palco de dois acontecimentos importantes: o Protesto Geral de 12 de Outubro, convocado pela CGTP e o Fórum Social Português, a 13, 14 e 15 de Outubro, em Almada. Face a um poder que usa e abusa da velha máxima “dividir para reinar” – funcionários públicos contra outros trabalhadores, profissões contra profissões, desempregados contra imigrantes, novos contra os mais velhos… – urge erguer este Protesto Geral: TODOS JUNTOS PELA LUTA TODA e contra o neoliberalismo, confiantes de que OUTRO MUNDO É POSSÍVEL, imperioso e urgente!

Alberto Matos

segunda-feira, outubro 09, 2006

Notícias de Brasília

.
Divulgação de e-mail do artista "Paineleiro" cá da zona, chegado à nossa caixa de correio. Fica um abraço para ele, (não façam confusão com o personagem desfocado, isso é outra folha de obra...):

Caros Amigos,
A crónica dos acontecimentos da minha Exposição de HQ/BD em Azulejos, em Brasília, já está no Escudo, a minha página oficial de destaques da Azulejaria Artística Guerreiro.
A grande quantidade de informação sobre este evento, que aconteceu em Brasília no Museu de Arte de Brasília, mas também em Pirenópolis, pequena cidade a 160 Km de distância do Distrito Federal, fizeram que eu sentisse a necessidade de criar um Blog, http://azulejariaartisticaguerreiro.blogspot.com/ para Notícias da AAG e também para inserir os Vídeos da AAG, que são dois por enquanto, a entrevista que eu dei à Rádio Nacional de Brasília e o vídeo da inauguração da Exposição, no dia 2 de Agosto no MAB.
Este Blog será actualizado assim que se justificar, mais ou menos uma vez por mês, e quero inserir outros vídeos de divulgação do trabalho da AAG, que já conta 17 anos de trabalho ininterrupto, apesar de todas as dificuldades sentidas por uma oficina que quer manter a qualidade da Azulejaria Tradicional Portuguesa.
"As Aventuras de Jerílio no séc. 25" foi a exposição de HQ/BD em Azulejos que apresentei em Brasília no MAB, fizeram com que começasse a Aventura de Luís Cruz Guerreiro para que ela se tornasse possível...
O Blog Notícias AAG News é um suplemento do Escudo e não deve ser lido separadamente, tem um slide show depois do título, que mostra as fotos de Brasília e Pirenópolis, mas que irá mudar conforme as notícias mudem.
O Jornal "O RIO" publicou a notícia da Exposição com destaque na sua edição # 203 e aproveito para agradecer o apoio às Artes que o Sr. Brito Apolónia tem desde sempre mantido no seu jornal, que é afinal de nós todos.
A página ALBUNS continua a publicar os cromos de Azulejos "Os Barcos d'O RIO" e o nº 10 de 16, já está disponível para os colecionadores virtuais.

Esperando que não os tenha maçado muito, despeço-me com amizade.

Luís Cruz Guerreiro

Estás à vontade, não maças nada porque isto tem andado sem grande movimento e sem tempo para a escrita.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Garage... é no Barreiro!

.


O cartaz do Barreiro Rocks deste ano fala por si, não precisa de apresentações.
De volta ao G. D. Ferroviários, com prolongamento (e grandes penalidades) na Carvoaria, este festival de garage deve estar entre os melhores da Europa.
A não perder!
Podem encontrar toda a informação necessária aqui.

Rugosas Protuberâncias

Escandido.
O ferro!

Aplauso no terceiro balcão!

Entre o riso e a lágrima,
a leve dor, a inocência

O amado(r) fruto da leviandade

Escandir o desejo!

Tergiversar por aí.
Paladinas ausências
Rumorejar de marés.

Inolvidado solo
em mi bemol maior

Faustosa sala
dos encardidos tectos

Faunos e Cromeleques.
Proto-história operática

Inusitadas crepitações
Rugosas protuberâncias

Circunflexas áreas
do devir afectuoso

Quinto acto
mentes cristalinas

Barrocas e intempestivas
preces da afabulação

Complacentes viagens
nas bambolinas régias

Ocaso visceral
Fecha-se o pano

No salão nobre
o vison

a visão polifónica

o ouvido metafísico

o paladar metateatral

o olfacto policromático

Tacteio a breve espuma
dos dias negros de paz
no limbo dos diáfanos
rostos solitários.

terça-feira, outubro 03, 2006

Pirogas do Senegal

.
Teve hoje início em Lisboa a 11.ª Conferência Internacional Metropolis, a maior conferência anual sobre migrações que se realiza, pela primeira vez, em Portugal. É um momento importante de reflexão global sobre um tema de grande expressão mediática nas últimas décadas mas, afinal, tão velho como a história da humanidade – em certo sentido, esta confunde-se com a das migrações. Por ironia elas terão tido início em África, em tempos remotos duma nossa longínqua antepassada, baptizada de Lucy pelos cientistas. Assim titulava, com razão, um jornal de imigrantes de língua russa: “Se as migrações acabassem, o mundo parava”.

Esta Conferência foi aberta por uma intervenção do professor Jorge Gaspar, do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, cujo prestígio académico e sentido humanista me habituei a respeitar. Jorge Gaspar defende a tese de que os fluxos migratórios se dão, hoje, sobretudo entre cidades, salientando as vantagens daí advindas e a maior facilidade de integração nas sociedades de acolhimento. Por exemplo, o convívio de milhares de africanos na baixa lisboeta deu uma nova vida a um centro urbano em acelerada decadência. “Os imigrantes de Angola ou do Brasil já passaram primeiro por cidades nos seus países de origem, alguns até já nasceram em Luanda ou Belo Horizonte”. E podemos estender o raciocínio a cidades como Kiev, Bucareste ou Moscovo.

Reconheço a pertinência desta tese, se ela não for caricaturada como uma espécie de “passeio turístico entre cidades”; até porque continua a haver imigrantes que transitam directamente da interioridade camponesa para grandes metrópoles europeias ou norte-americanas. Em qualquer dos casos, esta transição é tudo menos um passeio turístico e evoca mais a história trágico-marítima.

Refiro-me à imigração massiva de África para a Europa: desde Janeiro deste ano desembarcaram, só nas Canárias, mais de 25 milhares de seres humanos dispostos a arriscar tudo, até a própria vida. Esta viagem de rumo incerto pode acabar em naufrágio, no regresso ao ponto de partida (se fossem interceptados) ou mesmo no Brasil – aconteceu a uma jangada que andou dois meses à deriva no Atlântico, cheia de gente que morreu desidratada e mais esfomeada ainda do que em casa.

As causas são conhecidas: a globalização neoliberal concentra a finança num pólo e lança milhões de seres humanos na pobreza e na exclusão mais absolutas; o proteccionismo, nomeadamente dos EUA e da Europa, gera toneladas de excedentes agrícolas, ao mesmo tempo que arruína economias baseadas na agricultura de subsistência; as pretensas ajudas ao desenvolvimento são ineficazes para fixar em África os seus filhos mais aptos e que se tornam, por isso mesmo, os primeiros candidatos à emigração. Numa perspectiva imediata, este drama humano é resultado directo dos obstáculos à imigração legal: além de todo o calvário burocrático, um visto de trabalho para a Europa custa, no Senegal, 3 milhões de francos CFA – cerca de 4500 euros, uma quantia astronómica para quem mal sobrevive. Ora o “bilhete” numa piroga custa, no máximo, 600 euros. Está tudo dito…

Infelizmente, a Europa continua a enterrar a cabeça na areia ou a pensar que pode tapar o sol com uma peneira, com o simples reforço dos meios de vigilância. Não pode. Há um ano, milhares de imigrantes tentaram saltar os muros de Ceuta e Melilla e centenas conseguiram-no; depois os muros subiram de 6 para 8 metros. Obviamente, eles continuam a saltar e sobreveio “a invasão marítima”: apenas 2379 imigrantes (menos de 10%), em 40 embarcações, foram interceptados na operação Frontex. Curiosamente, a corveta portuguesa Baptista de Andrade não encontrou ninguém nos mares de Cabo Verde. Êxito a 100%... ou hoje até as pirogas têm GPS?

Estamos em pleno reino da hipocrisia: segundo a denúncia dum sindicato espanhol de polícia, milhares de imigrantes foram levados das Canárias para o continente, largados junto a estações de comboio e “aconselhados a sair do país”. A velha Europa, que precisa dos imigrantes como de pão para a boca, prefere entregá-los às máfias do transporte e do trabalho ilegal.

Pior: em recente reunião dos países do Sul, Sarkozy, sinistro francês do Interior, criticou a Espanha e propôs um “pacto europeu” que proíba os processos de regularização de clandestinos. Resta saber que efeitos terão estas pressões de extrema-direita sobre o governo português no que toca à nova Lei de Imigração, mil vezes anunciada, mas que continua a aguardar vez no parlamento…


Alberto Matos