Uma Discussão
Indecente
Entre os deputados do PS e do PSD e o 1º Ministro, não ouvi uma discussão sobre o Orçamento de Estado, nem tão pouco sobre a crise que me toca. Ouvi sim, a uma discussão abjecta e demasiadamente óbvia, traduzindo o apêgo de uns e o obcessivo desejo de outros pelo poder.
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Com tanta charada e insultos entre Deputados do PS e PSD, mais o 1ºMinistro, o país ficou perante duas inevitabilidades: a primeira é aceitarmos todos os sacrifícios que nos impôem sem reagirmos, a ficarmos de cócoras "a bem da nação"; a segunda é a certeza, a certezíssima que injectam, de a única escolha possível em próximas eleições, recair outra vez no PS ou no PSD.
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Chocou-me particularmente a referência à coragem política pelas medidas gravosas no Orçamento, a par da traição, da desistência do pensamento económico dominante em explicar a crise, como se ela fosse o resultado de elementos transcendentais e não de algo intrinsecamente ligado ao funcionamento do sistema.
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Desde há décadas que a maioria dos políticos europeus se instalaram na alternância classista das afeiçoadas democracias, resvalando pelo excesso do seu bembom, para o laxismo, a bandalheira e a corrupção, percebendo-se assim que a União Europeia no presente não só não está preparada para estes embates, como arrisca a diversões politicas susceptíveis de porem em causa o processo democrático nos respectivos Estados membros.
O que é que fazem tantos experts, eleitos e não eleitos
em Bruxelas e Estrasburgo ?
As Instituições Europeias por "estúpido optimismo" não registaram os efeitos das sucessivas crises que se repetem desde há décadas, chegando ao ponto de só em 2008 se ocuparem levemente da crise do subprime, quando esta já tinha iniciado em 2006, exactamente na sucessão de inúmeras crises desde Bretton Woods (1971) e das crises petrolíferas dos anos 70, de que são exemplo as crises da Indonésia, Singapura, Japão, Rússia, México, Brasil, Argentina, Etiópia e os Estados Unidos no crach bolsista em 1985 e em 2001 - esqueceram-se os experts do bembom e entusiastas da globalização, que a terra é redonda, ficando a supor que a Europa estaria imune a tais confusões, considerando impensável no século XXI irromper uma crise comparável à de 1929/1931.
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Em resultado disto e após as injecções financeiras dos Estados Membros nos bancos, para obstar ao dito risco sistémico, a U.Europeia perdeu em dois anos, vinte anos de consolidação orçamental a par da obcessão de crescimento ter ficado reduzida a metade, os déficits dos EM estão a 7 a 8% e mais, a dívida externa acima dos 80%, mais os 23 milhões de desempregados.
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Mesmo assim, a maioria dos políticos eleitos, persistem nas mesmas soluções, ou seja na capitulação perante a chantagem ou até alguma estratégia de poder, por parte do capital financeiro.
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Por tudo isto, é importante que na próxima revisão Constitucional, seja inscrito com limite material, a proibição da escravatura. Pois com esta U.E. e o PS - PSD&Cavaco, já nada me admira.