Ao consultar alguns estudos, estatísticas e diversos quadros, encontro indíces que atestam os conceitos de desenvolvimento e qualidade de vida, muito abaixo do desejável.
Por mais subjectivos que sejam os métodos de avaliação, o facto é que os mesmos avaliam também os demais concelhos da Área Metropolitana de Lisboa.
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Com a tendência crescente de concelho dormitório, pela fraca actividade económica residente, onde não se manifesta qualquer evolução sensível no número de empresas desde 2001, sendo nesta vertente em 2011 o concelho pior colocado na região. Acresce uma situação social marcada, por ser onde a aplicação do Rendimento Social de Inserção é o mais elevado, como também apresenta o menor indice de poder de compra da AML. (dados de 2011)
Estes factos, para os autarcas que criticaram os opositores ao PDM, acusando-os de boicotarem o desenvolvimento do concelho, deviam de pesar para uma longa reflexão e balanço, para perceberem onde começa e acaba as responsabilidades municipais pela actual situação do concelho. Isto sem ter a ousadia de responsabilizar os autarcas eleitos pela actual situação social, e ainda menos pela negativa dinâmica da economia no concelho.
Mas existem responsabilidades dos autarcas. Basta recuar duas décadas e meia para recordarmos a obcessão imobiliária de então no concelho, a par do entusiamo com os projectos apoiados pela CEE. Isto numa época marcada pela disbunda Cavaquista, prosseguida pelos governos que lhe sucederam.
No concelho da Moita, os autarcas deslumbrados transmitiam os seus desejos aos munícipes. Sonhavam com piscinas, uma ETAR, campos de futebol relvados, pavilhões gimnodesportivos, cortes de ténis, muitas outras infraestruturas e até um espelho de água.
Foram poucos os que então desconfiaram de tantos sonhos, pois muitos não seriam realizados, alguns porque a têta acabaria por secar, e outros porque nem sequer deveriam ter sonhado, como a estupidez do espelho de água. É verdade que existe obra feita, alguma até assente em bons negócios,(...) como foi o caso do Fórum da Baixa da Banheira, a Cova Funda e a gasolineira, as pontes, as rotundas e o Quartel dos Bombeiros, entre outros, sempre aprovados por unanimidade. A CDU na época teve sempre a oposição à sua conta, era a época do deslumbramento, ninguém queria ficar de fora dos brilharêtes.
Era tão fácil gerir naquela época, o difícil era fazer diferente - nesses anos num encontro distrital de autarcas da CDU em Palmela. Um membro da Comissão Política do PCP, na sua intervenção a dada altura disse, ... da nossa parte já existem práticas na gestão autárquica, que não nos diferenciam dos outros... lembro-me que não teve grandes aplausos.
O deslumbramento pela CEE e a obcessão imobiliária, o descontrolo de então, explicam os 22 milhões de dívida deste munícipio, com apenas 30 milhões de orçamento anual.
Até a ETAR, obra das mais importantes que se realizaram na ultima década, acabou por começar a ser paga pelos munícipes na conta da água, muito tempo antes de ser inaugurada e de estar ao serviço.
É por tudo isto que considero que o Concelho da Moita está vulnerável. Pois não me sai da cabeça a hipótese de a curto prazo aparecer por aí mais uma Reforma Administrativa, a pretender dividir este concelho entre as duas cidades mais próximas.