Coisas de Gente que Trabalha...

A DEMOLIÇÃO DO DIQUE

É a maior e mais importante obra,

que nos últimos 20 anos

se verifica na Moita.

Pertenço aos ultimos que fizeram a 4ª Classe na Escola Conde Ferreira, onde hoje sobra o Largo com o mesmo nome. Fiquei e ainda hoje salta a tristeza por ter observado a destruição daquele edificio e do maravilhoso jardim que o envolvia. Para os que não conheceram, era um espaço pequeno onde existiam árvores possantes e frondosas a servir de cobertura a uma enorme diversidade de plantas, ali arrumadas e bem tratadas por um Jardineiro Alentejano, que sabendo do assunto, o guardava como se policia fosse. Era um pequeno mas autêntico jardim botânico. Tinha um muro à volta já a degradar-se, de onde já tinham retirado a cercadura de ferro forjado e os portões - que ainda existem, mas a cercar a Quinta de um dos então donos da Moita.

Também observei pela vila à retirada de candeeiros, obras de arte da antiga metalurgia a serem trocados por autênticos matacões, isto enquanto ainda hoje encontro iguais em Tomar, Cinfães, Vila Real e em outras localidades do país.

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Com estas e outras coisas que os mais velhos e ainda vivos me contam, a lista das estúpidas destruições na nossa terra não só vai longa, como suscita-nos vergonha.

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Ainda hoje me lembro da raiva que senti, quando num Domingo de manhã fui ao Cais e o guindaste tinha desaparecido.

Foram decisões apenas do tempo da ditadura, pois que durante a mesma em outras localidades não faltou quem decidiu de outro jeito, podendo-se hoje até dizer: - Porra! que por cá até tivemos azar com os fascistas nomeados para gerir a edilidade.

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Já a demolição do dique, que uns alarves decidiram construir à revelia dos pareceres de técnicos competentes e de moitenses com algum saber, é uma obra necessária, pois não só acaba com a autêntica fossa de trampa em que este braço do estuário se transformou, como pela prevista reposição da porta de água, irá permitir a prazo a navegabilidade que tantos anseiam.

A demolição do dique, é assim a única destruição que nesta Vila merece louvor, é de facto uma grande obra - decisão só possível, porque vivemos em democracia.