terça-feira, julho 10, 2007

Opinião - o Livro Branco das Relações Laborais e os Sindicalistas

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Artigo de opinião recebido na caixa de correio electrónico do Arre Macho (Mule Express). Passo a transcrever o dito:

Bastante se tem falado do Livro Branco das Relações Laborais sobre o qual se escreve muito, pouco ou bem, vindo de todas as orientações político-partidárias e sindicais.

Entre todas as opiniões que tenho ouvido e lido existe uma que me deixou particularmente preocupado, a qual poderá ter consequências entre os trabalhadores que decidiram travar uma luta feroz na greve geral de 2002, pois contraria tudo o que os levou a aderir à greve geral de 2002.

A opinião que tive a oportunidade de ouvir, de alguns experientes dirigentes sindicais, que transmitem aos representantes dos trabalhadores a preocupação de defender o actual código de trabalho porque dizem que aquele que vier será muito pior do que o temos, sobre isso não duvido, deixa-me tremendamente preocupado porque fui dos que lutaram em 2002, tal como os trabalhadores que represento , para derrotar o código de trabalho de então, proposto pelo ex Ministro Bagão Felix.

Recordo que na altura do actual código de trabalho, o qual o PS, o PCP e BE votaram contra, assim como a CGTP repudiou bem como os trabalhadores que lutaram contra ele, nos quais se incluíram os dirigentes sindicais que agora dizem que o devemos defender, é de uma estratégia completamente errada com a qual não posso de forma nenhuma concordar, bem como os trabalhadores que represento que se sentiriam ainda mais fragilizados e defraudados com a luta travada então que teve uma adesão por partes dos trabalhadores da empresa que represento na ordem dos 90% sendo na data os trabalhadores mobilizados e esclarecidos pela Comissão de Trabalhadores.

Quando falo com os trabalhadores dizem-me que temos de rejeitar todas as alternativas que se apresentem e lutar para que reponham o que nos tiraram a partir de 2003, com a entrada em vigor do actual código de trabalho, que não nos trouxe mais e melhor emprego como alguns defendiam que viriamos a ter, mas sim menos direitos, o mesmo poderá acontecer com estas propostas para uma revisão do Código de Trabalho que muito sugere para que de tanta sugestão alguma coisa fique para nos prejudicar tal como aconteceu em 2003.

Devemos manter uma postura que demonstre que o tipo de política laboral que se tem tentado impôr no nosso País não serve os trabalhadores nem as empresas.
Para derrotar o que nos querem tentar impôr tem de ser dado mais espaço de intervenção aos representantes dos trabalhadores que se encontram no interior das empresas, temos de pressionar para que as Centrais Sindicais nos oiçam e colaborem mais conosco.

Antes da greve geral de 30 de Maio de 2007, tive oportunidade de dizer em várias reuniões de organizações representativas dos trabalhadores (Ort's) que o momento para a greve e os temas que para ela contribuíam não seriam o mais correcto, mas não foi por isso que deixei de aderir e esforçar-me com os trabalhadores e Ort's para o seu sucesso, tendo mesmo convidado o secretário geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva e o João Paulo do Conselho Nacional da CGTP a realizarem plenários, conjuntamente com a CT na empresa que represento, para que os trabalhadores se sentissem melhor esclarecidos sobre os motivos da greve geral , o que aconteceu mas não chegou para os mobilizar, tivemos uma adesão de 30%.

Penso que só com a participação dos representantes dos trabalhadores, que trabalham nas empresas, tornaremos os sindicatos mais fortes deixando que façam ouvir a voz dos trabalhadores em vez de qualquer força partidária.

Daniel Bernardino
Coordenador da Comissão de Trabalhadores da Faurecia
Parque Industrial Autoeuropa

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