Foi há 50 anos...

Cavaco Silva ao assinalar os cinquenta anos do início da Guerra Colonial, disse: "Importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do país com a mesma coragem, o mesmo desprendimento e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na Guerra do Ultramar."

Cavaco Silva é Presidente da República Portuguesa, mas ainda não percebeu ou não aceitou, que Portugal após mais de 400 anos, só retomou a sua nacionalidade em 25 de Abril de 1974, ao conquistar a liberdade e ao acordar a liberdade e a independência dos povos das colónias.

Tal distorção leva-o a confundir "alhos com cebolas". Naquele tempo, só o obscurantismo sustentado no medo, na desinformação e na ignorância, explica a facilidade com que enviaram mais de cento e cinquenta mil jovens para as colónias - falar de coragem, desprendimento e determinação em circunstâncias em que todos estavam obrigados por uma disciplina imposta pelo regime fascista, extrapolando para o presente, é um exercício macabro. Esquece o sofrimento dos próprios e das familias perante a noticia da mobilização, da impotência perante o poder absoluto.

Sem dúvida que em cenário de guerra não faltou coragem, desprendimento e determinação, mas há noticia da liberdade, foram grandes os festejos e com eles a determinação pela paz.

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Mobilizar os jovens de hoje obriga a dar-lhes a conhecer a verdade, verdade liberta de tabus, que no caso da presença colonial portuguesa em comparação com a de outros países europeus, nos coloca distantes da carga desumana das suas práticas - mesmo em tempo de guerra, da presença militar portuguesa, apesar de tudo, da guerra, não se encontram muitos registos macabros e hediondos, como em outros impérios coloniais de então. Também isto deve de contar para a nossa identidade, porventura o maior valor a retirar daquela absurda guerra.

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Cavaco Silva não pensou, nem pensa neste sentido, não tem sensibilidade para isso.