Ao propor ontem desanuviar com fotos de Lisboa do século passado e até uma do XIX, propuseram-me que abrisse a pestana a propósito das eleições da CT da Auto-Europa.
A propósito, peço aos visitantes que leiam o respectivo comentário, que apenas por algum respeito merece uma respostazita.
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Na gestão de "recursos humanos" em grandes empresas, nomeadamente multinacionais, o abc patronal adoptado desde há décadas sempre foi o fordista, logo não entendo a referência - ainda a Auto Europa estava com os primeiros trabalhadores em Formação na antiga Barreiros (Setúbal) e primeiros sindicalizados, já era caracterização assumida.
Tratou-se e trata-se de um facto, não percebo como é que agora é referido a sustentar argumentos, justificações interpretativas ácerca dos resultados eleitorais que se verificaram naquela empresa.
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Na luta de classes o direito à negociação foi uma conquista, de tal jeito que gerou compromissos que vincularam sociedades ao nível constitucional - o contratualismo seu resultado, pelo contraditório ao nivel da politica social nos diferentes processos de desenvolvimento do capitalismo, várias vezes acabou por tolher a luta, ajudou ao liberalismo económico em rumos mercantilistas. É claro que mesmo nas piores circunstâncias nunca faltaram aqueles que com coragem e lucidez sempre destrinçaram as manigâncias sistémicas da exploração - mas os melhores resultados que se conhecem no processo histórico, são os que resultaram de conjunturas politicas, que permitiram o confronto negocial de "aparente igualdade" entre exploradores e explorados.
Cenário actualmente não existente nesta região do globo e ainda por cima sem alternativa a curto prazo. Logo no actual quadro, numa empresa daquelas à que explorar o empenho do ex-ministro Pinho, do Sócrates ou até de quem mais à direita vier, à que os amarrar a compromissos, evitando o resvalo com implicações salariais a tombar para a "bucha e caneca" a ploriferar por este país nos diversos sectores - exactamente forçando o exemplo de que é possível por evolução organizacional produzir com qualidade e garantir trabalho com direitos.
Abandonar o principio geral que regula - ou deverá regular as questões lá existentes, caindo por incompreensão beata em inuteis romantismos ideológicos, seria autoblindar o direito à negociação, seria adiar, limitar ou perder de vez a hipótese de poder conquistar (fosse o que fosse) em melhores circunstâncias.
Deste modo, procurar transformar em factos, interpretações conspirativas a incidir na hipotética manipulação dos representantes eleitos dos trabalhadores por iniciativa da administração, tendo em conta a conjuntura envolvente e a correlação interna, é, por demais uma prática divisionista e difamatória, a lembrar os ensinamentos do "Curso Carcaveladas" de 1975 promovido pela CIA - cuja influência na Lisnave se manifestou em alguns dos mais destacados representantes dos trabalhadores, que acabaram por ser os primeiros empreiteiros, promotores do trabalho ao dia e à hora, da candonga naquele estaleiro. E diziam-se eles vermelhos!...
Tudo isto para dizer, que abri
a pestana há muitos anos.
14 comentários:
Está escrito no artigo - " A opção por uma relação privilegiada com a comissão de trabalhadores pressupôs que a escolha dos membros que integrariam esta futura estrutura representativa não fosse deixada ao acaso! Quando se começou a pressentir o desejo de constituição desta estrutura, provavelmente estimulada pelos
membros ligados aos sindicatos da CGTP — muitos deles eram desconhecidos formalmente por não quererem revelar a sua identidade , a empresa rapidamente «entrou em jogo». Contactou sigilosamente o director de cada uma das áreas para que este indicasse nomes de trabalhadores de «confiança
» que pudessem integrar a futura estrutura.
A escolha de um «líder» para esta comissão que inspirasse a capacidade de defesa dos interesses dos restantes colegas e que, simultaneamente, revelasse
à empresa as informações necessárias foi ainda o aspecto mais difícil de ultrapassar. Tudo isto acabou por ser obtido através de um convite dirigido a um membro que mostrava enorme capacidade de persuasão dos colegas e que era permeável a uma forte influência. Foi com este dirigente da comissão de trabalhadores que a empresa estabeleceu uma entente cordiale
que permitiu, na véspera dos grandes embates, conhecer antecipadamente,
através de uma reunião sigilosa entre ele e o director de Recursos Humanos, quais os pontos que seriam objecto de análise na reunião do dia seguinte e
a provável maneira de os ultrapassar.
Nas eleições para a constituição desta comissão acabaram por aparecer
duas listas: uma integrada e liderada por delegados sindicais afecta à CGTP
(lista A) e outra constituída, preparada e devidamente suportada pela empresa
em sessões de esclarecimento realizadas para o efeito (lista B). Esta segunda
lista, inicialmente defendida pelo grupo de trabalhadores independentes
de que já se falou — mas que não integravam a lista —, teve uma dupla
missão: viabilizar não só uma estratégia de consenso, como anular a força
veiculada pelos sindicatos. O risco que a empresa correu foi grande, mas a
encenação, o planeamento e a capacidade persuasora e manipuladora de
alguns gestores permitiram um enorme êxito."
O grande revolucionários Broncas considera normal a Administração da AutoEuropa escolher a Comissão de Trabalhadores, reunir com ela em segredo e influênciar o seu trabalho. Isso tem um nome, um nome feio.
Já não és meu camarada!
"...uma relação privilegiada com a comissão de trabalhadores..."; será que não existe mesmo entre a administração da Auto - Europa, e ct. Não exsitiu, igual ao que já era?
A questão é moral. A Administração escolhe os representantes dos trabalhadores. A Administração faz reuniões secretas com a Comissão de Trabalhadores. A Administração dá indicações à Comissão de Trabalhadores.
O Broncas acha isto normal.
http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218812180K1mRW6sj7Ee06WQ7.pdf , este artigo, escrito pelo antigo Director de Recursos Humanos da AutoEuropa é uma vergonha e implica a Comissão de Trabalhadores na suas negociatas. Isto não é normal. O PCP é visado, a CGTP é visada e os trabalhadores são visados.
O artigo explica também como é que as eleições foram ganhas, com truques debaixo da mesa ... Não falar disto é ser cumplice e o Broncas é cumplice.
cumplice????? não acredito!!!
o BE depois de se sentar à mesa deixa de ser cumplice......
Broncas no teu post sobre eleições atiraste ao PCP e à CGTP, tal como este antigo Director de Recursos Humanos. O antigo Director de Recursos Humanos abre o jogo e revela o que se passou. Aqui não existem interpretações, apenas a descrição de um alto responsável que escreveu que escolheu os representantes dos trabalhadores para atacar a organização sindical. Se achas isto normal, mal estamos!
Este discurso do antigo director de recursos humanos não está afastado do discurso do líder dos trabalhadores, que chegou a ser de anti-sindicato e anti CGTP.
Broncas estranho esta tua nova concordância e a tua virada à social-democracia. Faz lembrar os tempos do PREC ou até o reviralho.
Broncas estamos mal, tu que sempre foste revolucionário agora está aburguesado e a servir os interesses do grande capital.
Entre a tua lógica e a do Medina Carreira, ou até a do Silva Lopes, não há grande diferença.
Adeus ex-camarada!
A lista "A", concorrente às eleições de 1994 que é referida no artigo de onde foi retirado o comentário, artigo que foi publicado no Militante pelo "impressionante" sindicalista João Silva da FIEQUIMETAL, era na verdade composta por delegados sindicais da CGTP e encabeçada pelo Chora tendo elegido 3 elementos, (curiosamente todos eles afastados do país para formação durante o periodo eleitoral), ganhou a lista "B" com 8 elementos e é claramente a essa que o Damasceno Correia se refere, apesar de com o correr do tempo, os seus sonhos se terem desvanecido e ele próprio ter que abandonar a empresa.
Ligar este período à actual CT, não é só pura masturbação ideológica Militante, é cegueira e estupidez.
Em Maio de 1995 foi eleita uma CT em lista unica composta pelos elementos da CT anterior, em Maio de 1997 deu-se a ruptura e apareceram de novo duas listas na Auto Europa uma encabeçada pelo Chora e outra pelo Escoval, e dai até hoje os trabalhadores tem optado principalmente entre estas duas listas e feito as suas escolhas em função do trabalho e da cassete.
João Silva, Presidente da FIEQUIMETAL, em vez de publicar artigos de masturbação ideológica devia preocupar-se por ter tal Federação apenas 13% dos trabalhadores do sector filiados nos sindicatos da federação, num total de mais 500 mil.
Devia preocupar-se pela vergonhosa pressão psicológica feita sobre funcionários do STIMMS (como o mais selvagem dos patrões) para que se demitam no actual quadro de reestruturação sindical.
O comentarista devia preocupar-se com o sabujo comunicado destribuido pelo sindicato STIMMS à porta da Auto Europa logo a seguir a estas ultimas eleições a dizer que afinal somos todos "irmões" e a CT até tem em 11eleitos, 9 filiados, delegados ou dirigentes do sindicato (entre eles o Chora).
Na Auto Europa, felizmente mandam os trabalhadores, e as merendas e bolos apenas apanham os tolos.
Assim, deixando de dar a cara porque se vai assessoriar o careca, se é promovido na hierarquia do partido fazendo aquilo que sempre se criticou:
Ser aNUNOnimo
ola parece que me enganei, queria mesmo dizer anónimo
olha enganei-me outra vez, é olha e não ola
O artigo é do Damasceno, antigo Director de Recursos Humanos!
O resto é conversa!
Bom trabalho e boas reuniões.
Não sou como o que alguns dizem e desejam que eu seja - é que defendo uma ideologia revolucionária que pretendo que não seja reduzida a uma reles cartilha dogmática em que as liberdades elementares não tenham lugar, em que a vida dos outros não contem.
Por isto não dou troco a paleios mal alinhavados, estúpidos e ilusivos em nome de uma alternativa para nada.
Mesmo assim, escrevam à vontade...
Pois, mas estás ao lado de gente com duvidosas intenções!
Um dia destes ainda publico para vossas comparações, uma lista de gente duvidosa, quase todos bem assentados na vida à conta de habilidades "vanguardistas"
Tanto uns como outros não prestam!
Que é lá isso do BE, do PCP e da Intersindical? Se tivessem vergonha não se refeririam a tais identidades.
Se como trabalhadores e representantes de operários ou Técnicos de Produção, seja lá isso o que for, falam e se digladiam deste modo, qual é o patrão ou empregador ou lá o que seja não ganho com a mixórdia destes cérebros ignorantes e imbecis?
Calem-se, vão produzir!!!
Com respeito do Kamarada X
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