quinta-feira, março 25, 2010

De pestana bem aberta...

Ao propor ontem desanuviar com fotos de Lisboa do século passado e até uma do XIX, propuseram-me que abrisse a pestana a propósito das eleições da CT da Auto-Europa.
A propósito, peço aos visitantes que leiam o respectivo comentário, que apenas por algum respeito merece uma respostazita.
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Na gestão de "recursos humanos" em grandes empresas, nomeadamente multinacionais, o abc patronal adoptado desde há décadas sempre foi o fordista, logo não entendo a referência - ainda a Auto Europa estava com os primeiros trabalhadores em Formação na antiga Barreiros (Setúbal) e primeiros sindicalizados, já era caracterização assumida.
Tratou-se e trata-se de um facto, não percebo como é que agora é referido a sustentar argumentos, justificações interpretativas ácerca dos resultados eleitorais que se verificaram naquela empresa.
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Na luta de classes o direito à negociação foi uma conquista, de tal jeito que gerou compromissos que vincularam sociedades ao nível constitucional - o contratualismo seu resultado, pelo contraditório ao nivel da politica social nos diferentes processos de desenvolvimento do capitalismo, várias vezes acabou por tolher a luta, ajudou ao liberalismo económico em rumos mercantilistas. É claro que mesmo nas piores circunstâncias nunca faltaram aqueles que com coragem e lucidez sempre destrinçaram as manigâncias sistémicas da exploração - mas os melhores resultados que se conhecem no processo histórico, são os que resultaram de conjunturas politicas, que permitiram o confronto negocial de "aparente igualdade" entre exploradores e explorados.
Cenário actualmente não existente nesta região do globo e ainda por cima sem alternativa a curto prazo. Logo no actual quadro, numa empresa daquelas à que explorar o empenho do ex-ministro Pinho, do Sócrates ou até de quem mais à direita vier, à que os amarrar a compromissos, evitando o resvalo com implicações salariais a tombar para a "bucha e caneca" a ploriferar por este país nos diversos sectores - exactamente forçando o exemplo de que é possível por evolução organizacional produzir com qualidade e garantir trabalho com direitos.
Abandonar o principio geral que regula - ou deverá regular as questões lá existentes, caindo por incompreensão beata em inuteis romantismos ideológicos, seria autoblindar o direito à negociação, seria adiar, limitar ou perder de vez a hipótese de poder conquistar (fosse o que fosse) em melhores circunstâncias.
Deste modo, procurar transformar em factos, interpretações conspirativas a incidir na hipotética manipulação dos representantes eleitos dos trabalhadores por iniciativa da administração, tendo em conta a conjuntura envolvente e a correlação interna, é, por demais uma prática divisionista e difamatória, a lembrar os ensinamentos do "Curso Carcaveladas" de 1975 promovido pela CIA - cuja influência na Lisnave se manifestou em alguns dos mais destacados representantes dos trabalhadores, que acabaram por ser os primeiros empreiteiros, promotores do trabalho ao dia e à hora, da candonga naquele estaleiro. E diziam-se eles vermelhos!...
Tudo isto para dizer, que abri
a pestana há muitos anos.

14 comentários:

Anónimo disse...

Está escrito no artigo - " A opção por uma relação privilegiada com a comissão de trabalhadores pressupôs que a escolha dos membros que integrariam esta futura estrutura representativa não fosse deixada ao acaso! Quando se começou a pressentir o desejo de constituição desta estrutura, provavelmente estimulada pelos
membros ligados aos sindicatos da CGTP — muitos deles eram desconhecidos formalmente por não quererem revelar a sua identidade , a empresa rapidamente «entrou em jogo». Contactou sigilosamente o director de cada uma das áreas para que este indicasse nomes de trabalhadores de «confiança
» que pudessem integrar a futura estrutura.
A escolha de um «líder» para esta comissão que inspirasse a capacidade de defesa dos interesses dos restantes colegas e que, simultaneamente, revelasse
à empresa as informações necessárias foi ainda o aspecto mais difícil de ultrapassar. Tudo isto acabou por ser obtido através de um convite dirigido a um membro que mostrava enorme capacidade de persuasão dos colegas e que era permeável a uma forte influência. Foi com este dirigente da comissão de trabalhadores que a empresa estabeleceu uma entente cordiale
que permitiu, na véspera dos grandes embates, conhecer antecipadamente,
através de uma reunião sigilosa entre ele e o director de Recursos Humanos, quais os pontos que seriam objecto de análise na reunião do dia seguinte e
a provável maneira de os ultrapassar.
Nas eleições para a constituição desta comissão acabaram por aparecer
duas listas: uma integrada e liderada por delegados sindicais afecta à CGTP
(lista A) e outra constituída, preparada e devidamente suportada pela empresa
em sessões de esclarecimento realizadas para o efeito (lista B). Esta segunda
lista, inicialmente defendida pelo grupo de trabalhadores independentes
de que já se falou — mas que não integravam a lista —, teve uma dupla
missão: viabilizar não só uma estratégia de consenso, como anular a força
veiculada pelos sindicatos. O risco que a empresa correu foi grande, mas a
encenação, o planeamento e a capacidade persuasora e manipuladora de
alguns gestores permitiram um enorme êxito."

O grande revolucionários Broncas considera normal a Administração da AutoEuropa escolher a Comissão de Trabalhadores, reunir com ela em segredo e influênciar o seu trabalho. Isso tem um nome, um nome feio.

Já não és meu camarada!

Anónimo disse...

"...uma relação privilegiada com a comissão de trabalhadores..."; será que não existe mesmo entre a administração da Auto - Europa, e ct. Não exsitiu, igual ao que já era?

Anónimo disse...

A questão é moral. A Administração escolhe os representantes dos trabalhadores. A Administração faz reuniões secretas com a Comissão de Trabalhadores. A Administração dá indicações à Comissão de Trabalhadores.

O Broncas acha isto normal.

http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218812180K1mRW6sj7Ee06WQ7.pdf , este artigo, escrito pelo antigo Director de Recursos Humanos da AutoEuropa é uma vergonha e implica a Comissão de Trabalhadores na suas negociatas. Isto não é normal. O PCP é visado, a CGTP é visada e os trabalhadores são visados.

O artigo explica também como é que as eleições foram ganhas, com truques debaixo da mesa ... Não falar disto é ser cumplice e o Broncas é cumplice.

Anónimo disse...

cumplice????? não acredito!!!
o BE depois de se sentar à mesa deixa de ser cumplice......

Anónimo disse...

Broncas no teu post sobre eleições atiraste ao PCP e à CGTP, tal como este antigo Director de Recursos Humanos. O antigo Director de Recursos Humanos abre o jogo e revela o que se passou. Aqui não existem interpretações, apenas a descrição de um alto responsável que escreveu que escolheu os representantes dos trabalhadores para atacar a organização sindical. Se achas isto normal, mal estamos!


Este discurso do antigo director de recursos humanos não está afastado do discurso do líder dos trabalhadores, que chegou a ser de anti-sindicato e anti CGTP.

Broncas estranho esta tua nova concordância e a tua virada à social-democracia. Faz lembrar os tempos do PREC ou até o reviralho.

Broncas estamos mal, tu que sempre foste revolucionário agora está aburguesado e a servir os interesses do grande capital.

Entre a tua lógica e a do Medina Carreira, ou até a do Silva Lopes, não há grande diferença.

Adeus ex-camarada!

Faíscando disse...

A lista "A", concorrente às eleições de 1994 que é referida no artigo de onde foi retirado o comentário, artigo que foi publicado no Militante pelo "impressionante" sindicalista João Silva da FIEQUIMETAL, era na verdade composta por delegados sindicais da CGTP e encabeçada pelo Chora tendo elegido 3 elementos, (curiosamente todos eles afastados do país para formação durante o periodo eleitoral), ganhou a lista "B" com 8 elementos e é claramente a essa que o Damasceno Correia se refere, apesar de com o correr do tempo, os seus sonhos se terem desvanecido e ele próprio ter que abandonar a empresa.
Ligar este período à actual CT, não é só pura masturbação ideológica Militante, é cegueira e estupidez.
Em Maio de 1995 foi eleita uma CT em lista unica composta pelos elementos da CT anterior, em Maio de 1997 deu-se a ruptura e apareceram de novo duas listas na Auto Europa uma encabeçada pelo Chora e outra pelo Escoval, e dai até hoje os trabalhadores tem optado principalmente entre estas duas listas e feito as suas escolhas em função do trabalho e da cassete.

João Silva, Presidente da FIEQUIMETAL, em vez de publicar artigos de masturbação ideológica devia preocupar-se por ter tal Federação apenas 13% dos trabalhadores do sector filiados nos sindicatos da federação, num total de mais 500 mil.

Devia preocupar-se pela vergonhosa pressão psicológica feita sobre funcionários do STIMMS (como o mais selvagem dos patrões) para que se demitam no actual quadro de reestruturação sindical.

O comentarista devia preocupar-se com o sabujo comunicado destribuido pelo sindicato STIMMS à porta da Auto Europa logo a seguir a estas ultimas eleições a dizer que afinal somos todos "irmões" e a CT até tem em 11eleitos, 9 filiados, delegados ou dirigentes do sindicato (entre eles o Chora).

Na Auto Europa, felizmente mandam os trabalhadores, e as merendas e bolos apenas apanham os tolos.

Cabeça de fosforo disse...

Assim, deixando de dar a cara porque se vai assessoriar o careca, se é promovido na hierarquia do partido fazendo aquilo que sempre se criticou:
Ser aNUNOnimo

cabeça de fosforp disse...

ola parece que me enganei, queria mesmo dizer anónimo

cabeça de fosforo disse...

olha enganei-me outra vez, é olha e não ola

Anónimo disse...

O artigo é do Damasceno, antigo Director de Recursos Humanos!

O resto é conversa!

Bom trabalho e boas reuniões.

O Broncas disse...

Não sou como o que alguns dizem e desejam que eu seja - é que defendo uma ideologia revolucionária que pretendo que não seja reduzida a uma reles cartilha dogmática em que as liberdades elementares não tenham lugar, em que a vida dos outros não contem.
Por isto não dou troco a paleios mal alinhavados, estúpidos e ilusivos em nome de uma alternativa para nada.
Mesmo assim, escrevam à vontade...

Anónimo disse...

Pois, mas estás ao lado de gente com duvidosas intenções!

Anónimo disse...

Um dia destes ainda publico para vossas comparações, uma lista de gente duvidosa, quase todos bem assentados na vida à conta de habilidades "vanguardistas"

Anónimo disse...

Tanto uns como outros não prestam!

Que é lá isso do BE, do PCP e da Intersindical? Se tivessem vergonha não se refeririam a tais identidades.

Se como trabalhadores e representantes de operários ou Técnicos de Produção, seja lá isso o que for, falam e se digladiam deste modo, qual é o patrão ou empregador ou lá o que seja não ganho com a mixórdia destes cérebros ignorantes e imbecis?

Calem-se, vão produzir!!!
Com respeito do Kamarada X