Companheiro, porque sou operário como tu.
Já li três artigos que escreveste, no Público, no Jornal da Moita, neste blog e no Rio com o titulo " lições da greve geral".
Sem ter a ousadia de pretender equiparar-me a ti, pelos conhecimentos que possuis sobre a história e actividade sindical, pois neste âmbito apenas adiro a algumas greves e vou a manifestações promovidas pela CGTP-IN, e ainda menos capaz de comparações com outros sindicalistas, pois não conheço o bastante do teu curriculum nesta frente de luta, escrevo apenas o que penso daquilo que escreveste.
Já no dia 3 de Junho neste blog, escrevi sobre a greve de 30 de Maio, e, de então para cá não descortinei factos que alterem o que escrevi.
Das análises que fazes, surpreende-me o balanço em que sustentas as tuas posições sobre a convocação da greve e a sua dimensão - pois, pelos números que referiste no Rio, não só me demonstras que a greve foi um erro, como por investigação minha venho a descobrir que as anteriores realizadas em 1982, 1988 e 2002 foram enormes argoladas das organizações sindicais. É que as diferenças, tendo como universo o número de trabalhadores por conta de outrem em cada ano daqueles, na relação com os então sindicalizados e os aderentes não sindicalizados, não são de forma a extrair qualquer êxito pelo método de análise que usas.
Tal rumo pragmático, levar-me-ia a concluir fácilmente que o melhor é não fazer nada, talvez nem manifestações, posto que até na última realizada, que até nos encontrámos, estavam lá pouco mais de doze trabalhadores da Auto Europa.
Companheiro, não me espanta pretenderes dar umas "mocadas" no Vitor Pereira que conheço, ou no JC que não sei quem é - mas por isto resvalares para uma postura criticista, generalizadora e troglodita em relação à CGTP-IN e seus activistas sindicais, não só é despropositado pelas responsabilidades que emergem do facto de seres representante dos trabalhadores, como também, um enorme disparate por não te coíbires de referências politico-partidárias, num espaço em que a vertente unitária tem de ser interiorizada por todos os activistas, aliás, condição esssencial para o tal envolvimento massivo que por diversas vezes afirmas necessário.
As "lições da greve geral" que colheste pelo teu método, estão despidas de conteúdo de classe e de ideologia, quase exactamente como os analistas escrevem nos "missais" burgueses - onde todos intencionalmente nas suas avaliações não entraram com o actual sistema de emprego e a situação sócio-laboral existente. Esqueceram:
- A destruição de grande parte do aparelho produtivo nas duas últimas décadas, e, as suas incidências no tecido social e nas organizações dos trabalhadores;
-A generalização da precariedade a par da sucessiva desregulamentação laboral, da impunidade e consequente fragilização dos vinculos contratuais;
- A alteração de todo o sistema de emprego, - com o aumento da insegurança laboral, e, o generalizado receio de falhar a compromissos elementares, determinados pelos actuais parâmetros de vida.
Isto é o que apraz-me dizer, é que não sou especialista no assunto, se o fosse também escrevia nos jornais, mas penso que basta para perceberes que não aceito as tuas "lições da Greve Geral", e já agora, tenta melhorar os teus conhecimentos sobre a "Democracia" na antiga Grécia - é que a dar por acabado o que referiste, eu e tu lá naquele tempo seriamos escravos. Também não era mau se cuidasses dos teus conhecimentos biblícos.
Apesar disto, estou certo que nos vamos encontrar numa próxima manifestação, acredito que estejas lá, mesmo que da Auto Europa não venha mais ninguém.
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