domingo, junho 03, 2007

A Greve de 30 de Maio

Conforme a opinião da maioria dos cronistas e editorialistas dos orgão da comunicação social, foi um fracasso. Para o Governo a adesão ficou pelos 13% pela indicação da sua Secretaria de Estado UGT e do respectivo Secretário João Proença.



Todos no uso de diferentes bítolas, esgotaram-se em comparações com outras greves em outros tempos, extrapulando cada um a seu jeito para a unânime conclusão de que a greve foi um fracasso.

Tomando a sério os argumentos usados, detectam-se graves lacunas, pois intencionalmente ou não, esqueceram-se de considerar as profundas alterações ocorridas no País desde a última greve geral, tais como:



- a destruição do aparelho produtivo no decorrer das duas últimas décadas e suas incidências no tecido social e na organização dos trabalhadores;

- a generalização da precariedade laboral, a par da sucessiva desregulamentação e consequente fragilização dos vínculos contratuais existentes;

- alterações a todo o sistema de emprego que antes existiu.



Mediante isto, esqueceram assim e deliberadamente todas as incidências nefastas que tais factores têm na vida e comportamento social das pessoas, dos trabalhadores envolvidos no actual sistema de emprego, caracterizado pela insegurança.



Deste modo as omissões, mentiras, pressões e provocações, multiplicaram-se na criação de um ambiente propenso à proliferação da ideia - de que não vale a pena lutar, de que nada disto tem sentido, na velha busca dos detentores do poder em conseguirem instituir na sociedade, o conformismo e a apatia em relação às políticas prevalecentes.



Mas por muito que pintem, a realidade é a que é - a greve foi convocada por 140 Sindicatos, estiveram envolvidos na sua preparação milhares de activistas, realizaram-se mais de 7000 plenários a par de milhares de acções de esclarecimento.

A Greve Geral, foi assim na actual conjuntura política e no presente sistema de emprego, uma acção poderosa - não foi total como em parte alguma o foi ou será, como alguns ideólogos exigem que fosse, não escondendo simpatia pelas teses de Sorel sobre o assunto, decidido apoiante de Mussolini. Tudo lhes serviu e serve.



A Greve foi de tal forma poderosa, que bastariam os 13% que o Governo diz prolongarem a greve pos dois dias, para que aquela quadrilha de trajantes, Ministros e Secretários de Estado, perderem o controlo e recorrerem à violência, como por diversos actos no decorrer do dia 30 demonstraram ter vontade.



Neste País, onde a modernidade significa o sucesso individual, onde se desenvolve a cultura do "Chico Esperto", onde se promovem os delactores, onde o comportamento perante o poder é a obediência, a submissão e o medo, - tudo acabaria normal nesta anormalidade civilizacional, não fosse a CGTP-Intersindical Nacional, lembrar e actuar no sentido de combater a resignação, de que a luta não acabou, de que a Luta Continua!

9 comentários:

Samir Machel disse...

Convido-vos a visitarem
www.obitoque.com

Anónimo disse...

Gostei desta, o Broncas é como o vinho do Porto. Estou disposto aoutra grevede 2 ou 3 dias seguidos, podem ser só 13%, mas eu vou cagar à porta do 1ºministro.

nabisk disse...

É preciso LUTAR.

Anónimo disse...

quem ganha com esta greve é os dirigentes sindicais
que não fazem nada e quando chega á greve leva o dia de ordenado e nos que pagamos cotas levamos cortado esses dias
quando á greve da F publica vão os parvos do Stal oude eu me incluio a defender os direitosdos F publicos do central em que por média ganha o dobro da gente
nunca vi o isndicato da F.publica fazer greve para que os do Stal levassem ordenados iguais aos da central
e é melhor que a CGTP se afaste do PCP
porque nem todos os sindicalizados comungamos do mesmo partido.
a CGTP tem que ser apartidária e defender o direito dos trabalhadores mas é DE todoS E NÃO SÓ OS QUE TÊM TACHO.

Anónimo disse...

Olhem que este último comentário quer dizer muita coisa...
E parece-me que, quem o fez, sabe muitíssimo bem o disse.

Anónimo disse...

Conheci um velho sindicalista, já falecido, fundador da CGTP-IN, quando ainda muito antes do 25 de Abril, ainda jovem tentava mobilizar os companheiros para a conquista de direitos elementares numa fábrica de cortiça - após ter reunido com o patrão ser acusado por alguns companheiros de pretender safar-se a ele, conseguir um tacho. Este homem até morrer sempre se manteve na luta, foi preso várias vezes, somou 22 anos de prisão.

Coisas e gente de merda sempre existiu, por isso valorizar generalizando como " o cedilha" quer, não é corrigir nada, é dar espaço aos bufos...

Paleios destes já os oiço à mais de 30 anos.

Anónimo disse...

o cedilha não "quer" NADA.

Anónimo disse...

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=279603

Anónimo disse...

Devia-se ver a greve com outro olhar, o dos interesses dos trabalhadores. É um contributo que deixo no meu blogue.
António