Enquanto os Peregrinos se deslocavam, decorria um Congresso Teológico Internacional naquele Santuário, versando o tema da Santíssima Trindade - mais uma vez na busca de fundamentar o dogma cristão, cuja fé, considerando Deus como um, aceita-o em três pessoas distintas - Deus Pai, Jesus o Filho, e o Espírito Santo.
Nem a presença naquele Santuário, cuja existência resulta das "aparições" da Mãe de Jesus, demoveu os Congressistas do anacrónico e feroz preconceito, que impede a inclusão da Mãe (da mulher) na Santíssima Trindade.
O Espírito Santo continua assim membro da família em consequência do nojo que têm à inclusão de uma mulher, pela única razão de uma Mãe não ser Virgem. O Espírito Santo que em si mesmo traduz um princípio divino, uma ideia , um pensamento intrínseco a cada membro, mantém-se assim na função de gestor da Sagrada Família.
É neste quadro que o Congresso admitiu (mais uma vez) a pluralidade de vias para aceder ao Mistério do Deus Trindade.
É nisto que assenta a diversa e complexa fundamentação mistícista, sempre misteriosa, que aproveita e molda todas as manifestações de religiosidade popular, transformando-as em poderosos fenómenos de Fé. Já era assim na Idade Média. Se a crendíce divergia dos poderes instituídos, os promotores acabavam na fogueira acusados de bruxarias, o contrário dava lugar à instituição de cultos, à criação de ordens, à nomeação de patronos e respectivas canonizações.
O Ministério de Deus assenta no mistério dos seus insondáveis desígnios, facultando assim ao Vaticano ( sem controlo) os meios manipuladores da Fé de milhões de homens e mulheres ao longo das gerações. O Santuário de Fátima é um forte exemplo do saber gerir "Mistérios"e de fazer confluir a Fé com as conjunturas politicas.
O Papa PioXII, que exerceu no periodo de ascenção do fascismo e do nazismo na Europa, determinou até em encíclicas, um forte combate ao ateísmo e ao comunismo - foi no seu papado que a ditadura fascista de Salazar assinou a Concordata com o Vaticano e colheu a benção para a ideia de um Santuário Mariano em Fátima. Já tinham passado mais de 20 anos das "aparições", já pouco sobrava, nem a azinheira, pois um lenhador de Santarém cortou e levou-a.
Com isto as circunstâncias e os factos são demasiado óbvios para que se acredite na existência de mistérios - dificuldades que a Igreja e historiadores de feição não conseguem esconder, pois nem a "Hermeneutica Teológica de Fátima" se desenvolveu até hoje.
A opção foi e é manipular, usando o sobrenatural como instrumento mobilizador da Fé.
Seguindo por este caminho não conseguem encontrar o que não existe, é que a mentira não é cimento para nada.
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