Orando e já a meio do Terço lembrei-me da frase de D. Policarpo - "só no celibato, o sacerdote pode amar todos". Olhando p'rá rua através da janela observei três belas mulheres, deixei de rezar e de pensar nas pedradas que Jesus levou, pensei apenas na tortura dos jovens Padres, no sacrificado esforço a que se sujeitam para afastar da mente pensamentos tão pecaminosos. Eu próprio, tal como me conheceis, naquele momento optei por falar com o Senhor, confessar-lhe coisas dos meus tempos de jovem.
... nada me preocupava senão amar ou ser amado. Mas o meu amor ía além do afecto de uma mente por outra, ultrapassava o domínio da simples amizade. O desejo físico, como um pântano e o sexo adolescente faziam subir dentro de mim névoas de concupiscência que me obscureciam o coração, de modo que não conseguia distinguir a clara luz do verdadeiro amor. O amor e a concupiscência debatiam-se dentro de mim.
Na minha frágil juventude, atiravam-me para o precipício dos apetites do meu corpo e mergulhavam-me no redemoinho do pecado. Cada vez mais eu Te desgostava, inconsciente. Porque ficara surdo pelo clamor das minhas cadeias, pelos grilhões da morte que deveriam servir para punir o orgulho da minha alma. Afastei-me ainda mais de Ti e Tu não me impediste. Fui atirado de um lado para o outro, como um joguete no mar da minha fornicação e Tu não disseste uma única palavra. Muito tempo se passou antes de saber que Tu eras o meu verdadeiro gozo! ...
Esta Páscoa trantornou-me, a carne estava boa e o tinto ainda melhor, acabei a conversar com Stº Agostinho encontrando o Senhor p'lo caminho, vivinho e cheio de saúde, já recuperado da ressaca da grande Ceia.
Sem comentários:
Enviar um comentário