Peço-te calma,
amante do olhar.
Nas horas de espera
carcomida do tempo
O mar onde desaguei
foi o da tua infância
e os gestos, óbvios enlevos
em que me atraiçoei
foram expurgados numa outra
margem insalubre e ressequida
Encontrei-te! Nas minhas mãos
os luzentes pirilampos ainda vivos,
prestes a conquistar o teu sorriso
Depois, é deixá-los partir
abraçarmo-nos compulsivamente
e num frémito, aquela boca enorme
e impaciente de paixão
Eu, de corpo lívido, arrepiado
com um nervoso miudinho por ser
tão sensível, nem sei que te dizer.
Talvez fale do mar! Talvez fale de viagens por acontecer,
talvez me faltes TU na enseada dos sonhos,
quiçá o meu grande coração resista a ínfimo corpo de poeta.
Não sei que projecto concebeste,
amante dos frenéticos e lúcidos abraços eternos.
Eu apenas falo e falo,
espreito por ti, na mínuscula janela prestes a abrir-se!
Foi um amor poético, incomensurável
que me trouxe até aqui.
Nunca mais te cales,
amante do olhar.
1 comentário:
Eu queria saber escrever assim.
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