"Este braço do Tejo é algo que a memória retém para todo o sempre"
Um trabalhador maritimo, já reformado e que fora fragateiro então avisou o Presidente, até explicou-lhe que se colocasse um balde na cala e outro igual próximo da margem, passados 15 dias num baixa-mar veria que o da cala estaria limpo e o da margem com areia e lama. É que a limpeza é feita com àgua corrente e sempre na vazante... com o dique vão-se meter num trinta e um.
Não sei se o tal fragateiro, é ou não descendente dos Fenícios, o que sei é que eles nesta região assim fizeram, no Sado desde Alcácer e no Tejo desde Santarém até ao estuário.
São ainda muitos os Moiteiros que se lembram da sucessão de pequenas portas de água, que garantindo a limpeza da caldeira permitiam o acesso dos botes ao porto da lama e ao forno da cal. A caldeira, por sua vez no vazante, pela abertura dos postigos expelia água com tanta força que até arrastava cornos do esgoto do matadouro que era directo, garantindo o desaçoreamento da cala. Era um sistema copiado dos Fenícios, aquilo funcionou.
Tenho até retidas na memória, imagens que se soubesse pintar passaria á tela. Mas hoje já não descubro neste braço do Tejo o desejo de um mergulho, onde aprendi a nadar, sequer o desejo de pintar, pois se o fizesse com verdade aquelas águas já não reflectem o azul celeste e o branco zinco, o jogo de prateados de um pôr do sol.
Antes reflectem, o desleixo e o atraso na implantação de Etares, agravando com a irresponsável e impune decisão de destruirem o sistema Fenício, por um "brilharete caro e cagão" de dificil reparação, que continua a destruir o que de bom a natureza nos facultou neste lugar.
1 comentário:
Desconfio que isto tem que ver com a agenda Maré Cheia nº 25. Aquilo tresanda a nostalgia.
Enviar um comentário