domingo, janeiro 29, 2006

Visionários

As eleições presidenciais, nomeadamente pelo resultado da candidatura de Manuel Alegre, trouxe para os jornais opiniões diversas sobre o esgotamento da representatividade dos Partidos, a inutilidade das ideologias e a necessidade de outras "Democracias", crescendo o número de cidadãos que afirmam-se orgulhosos de nunca se terem filiado num Partido.

A par disto não faltam já ideólogos predispostos a visionar estruturas e formas de participação , até potenciadas com o uso das novas tecnologias. Sem dúvida temas interessantes, aos quais não se devendo voltar as costas, não se deverá também enveredar por uma busca obcessiva e visionária, que nos afaste da realidade envolvente.

A Democracia é um processo politico que resulta da vontade e opinião de cada cidadão. A sua evolução só se verifica quando civilizacionalmente é possível que vontades e opiniões não se esgotem no acto de votar.

A realidade social e politica que vivemos hoje, resulta da paralização da Democracia, que ao instituir a actual Ditadura da Alternância vocaciona a actuação do Estado ás crescentes determinações do poder económico e financeiro, reduzindo o pleno uso de direitos elementares aos cidadãos, aumentando as desigualdades sociais.

Por mais voltas que dê, podendo eu até votar por computador, como o Amorim ou o Pacheco Pereira, o meu computador podendo até ser tão potente como o deles, nunca será igual. O meu foi esfolado, custou-me a pagar, já o deles... eles esfolam-nos!...

Assim, é de desconfiar dos promotores de tais ideias, "ideólogos que se propôem a esvaziar ideologias", em alguns casos desavindos com os Partidos a que pertenceram, mas que se mantêm deslumbrados com o capital, com o qual nunca quebraram fidelidades.

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