Setembro ao fim da tarde

Chega Setembro e com ele, o fresco, a chuva, uma certa poeira humana que finalmente retoma o cinzentismo de betão, incrustados nas suas casas,nos seus escritórios. A rua volta a ser lugar para quem dela faz parte integrante o resto do ano. A rua é daqueles que amam a natureza, daqueles que a respeitam, que lêem livros à sombra das árvores. A rua não é para aqueles que as incendeiam, que deitam papéis ou beatas para o chão, para as multidões. As ruas pedem paz, chuva e aqueles finais de tarde frescos de Setembro e Outubro. O equinócio de Setembro, que marca o início do Outono, é uma protecção dos ecossistemas, fartos de tanto calor, incêndios e pessoas a mais, festas a mais por todo o lado. Para aqueles que pertencem às ruas, que adoram o inverno e calcorreiam as aldeias ou as urbes pela noite dentro, com o frio de rachar, a chuva impiedosa, chegou o momento de saborear as ruas. Ao fim da tarde, numa esplanada, numa praia deserta apenas com as gaivotas por companhia, é tão agradável só ou acompanhado, viver momentos inesquecíveis. Ao som de uma música relaxante, à viagem por um livro que nos faça percorrer caminhos infinitos, ao lado de alguém que nós amamos, nada há de mais belo que um fim-de-tarde solarengo, descomprometido, calmo, apaixonante. O resto, é o mundo lá fora! As eleições, os cartazes, os slogans, os reformados a mandar neste país, e o povo faminto, a deixar-se levar mais uma vez!

Uma revolução por minuto é do que precisamos, como diriam os Lx 90 (uma banda portuguesa de rock, com membros dos extintos Heróis do Mar). Mas essa revolução tem de ser mental em primeiro lugar e não braçal, de força bruta. Isso nunca revolucionou nada! Apenas construiu um país pobre, massificado, teledependente, amorfo, alcoolizado, acidentado, iletrado, em suma, ultrapassado.

Para quando, este país perceber que é pela Educação, pela Cultura, pela Cidadania que lá vamos?

Porquê?

Porque é que nestes fins-de-tarde de Setembro, me ponho a pensar nestas coisas?

Setembro, em que a idade marca um sulco no pensar!