quinta-feira, agosto 11, 2005

Enseada dos Sonhos

Era o dia daquela estação ausente
Na enseada dos sonhos partiste
em divagações nocturnas
As aves fazem seu ímpio trabalho
rumorejando truculentas palavras

Nada havia para salvar
apenas restos, a mácula consentida
e um estertor a fervilhar de morte

Mordaças dos sentidos
inteligência em contramão
retrato de um país apagado

Da sua casa, continuaram a comer tremoços
e a sorver até ao fim a lassidão hedónica
enquanto nas ruas o fumo e o negro
brotavam em infusões permanentes
O arraial em Agosto é constante!

E assim tu partiste,
escolheste outra enseada
para debicares novas alegrias
Quiseste um pouco de ar
Sufocaste de tanta falta de rigor, de inteligência.

Disseste adeus sem nenhuma saudade!
Não foste tu que partiste!
Fomos nós que nos ausentámos!

11/08/2005
Benjamim Rodrigues (do seu livro " uma forma ( im)perfeita de ser português")

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