domingo, julho 17, 2005

A Saga de Elaudo Tarouca


Como estamos em plena época repouso, ideal para a leitura, deixo aqui uma sugestão ao pessoal do concelho da Moita e em particular ao pessoal de Alhos Vedros. Para adoçar a boca dos curiosos deixo apenas a Nota introdutória. O resto .... terão que ler o livro.
NOTA INTRODUTÓRIA
Nossa vida tem sido marcada, desde a infancia, pela inexistência do nosso irmão Elaudo. Compreendidos por uns e odiados por outros, resta-nos a satisfação de sermos irmãos de um homem justo, amigo do seu amigo e sempre bem disposto.
Num impulso impensado, alterou a sua vida e a dos seus familiares e amigos mais próximos. A ausência e o desconhecimento e incerteza da sua vida foram marcando, ainda mais, as nossas. Nada sabiamos a seu respeito, a não ser alguns boatos que o davam como «Aviador na Rússia» , que «era casado e vivia em França», que «tinha sido morto após o termo da guerra, por brigadas fascistas». Esta ùltima «noticia» Foi recebida como certa pelo nosso pai, numa carta, enviada por um nosso conhecido, de nome José Gameiro, que, na altura, vivia em Paris, para um seu irmão que residia no Barreiro. O abalo na família foi de tal que, ainda nos lembramos, de nosso pai pedir à nossa mãe, com voz embargada, «vai comprar uma camisa preta».
Em Finais de 1984, por mero acaso, chegou-nos às mãos, um documento escrito por Manuel Bôto que, como adiante se conta, foi seu companheiro e protector, durante a sua passagem por Espanha. Porque Manuel Bôto confiou, depois do 25 de Abril este documento a «mãos eradas», o mesmo só nos chegou às mãos, sete ou oito anos depois, já a nossa mãe havia falecido, bem como outras pessoas que podiam ter dado algum contributo importante para o eventual esclarecimento de alguma dúvida.
Na posse de tão importante documento, indagámos e chegamos á fala com Manuel Bôto. Fomos os quatro irmãos de Elaudo a Algés, onde vivia com uma sobrinha. Foi enorme a sua alegria por estar na presença de familiares do seu amigo de infância e de luta. Foi o reviver de uma luta que juntos travaram. Infelizmente, após três ou quatro escassos meses do nosso encontro, Manuel Bôto faleceu.
Porém, este encontro com Manuel Bôto deu-nos ainda mais vontade para tentarmos encontrar os outros dois «Manéis» - o Manuel Firmo e o Manuel Ferro. Sabíamos, por outros amigos, que o Manuel Firmo vivia em Barcelona e tinha familiares no Barreiro. Entretanto, o Firmo Veio ao Barreiro e encontrámo-nos, com muita emoção, como se fossemos amigos de longa data.Falámos horas e horas, que nos pareceram escassos minutos. Durante a conversa, chamámos-lhe á atenção pelo facto de ele ter escrito o livro «Noites das Longas Trevas», sobre a sua vivência na guerra civil espanhola, e não ter, a exemplo de Manuel Bôto, escrito nada sobre o nosso irmão Elaudo.
Manuel Firmo informou-nos, então, que, como deixara de saber o paradeiro do Elaudo, temia que algum escrito sobre ele o pudesse prejudicar na sua nova vida, se é que ainda vivia. Mas prometeu face á nossa vontade de publicar o documento escrito por Manuel Bôto, que escreveria algumas passagens da sua convivência com o Elaudo em Espanha, conforme o descrito à frente.
Este Livro é a nossa vontade - dos irmãos e sobrinhos de Elaudo - de darmos a copnhecer aos nossos amigos e, principalmente, aos cidadãos de Alhos Vedros, a «A Saga de Elaudo Tarouca» e o modo de vida da nossa vila na decada de 30.
Tal como Manuel Firmo diria «todos nós temos um pouco daquilo que condenamos aos outros».
Lidia, José, Maria e Faustino Tarouca
Nota:Edições e Promoções Ribeirinha, Lda, Jornal do "O Rio"em parceria com a Cooperativa de Animação Cultural de Alhos Vedros (CACAV)

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1 comentário:

AV disse...

Nós há uns meses publicámos as imagens de uma das cópias dactilografadas do original deste livro no Alhos Vedros Visual.