segunda-feira, julho 18, 2005

Guadalajara - Um exemplo para nós!

O incêndio gravíssimo que ocorreu ontem na Província de Guadalajara, a leste da Capital Espanhola, é um exemplo para nós, Portugueses, reflectirmos nas diferenças entre cada nação. O incêndio, uma atitude irreflectida de turistas que fizeram um barbecue numa zona protegida, fez com que 14 voluntários perecessem, na maioria jovens de férias, que ajudam a prevenir incêndios. Ficaram rodeados pelas chamas e não se salvaram. Tudo isto é gravíssimo, mas as imagens que vi das pessoas revoltadas, não só pelas mortes, mas pelas causas do incêndio, mostraram-me um povo que, se revolta perante atrocidades, se indigna face à atitude dos governantes, se queixa, se mexe pra que as coisas mudem. O Espanhol gosta de vencer, de lutar, de se rebelar. Eles tiveram ditadura até 76! E daí pra cá, evoluíram, cresceram economicamente, desportivamente, culturalmente, educacionalmente. Nem sempre com as melhores atitudes, é certo, mas os Espanhóis,quer se goste ou não, estão lá! No turismo, eles são o grande destino Europeu, pois apostaram, tal como portugal têm grandes diversidades climáticas e geográficas, mas eles apostaram. E Portugal, perante semelhante coisa, os incêndios, o que faz? Perante as mortes,que também aconteceram, nomeadamente nos bombeiros, o que fazem os Portugueses? choram, lamentam-se e pouco mais. Um pormenor importante, é que não falei aqui dos governantes. Eles têm a sua quota-parte no problema, é certo, mas não podem ser a panaceia para nós. Nem a causa de tudo. é o Português que tem de mentalizar-se que deve lutar, associando-se, juntando-se com as comunidades locais, falta ao português essas "ganas de luchar", falta mais troca de ideias, de olhares, de partilha de utopias, amores e desamores, falta paixão, em suma, falta vida ao Português! o Português é fechado, virado para si próprio. As novas gerações estão ensimesmadas, solitárias em vez de solidárias, individualistas. Basta ver nas artes, na cultura em geral, os projectos são cada vez menores, com poucas pessoas (1 ou 2), faz-se um trabalho umbilical, de prazer unívoco, masturbatório. Ou então, projectos para se ganhar dinheiro fácil, que seja visto por muitas pessoas, mas em que no dia seguinte já todos se tenham esquecido da mensagem, se é que a teve. Chamo eu a isto, cultura rápida, tal como a junk food, junk culture. A nossa sociedade vive esse mal, de não pensar por si própria, não criar, nem que seja uma revolução contra o uso e abuso de águas com gás com sabores a mais! E o chumbo de 74% dos alunos a matemática vai cada vez ser maior! Mudar mentalidades, melhorar a educação, claro, é tarefa urgente do ministério, dos professores, e os pais, quantos estão presentes nas reuniões de pais? cerca de 5% dos pais dos alunos! demitem-se de ser pais, educadores, vozes de protesto contra o estado da nossa educação? de facto, é o que acontece, ao não participarem nas reuniões. tudo isto são pequenos factos, mas que somados fazem de nós Portugueses um sério caso de lassidão, flacidez, deixar-se andar, sobre viver em vez de viver. Precisamos urgentemente de energia, atitude, raça, luta, nem que seja pela coisa mais pequena do mundo. Nem que seja para não deixarmos que o vizinho do lado continue a deitar as beatas para o chão da rua! Mudar é preciso!
E já agora, que acabe o verão e venha a chuva!

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