que te fiz eu
para perderes a inconsciência
do olhar?
que tormentos, que passados,
que angústias trespassei no teu coração boquiaberto aos sentimentos?
perdões, dívidas fiscais, ordenados,
são as finanças públicas
do teu terno olhar
castelos, fortalezas, riquezas, nobrezas, certezas de uma praia distante
memórias, insónias
de uma menina a sorrir
foste tu quem construiu novas vidas
foste tu quem geraste a inocência
adeus meu amor
parto sem títulos, sem reinado
mas por tua imensa saudade
despedaço-me na primeira vaga
dos oceanos vorazes da paixão
alimento as baleias no precipício dos mares, na abissal melopeia das marés
sou ferida aberta, peito perene
entregue à imensidão das soalheiras
tardes da melancolia
pago agora o preço da traição
sou fermento, espuma breve
a decompor-se a céu aberto
fui um ser, agora sou decomposição lenta e fétida.
só os abutres me querem!
Benjamim Rodrigues 22/07/2005
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