quinta-feira, dezembro 13, 2012

Confio em Mário Soares...

É claro que esta confiança restringe-se apenas ao que concerne à defesa das liberdades elementares, aquelas que a burguesia no prevalecente sistema nos concede no temor das conquistas que a luta pode trazer.
 
Ainda ontem o ouvi em entrevista na RTPinfo - está velhote, embora ainda lúcido está de facto fraco de memória, evidenciando-se a falha quando se referiu à década de 80. Esqueceu que aquele seu governo (foram vários) inaugurou o desrespeito pelo salário, coisa que nem Salazar se lembrou, e houve fome nas regiões com industrias vulneráveis, dependentes da importação ou da exportação que em consequência das decisões politicas monetárias de ora para baixo ora para cima, dilacerou em quatro ou cinco anos o aparelho produtivo, sectores estratégicos da economia do país. Foi evidente em todo o distrito de Setúbal e Lisboa, seguindo o distrito de Braga - mas o recurso aos salários em atraso, ao encerramento fraudulento (e impune) de empresas, então vulgarizou-se não sobrando região sem exemplos disto.
É verdade que a actual situação não tem comparação possível, mas Mário Soares ao invocar que só um Bispo descobriu que então havia fome, apesar da candura do estilo, mostrou bem o homem cínico e hipócrita que nunca deixou de ser. Bastava transcrever aqui o discurso da sua esposa na cerimónia de reconhecimento ao Bispo D. Manuel Martins quando saiu da diocese de Setúbal, para se perceber que é justa esta caracterização.

Mesmo admitindo que as suas opções politicas de então assentavam numa visão idilica da Comunidade Europeia/UE, a verdade é que recorreu ao FMI sem atender a outras alternativas então viáveis para a superação da crise, usando a boleia para moldar a estrutura económica do país à aventura de uma entrada fácil na CEE, de apenas consumidores de excedentes dos principais patronos da dita comunidade. A soberania foi atirada ás malvas, com comissões, secretários e ministros de calcinhas em baixo, de cu para cima e de cócoras a negociarem a respectiva integração.

Apesar de tudo reconheço que é um democrata, ficando por isto a aguardar opinões mais convincentes para uma solução de esquerda e patrótica. 

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