terça-feira, abril 26, 2011

O ENGÔDO

"Aquilo que, em todos os tempos, ancorou a liberdade no coração de alguns homens foi o seu encanto próprio, independentemente dos seus benefícios: foi o prazer de poder falar, agir respirar sem constrangimento, sob o único governo de Deus e das leis."

Bonita formulação, lindas palavras para prefaciar um livro que explicasse os mistérios que determinaram 300 anos de inquisição, a mal sucedida 1ª República, os 48 anos de ditadura fascista e a actual e intrigante alternância, que prevalecendo há 30 anos se ajeita mais uma vez, e desta ao toque do "toca a unir" que o Quartêto Cantante, ontem lançou de Belém.

Não fossem as chatíces que observo e tenho de gramar, fartava-me de rir à conta de tais escribas e palradores mais os experts da economia e finanças que de entre tantas contas e análises, ainda não só não nos apresentaram contas certas, como não atinam em outra estratégia que não seja esmifrar os mesmos.

Ainda ontem, quando observava à actuação do Quartêto em Belém, veio-me à memória o Mário ministro e o Cavaco ministro, o primeiro de calças em baixo por essa europa fora, recebendo ordens para destruir a economia em troca de fácil-pilim, o segundo a gastá-lo à tripa fôrra num cenário de oportunismos, por uma modernização sem sustento, onde até os coentros, as sanitas, as cebolas, os bidés e os alhos, passaram a vir de fora.

Eu que não tenho dúvidas que nos oito séculos de história, este foi o melhor regime politico que se edificou em Portugal, começo a recear pela democracia e pela liberdade, exactamente porque o Quartêto e a maior parte dos politicos da prevísivel alternância já não transmitem convicção, estão despidos de valores e de identidade, não se reveem na pátria - Os Lusiadas de Camões, ou o Menino do bairro negro do Zeca, já nada lhes diz !

Primeiro venderam e destruiram pela bitola da CEE, sobrando hoje a quebra de parâmetros de vida conquistados, a previsivel miséria, sem escola nem ferramenta para se dar um salto em frente. Agora, pôem em causa a soberania do país, optando pelo caminho da traição - não me admirando nada ainda ter de observar no Pavilhão Atlântico, à Coroação da Srª Merkel ou outro, como o Chanceler do IV Reich.

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A frase inicial foi escrita por um celebrizado arauto da Democracia Liberal, Tocqueville em 1856. Paleio que continua actual, servindo de engôdo na manipulação ideológica em curso, mas a verdade que emerge do processo histórico é outra. Desde há milénios que a liberdade se conquista e garante pelo usufruto do trigo, do centeio e do azeite que se produz, do peixe que se pesca e do gado que se cria. O actual depotismo em desenvolvimento, que assenta no pensamento único imposto pela nova agiotagem, que até nos impede de produzir, vai ter resistência - mais uma vez será pela dignificação do trabalho, pelo pão e pela paz, que se garantirá a liberdade e a democracia.

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