quinta-feira, fevereiro 17, 2011

O PS e a Hegemonia Neo-Liberal

A propósito das moções de censura e da posição do PCP e do BE, há dias referi num post que não me admiraria nada se num destes dias viessem a responsabilizar Jerónimo e Louçã, pelo agravamento dos juros nas operações de venda da divida efectuadas pelo governo.
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Então não é, que acabei de ler um escrito de Vital Moreira a fazer exactamente esta acusação.
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Andem por onde andarem, acabam sempre
no Centro, ou seja na direita.
Ainda há poucos dias no Fórum Novas Fronteiras, Sócrates borrifando-se p'rá busca de outras Fronteiras, com voz bem sonante gritou por mais de uma vez apontando o Centro, mais precisamente o Centro Esquerda Moderno.
Traduzindo assim uma postura própria de quem já rasgou todos os valores, principios e ideologias, de quem está rendido ao pragmatismo das inevitabilidades impostas pela actual hegemonia neo-liberal.
Seria bom para o país e especialmente para os mais desfavorecidos e outros que o não sendo, não desejam, nem integram clientelas do poder, que reflectissem sobre isto - nomeadamente os militantes do PS, que em breve irão reunir em Congresso.
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É que a actual situação nacional e europeia está vinculada à hegemonia neo-liberal, logo o espaço politico para a afirmação da soberania por parte dos países com economias menos possantes quase não existe, tendo como consequência a moldagem dos respectivos regimes democráticos aos exclusivos interesses das super estruturas financeiras. Este cenário, que só foi possível por sucessivas cedências dos politicos eleitos, com responsabilidades acrescidas nas ultimas décadas para os partidos da "defunta" Internacional Socialista, que em muitos países e nomeadamente em Portugal, está a ter um efeito redutor no significado e importância da soberania popular, substituindo-a pela individualizada e ajeitada abstração, a que chamam de cidadania.
O PS que ziguezagueando desde há muitos anos, sempre beneficiou a edificação do actual regime mafalda, bipolar, dito de alternância democrática - está hoje transformado numa agência com uma larga bolsa de recursos, nunca a bastante, para servir profissionais da politica afeiçoados ao estabelecido, firmes na defesa da enxovia. Gente sem convicções, sem afinidades ideológicas, despidos de valores a esvaziar um Partido cuja raiz histórica, teve como primado o valor da Soberania Popular de matriz Republicana.
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Na actual situação vinculada pela hegemonia neo-liberal, Sócrates ao reclamar para o PS o Centro Esquerda, está a condenar este Partido ao pragmatismo das politicas de retrocesso, ao conservadorismo da direita.

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