terça-feira, outubro 05, 2010

5 de Outubro/Discursos


Hoje pela TV, ouvi com atenção os discursos dos senhores Cavaco Silva e José Sócrates, nas comemorações do Centenário da República.
Talvez embevecido pela anterior encenação, pela música e pela poesia, os seus discursos, apesar das nuances de aparência contraditória estavam a parecer-me bem, eivados de conselhos e recados ditos com elevação cultural e histórica. Discursos motivadores e mobilizadores da consciência patriótica.
Mas de repente veio-me à lembrança os diversos cargos importantes que ambos ocuparam e respectivas épocas - Cavaco Silva foi 1º Ministro duas vezes e agora é Presidente da República, José Sócrates foi Ministro e está pela 2ª vez em 1ºMinistro - libertando-me logo, de imediato, das pérfidas más influências de tais discursos, até proferi um palavrão, aliás desenquadrado, pois eles não foram para onde os mandei, foram fazer inaugurações.
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Considero que é preciso possuir uma infinita lata para num dia destes dirigirem-se aos detentores da República, ao povo, da forma como se expressaram, como se a actual situação em que o país se encontra fosse da responsabilidade de todos, e nomeadamente dos ignorantes sem qualificação, incapazes de combater as forças ocultas, a transcendental origem de todos os males.
É pois preciso lembrar-lhes que a responsabilidade do povo se detecta exclusivamente no facto de os eleger para tão elevados cargos, de resto e por métodos ardilosos governaram e governam da forma que lhes interessa e para quem optam servir. Foram eles e seus congéneres que acordaram Maastricht, que abraçaram a criação do PEC, do BCE, Uruguay Rond, Moeda única, Organização Mundial do Comércio, Tratado de Lisboa, Liberalização do Movimento de Capitais e demais espaços supranacionais por onde se estendem os tentáculos do tal monstro "oculto", do tal sistema que dizem não poder controlar, gerador das falsas inevitabilidades que pretendem impingir a povos e países por esse mundo fora.
Em Portugal como nos outros países, não foram os "desqualificados e os ignorantes" que montaram o actual sistema que afirmam sem rosto, sem identificação, logo sem hipótese de controlo.
Os rostos existem, são nem mais nem menos os governantes eleitos como Cavaco e Sócrates, os mesmos que inauguram placas de homenagem no interior e exterior do edificio de Bruxelas, de subserviência aos lobies, aos interesses dos mais poderosos, placas de agraciação ao empreendorismo filantrópico e outras trêtas de contornos mafiosos.
Mas num dia destes,
as Repúblicas acabarão por
encontrar solução para isto.

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