Regenerar

É Preciso Romper Com Isto...

Basta estar vivo, beber um copo de vinho, ter água canalizada, habitar numa simples casa ou até numa barraca e ter um reles emprego de 400 euros mensais, para estar a pagar para isto tudo. Ninguém se liberta deste exercício económico, nem os distraídos, nem aqueles que dizem que não são políticos e que não querem nada com a política - todos, mas mesmo todos é que pagamos aos ministros, secretários, deputados e a muitos mais, garantindo até milhões aos bancos quando os "banqueiros têm azares na vida".

Paga-se tudo, tudo se paga no sistema que nos envolve, na estrutura da sociedade em que vivemos, colocando-nos assim na condição de todos sermos políticos - são os que votam fazendo a cruz no quadrado da sua escolha; são os que deixam o boletim em branco; são os que preferem fazer banda desenhada ou lá deixarem outro tipo de mensagens anulando o voto; são todos aqueles que nem sequer lá vão. Todos, mas mesmo todos que no uso destas diferentes modalidades, em cada 4 anos, deliberamos politicamente sobre quem vai ocupar os mais importantes cargos das Instituições da República.

Partindo do princípio de quem paga não só gosta como exige ser bem servido, o que se observa em crescendo desde há mais de trinta anos, é que os portugueses, a maioria dos que votam mais os que se abstêm não fazem exigências, reduzindo a sua atitude apenas a legitimar em cada 4 anos a oligarquia assente em dois partidos, PS/PSD, os quais dominam e partilham continuamente o poder entre si.

É por aqui que se identifica a endémica doença da Democracia. As "elites políticas"oriundas daquela oligarquia partidária, os seus arautos, têm habilidosamente ao longo dos anos banalizado de tal forma o conteúdo do conceito Cidadania, que hoje ao nível do relacionamento entre instituições e estas e as pessoas, em toda a sociedade, vai preponderando a bajulice e o triste acolhimento da delação. Quando alguém, organizado ou não, participa, intervém ou manifesta exigências, mesmo que no uso legal e constitucional dos seus direitos, acaba quase sempre considerado um empecilho ou membro de uma qualquer corporação tenebrosa - isto mesmo por parte dos maiores responsáveis, cada vez mais acompanhados pela crescente e conforme opinião de muitos concidadãos, seus indefectíveis apoiantes.
O que há anos não passavam de tentações isoladas, hoje corresponde a uma prática generalisada que atravessa já todos os patamares da pirâmide do poder. Até no poder local, nomedamente onde se verifica o exercício continuado pela mesma força política, tais práticas, salvo raras excepções, são também a este nível já demasiado evidentes. (*)

A necessidade de combater esta doença endémica da Democracia - que a não acontecer nos levará nos próximos dois actos eleitorais, não só a manter a actual situação corrupta e pôdre, como a legitimar mais uma vez o dominio dos mesmos (PS ou PSD) políticos, que servindo-se da política querem transformar a República na sua própria Quinta.
Contrariar isto, obriga a que se verifique uma ruptura com expressão eleitoral, geradora de dinâmicas cimentadas na participação e no optimismo, na regeneração do processo democrático. Só assim existirão soluções para os graves problemas do país, sem recurso a métodos autocráticos, cujos limites solicitariam a violência.

O país está endividado, sem soluções para a Economia, Justiça, Educação e Saúde, observando-se a sistemática redução de todos os sectores produtivos - está já em causa a soberania de Portugal. Não será com as presentes elites detentoras do poder (PS e PSD) e as repetidas receitas politicas desde há mais de 30 anos, que sairemos deste lamaçal.

(*) - o Concelho da Moita é bom exemplo.