Decorria a década de 70, quando em consequência da 3ª guerra Indo-Paquistanesa, que possibilitou a independência de Bangladesh, no Paquistão o ditador Yahya Khan foi forçado a renunciar, terminando assim a ditadura que durava à 15 anos.
Em eleições, o PPP, Partido do Povo Paquistanês de Zulficar Ali Butto chegado ao poder - distribuiu terras aos camponeses, nacionalizou as industrias alimentares básicas e fez evoluir em direitos a legislação laboral então quase inexistente. Tais politicas levaram a que aquele país, cujo território outrora fora a joia da corôa da rainha Vitória, fosse afastado da comunidade Britânica, verificando-se assim uma aproximação, aliás natural, aos países árabes islâmicos.
De notar que naquele território o povo é a mistura de Persas,Gregos,Hunos e Iranianos que os árabes converteram ao islamismo no século VIII, sendo colonizado pelos Britânicos a partir de 1773.
Butto, pelas decisões politicas internas gerou desconfiança nalgumas democracias ocidentais, nomeadamente por parte dos EUA, situação que se agravou quando pretendeu ingressar no Movimento dos Não-Alinhados, instabilizando assim o pacto militar CENTO, que integrava com a Turquia, Irão e EUA. Isto a par da opção pelo nuclear em acordo com a França.
Mediante isto, a CIA montou uma grande manobra desestabilizadora a partir de sectores identificados com actos de fanatismo religioso, abrindo caminho ao golpe efectuado em 1977, levando o afeiçoado general Zia ao poder.
De imediato desnacionalizou, retirou as terras aos camponeses, proibio sindicatos e partidos, alastrou a repressão. Foi com este ditador que a CIA passou a usar o território para a "guerra secreta" contra o governo de Cabul, saído da revolução de 1978. Foi nessa altura que a CIA formou inúmeros quadros, hoje membros da Al-Qaeda, incluindo Bin Laden.
Enquanto isto, Ali Butto foi enforcado.
Hoje o PPP de Benazir Butto, que assassinaram, não tem a pujança do tempo de seu pai, o percurso eivado de corrupção deixou profundas marcas, embora continue a congregar uma boa parte dos trabalhadores e camponeses que ainda não esqueceram melhores tempos, assim como intelectuais e cientistas que não se reveem numa sociedade onde impere o fanatismo religioso. Situação de caos que os EUA impulsionaram e que hoje não controlam, com tal expressão, que já existe quem admita que a Al-Qaeda se instalou com armas e bagagens, preferindo o Paquistão ao Afeganistão.
A realizarem-se as eleições, sejam quais forem os resultados, a situação será de profunda instabilidade - o fanatismo religioso a par de acções de terror, corporizadas por ex-aliados dos EUA, irão manter um conflito permanente.
Não é de admirar que os EUA se voltem e aliem ao Irão, posto que este país faz fronteira com o Afeganistão e o Paquistão.
Para os governantes americanos, tratam-se de opções fáceis, pois a guerra é sempre na casa dos outros.
2 comentários:
O Miguel Portas não faz melhor..!
Gosto de ler o que Miguel Portas escreve, mas identifico-me mais com os trabalhos de Miguel Urbano Rodrigues - é mais preciso no plano ideológico e de classe.
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