domingo, dezembro 30, 2007

SINAIS DO TEMPO


O Cardeal Patriarca de Lisboa, eminência D.José Policarpo, na homilia de Natal, transmitiu aos crentes o valor da Esperança, alertando-os para o maior perigo que a humanidade actualmente enfrenta.
Ao invés do que se poderia supôr, não se referiu à influência e poder de Satan, nem sequer lembrou por práticas similares a Al-Qaeda e Bin Laden, nem tão pouco Bush,Blair,Aznar e Barroso. Para fundamentar a ideia que expôs, não lembrou a fome, a sida, a miséria e as guerras que persistem e alastram pelo mundo. Preferiu dizer - "Todas as formas de ateísmo, todas as formas existenciais de negação ou esquecimento de Deus, continuam a ser o maior drama da humanidade".

Eu, porque não sou crente e nasci sem a benção de Deus por opção dos meus pais, nem baptizado sou. Sem saber, integro uma hipotética horda de malfeitores, responsável nas palavras de D. Policarpo, pelo maior drama da humanidade.

Porque sei eliminar o ódio, fico-me apenas pelo nojo e raiva geradas por tal homilia, não resvalando por isto para a tentação jacobina de desejar a limitação das liberdades religiosas.

Sei que D.Policarpo é uma pessoa culta - formado em filosofia e licenciado em teologia dogmática pela Pontificia Universidade Gregoriana de Roma, foi reitor da Universidade Católica de 1988 a 1996 e já publicou cerca de 40 livros e estudos. Percurso este que torna inaceitável e até assustador, ainda possuir convicções que o levam a proferir tais homilias.
Use D.Policarpo ou os crentes católicos os argumentos que quiserem, mas tais ideias não foram inspiradas pelo vosso Deus, nem são recado do vosso profeta. O recado veio do Vaticano. É a orientação de Bento XVI a ser divulgada, à qual o Cardeal submisso se curva.

Infelizmente são estes os sinais do tempo - as orientações doutrinárias do Vaticano desde o anterior Papa têm vindo a distanciar a Igreja da sua matriz cristã. O esforço de aproximação ás religiões Muçulmana e Judaica explicam a obcessão de João Paulo II por Maria. Pois esta é uma personagem reconhecida pelas três religiões, ao contrário de Jesus, só reconhecido por cristãos.

Percebendo-se assim o lento mas persistente caminhar de retorno ás origens, ao pai reconhecido pelas três religiões monoteístas - o profeta Abraão - cuja descrição biblica o identifica com a violência e o fanatismo, posto que até se dispôs a matar o filho para merecer a confiança de Deus.

Por tudo isto, e apesar do que escrevi, desejo que D.Policarpo não se volte a curvar ao Papa, pois se o fizer, ainda o verei a lançar na fogueira livros que escreveu, como: " O que o espirito diz à Igreja hoje" e " Sinais do Tempo".

Hoje é o dia de evocar a Sagrada Familia, que embora eu não goste da composição por faltar uma mulher. Sem ser crente, não me agrada que alterem o calendário litúrgico
em resultado de no Vaticano, um dia destes, decidirem meter os Evangelhos na gaveta.

É que sem a benção de Deus, os não crentes, não são piores cidadãos que vocês.

- VIVA A LIBERDADE !

4 comentários:

Anónimo disse...

Gostei!
Eu não ouvi o D. Policarpo e não fazia ideia sobre este pensamento,tempos perigosos,caminhos perigosos estes que a igreja indica aos seus crentes
Bom Ano para ti!
Lá te espero na esquina da liberdade!

César Marrafa disse...

Falou e disse!
Espectacular o comentário.
*****
Bom ano.
VIVA A LIBERDADE

Anónimo disse...

The Story of Stuff

É a minha proposta de Ano Novo para ouvir e pensar.

Até mais.

Anónimo disse...

Coitado do bispo que não sabe o que diz...É por causa destas e outras é que o Padre da Lixa zarpou e encotou-se ao Ratzinger acompanhando o Leonard Boff lá prás bandas do Vaticano. O mundo tem destas coisas..!

A criminologia intelectual vai aumentando porporcionalmente à descida do conhecimento geral, e por muito que o bispo escreva livros e dite homilias não deixa de fazer parte do maior e mais conceituado gang mental.

O que se passa na América Latina, na Ásia e em África percursando os trilhos da Liberdade, tem muito a ver com o arregaçar de mangas fascistóides encapuçados de santos mártires...