Estou na costa-oeste
Peito esquerdo do teu corpo
raio solar amanhecendo.
N'este lugar
és ressentida, choras descalça presa nas grilhetas
atadas no Ocidente; VIVO AGORA AQUI
para espésinhar os teus póros, tapar o teu fôlego
cerrando os teus lábios carnudos e trémulos.
Tremendo em ti, só os ouvidos vivem e respiram as minhas palavras.
Quero-te apertar Geba, Crioulo, Virgem e outras.
Quero-te espremendo a selva brotando os teus filhos,
dissolvendo, aspirando num boca-a-boca o oxigénio escuro
das rãs brancas: NICOTINA & NAPALM para que o seu corpo
seja cuspido em forma de hipnose.
Que o teu sangue deixe de brotar já não vendo chegar os outros filhos,
hipnotizados caricatas tesos do outro lado do Atlântico.
Fundo do inferno, aqui onde ri a secura
para o 4º mundo ou para a dilatação da liberdade.
Que esperas resistente e não morta.
(poema escrito na Guiné em 21 de Abril de 1974, o autor era outro Broncas, bem mais novo)
2 comentários:
Bonito, profundo e sentido.
Este é profundo. Existem poetas que não conhecemos.
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