domingo, julho 16, 2006

TERCEIRO MUNDO

O homem vinha descendo a rua, assustou-se, caíu-lhe na cabeça um saco de plástico, húmido e cheio de cagalhões de cão ou de gato, vociferou com razão," cambada de porcos, os da Câmara é que deviam ver isto, parece que estamos no Terceiro Mundo."
Outro, no autocarro sentou-se num banco que estava rachado, refilou que se fartou, "no estrangeiro assim não circulava, só cá, até parece o Terceiro Mundo."

Conheço os dois, o primeiro foi pouco mais longe que fátima e umas quantas voltas saloias, o segundo com a mania dos toiros conhece V.Franca, Badajoz e talvez Sevilha, a Santarém sei que nunca foi. Mas ambos conseguem a proeza de "conhecer o Terceiro Mundo".

A expressão Terceiro Mundo, como a da República das Bananas, vulgarizou-se desde a simples conversa ou refílisse, até a recurso empolado nos discursos de muitos politicos eleitos, sendo neste caso, diferente e perigoso, pois não traduz normalmente ignorância, antes contém uma intenção ideológica e política, mais das vezes uma postura eivada de "inevitabilidades", a empurrar-nos para o conformismo com o actual sistema que vigora no mundo.

Quando o demógrafo francês, Alfred Sauvy em 1952 empregou a expressão Terceiro Mundo, aludiu em análise histórica ao Terceiro Estado da sociedade Francesa, anterior á Revolução de 1786. Este Estado correspondia a todo o povo desapossado de privilégios em oposição ao Clero e à Nobreza. O Terceiro Estado caracterizava a marginalização politica na sociedade da época e a consciência social que crescia para superar aquela situação.

A generalização então promovida por jornalistas e meios diplomáticos, coincidiu com o ascenso dos movimentos de libertação e a sublevação dos Povos contra o colonialismo, de onde brotaram novos Países num quadro internacional que os "condenou" à marginalização.

Recentemente descobri escritos do economista Egipcio, Ismael-Sbri Agdalla anteriores à Conferência de Bandung em 1955, onde escreve "... a visão histórica é fundamental para a compreensão do Terceiro Mundo, porque, em definitivo, este é a periferia do sistema produzido pela expansão do Capitalismo Mundial."

(continua)

1 comentário:

Anónimo disse...

eSTOU À eSPERA DA CONTINUAÇÃO.