segunda-feira, julho 24, 2006

O Navegador Narcisista

Infelizmente,
na gratuita
névoa oceânica
o poeta partiu

E os acasos e mudanças
do tenebroso vento
fizeram o navegador
ainda mais solitário

Compreendeu um dia
que o mar faz-se de partilhas,
de abraços e muita serenidade
oculta num mar revolto

Sem essa vulnerabilidade
o poeta cai, o navegador
é naufrago, a bruxa sempre adivinha
o que nos vai na alma

Em rotas circulares
o aventureiro navegador
perde-se, ensimesma-se com o seu próprio rosto
vai à bolina com o seu narcisístico olhar

E encalha, gratuitamente
fica na modorra das cálidas
águas superficiais.

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