quinta-feira, junho 29, 2006

Barrocas Paisagens do teu Olhar

O porquê do teu nome, não sei!
Conhecemo-nos há dois minutos
no café arcádia, junto ao luminoso
tecto de pinturas barrocas

Contei-te das minhas viagens,
do meu mundo
disse-te o meu nome,
e nem sequer me olhaste de lado.

Fiquei perplexo, irritei-me por
não me odiares naquela enseada
dos corpos ausentes

Continuo sem saber o teu nome
Prefiro nem sequer pensar nisso
Só não quero voltar a olhar-te de viés

Não quero chegar ao frémito
da evasão dos sentidos
a suposta melodia inacabada

Apenas o teu olhar, a montanha
que transportas no teu pensamento
O tique silencioso e imperceptível
da tua ondulação, dos teus queixumes

Sofro contigo, na agonia de te ver
suicidária das emoções
Loucura permanente e inusitada

-Levantei-me de repente!
Osculei-te a mão antes que pudesses
retorquir uma palavra de desagravo
ou solidão

Perdi-me nas ruelas da cidade incauta.
Só pensava em te esquecer!
Sacudir a poeira herege do meu
inexperiente amor

A mordomia do gesto consentido
a palidez da memória
e o teu odor inacabado
Ah! Que tresvario é esse em
que ambos consentimos?

Que remorsos ficaram?
Que funesta nuvem trespassou
o meu púbere corpo?

Decidi esquecer-te, lembrando-te!
E perscrutando os teus etéreos
sonhos na frondosa copa dos
viçosos e altos carvalhos

Vi-te e revi a eterna inocência
da minha voz velada
perante tamanha sapiência
nos gestos e atitudes que
asseveravas

-Adeus, até logo!
Despedi-me de ti,
árvore secular

E persignado, percorri
as rotas da imaginação
diante das mais sagradas
imagens que me ofereceste
num puro gesto de amor profundo!

[Dedicado a t(r)i...lby]

1 comentário:

Trilby disse...

Honrada com a dedicatória. :)