quarta-feira, abril 19, 2006

BALANÇO da QUARESMA

Foi relevante o acréscimo de actos de culto, a crescente reposição de "tradições", o brilhantismo enternecedor da 1ªcomunhão, as procissões do Srº dos Passos e do SrºMorto que mobilizaram 1,8 milhões em todo o País, as missas em directo mais os cânticos tradicionais e os habituais filmes mensageiros da biblia.

A comunicação social deu brado mais do que o habitual, nesta fase de expectante pressão para que o Vaticano beatifique os pastorinhos, na fé de que a ciência reconheça que também eles curaram, também eles pela graça do Imaculado Coração de Maria executaram milagres.

Mas nesta Quaresma, nem toda a actividade se confinou ao culto, ao jejum e abstinência, nem o negócio se resumiu à cobrança das bulas - sem que a imprensa desse brado, realizou-se em Braga a Semana Social de 2006 sob o tema "Uma Sociedade Criadora de Emprego".

Lá estiveram os "Príncipes da Igreja", os cardeais Renato Martino, José Policarpo e a corte de de bispos e arcebispos acompanhados dos "europeístas" Jacque Delors e António Guterres. A eles juntaram-se banqueiros e tecnocratas do sistema neoliberal como António Borges, Vitor Constâncio, Silva Lopes, Augusto Mateus, Arlindo Cunha, Braga da Cruz, Valente de Oliveira, Roque Amaro, Barbosa de Melo, António Vaz Pinto, Marçal Grilo, Mário Pinto e Roberto Carneiro, não se decifrando outros pelo secretismo que a OPUSDEI impõe.

Juntaram-se assim, lado a lado os responsáveis pelas pastorais sociais e os mentores do capitalismo selvagem.

Concentraram-se durante três dias. Apesar dos condicionalismos dogmáticos da Quaresma, não perderam tempo com o terço ou com idas ao confessionário. Não perderam tempo, preferiram aprofundar entendimentos e alianças nos mega-negócios que envolvem os processos de fusão de capitais em curso, na divisão dos lucros entre a banca e a Igreja e nas contrapartidas politicas que o Vaticano exige.

Não se estranha assim que a comunicação social e a própria Conferência Episcopal não tenham dado relevância pública áquele conclave de "excelsas personalidades", nem tão pouco às intervenções individuais lá proferidas. Prevaleceu o secretismo, ou não fosse o "silêncio a alma do negócio".

Não são poucos os Católicos que hão-de sentir-se ultrajados e traídos, ao observarem que as sua Semanas Sociais foram manipuladas pelos altos funcionários da Igreja, coadjuvados pela alta finança e respectivos comparsas da politica.

Ninguém livre lá esteve.

2 comentários:

Chapa disse...

E o Bin Laden? Andava a dormir?

k7pirata disse...

Todos bons rapazes sem duvida.