O melhor candidato da esquerda para a 2.ª volta
As eleições presidenciais estão aí, à porta. Os debates nas televisões já começaram. Os portugueses que ainda não decidiram o seu voto esperam respostas claras às suas dúvidas.
O primeiro embate, Manuel Alegre/Cavaco Silva, não trouxe nada de novo. Foi uma completa desilusão. Os seus intervenientes tiveram uma amena cavaqueira. As ideias não abundaram. O confronto esquerda/direita não existiu: as propostas políticas quase não se distinguiram. Ambos os candidatos chumbaram no exame.
De Cavaco já conhecíamos o discurso vago e oco. De Alegre esperava-se mais (eu, pelo contrário, porque o conheço de antigas batalhas eleitorais no distrito de Coimbra, não fiquei surpreendido). Ele foi, por isso, o principal derrotado. Perdeu votos à esquerda, e só ele é culpado disso. Não conquistou, provavelmente, votos à direita. Os candidatos Mário Soares, Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa estão agradecidos.
No momento em que escrevo, ainda não aconteceram os outros debates. Contudo, pela postura, conhecimento e experiência posso afirmar com relativa segurança, que os principais adversários de Cavaco são Francisco Louçã e Soares.
O último tem a vantagem da experiência. Mas tem contra ele todos os portugueses que acham que devia dar lugar aos mais novos. Francisco Louçã tem a vantagem da coerência, do conhecimento e das propostas políticas inovadoras. Os próprios adversários reconhecem-lhe mérito. Alegre diz mesmo que o que Louçã propõe no seu manifesto “sobre a Segurança Social é algo de inovador, que não vi, até hoje na Europa” (Visão, 8/12/2005). É nele que os desiludidos de Manuel Alegre vão, talvez, votar.
Jerónimo também lucra: aumenta as suas possibilidades de manter o seu eleitorado tradicional. As possibilidades de passar à segunda volta são menores que as dos outros candidatos e se tal acontecesse seria o pior candidato para enfrentar Cavaco.
Em suma: partindo do princípio que a maioria dos desiludidos de Alegre votarão em Louçã – dificilmente em Soares e muito menos em Jerónimo – é bastante provável que ele seja a grande surpresa das presidenciais. Por esta razão, aumenta o número de portugueses que vê o confronto Cavaco/Louçã (e não Cavaco/Soares) como o grande debate destas eleições – ambos são economistas conceituados, mas o candidato da esquerda tem melhor capacidade expressiva.
Vítor Barros
1 comentário:
É demasiado óbvia, ligeira, ou seja ajeitada, forçada, a análise exposta. Todos sabemos que assim não vai ser. O bom seria à 2ª volta o Louçã e o Jerónimo. Todos sabemos que assim não vai ser. Se existir 2ª, sei onde votar,p'ra já num destes dois, se aparecer outro, ainda não sei se vou ajeitar-me a ter de votar mais uma vez num aldrabão... mas é que não me apetece nada fazer a vontade ao Sócrates.
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