O grupo de teatro "A Barraca" completou este ano 29 anos de actividade ininterrupta. Nestes tempos que correm onde a cultura parece estar destinada a "Esquadrões G's" e a "Primeiras Companhias", não esquecendo o roll de telenovelas, Maria do Ceu Guerra e Helder Costa, entre outros, vão dando ainda algum sal a esta pasmaceira. O facto é que só de boa vontade e amor à camisola já não é o suficiente e o grupo encontra-se num momento de ruptura económica. Encontra-se disponivel uma petição colocada on-line com o titulo "SOS uma política para a cultura", onde retrata as acusações e persiguições efectuadas pelo Ministério da Cultura, com os cortes sucessivos e continuados de verbas atribuidas.
Faz a leitura da petição e assina, aqui.
2 comentários:
De recordar que A Barraca esteve presente na Moita com "o Baile" na Capricho Moitense, uma excelente peça teatral a partir da ideia de J.C. Penchenat e do filme de Ettore Scola, encenação de Hélder Costa. Recebeu o Prémio Procópio.
Vamos lá ver:
- A Barraca é uma associação cultural que tem passado ao longo de quase 30 anos uma ideia de cultura, comunicação, encontro com os públicos. A Barraca foi uma das mais importantes companhias logo após o 25 de Abril. Não só pelas peças que levaram a cena, mas pelas tertúlias, os concertos ao vivo de grandes cantores de intervenção, as propostas estilo Living Theatre, nos anos 70/80, em que o público participava activamente. A Barraca é uma referência em Portugal e no estrangeiro (lembro o Brasil). É uma vergonha que não seja dado real importância ao seu trabalho, aos seus actores, ao seu projecto. Mas por outro lado, não o posso esconder, a Barraca enquistou no tempo. Os actores são quase sempre os mesmos, os encenadores também, os autores idem. Ou seja, a Barraca e os seus responsáveis estão um pouco fechados ao mundo exterior. A Barraca não sai tanto para fora como fazia antes (por falta de vontade ou porque não são convidados?), não os vejo nos Festivais de teatro, vejo a maior parte dos actores na televisão a fazer séries de fraca qualidade (o que também não ajuda nada ao próprio grupo na definição de qualidade dos projectos), o encenador, por ser só um, apenas dá a sua visão dos textos e a mensagem que transmite é unidireccional. Falta convidar encenadores de fora, actores com outro tipo de experiências, experimentar e ousar um teatro mais experimental, sem ter em mente apenas a ideologia política. A Barraca deve, para seu bem, abordar as peças políticas, questões filosóficas, morais, mas também peças sem que isso seja o cerne da acção. Não estou a pedir para que baixem a qualidade do seu repertório, mas convém que alarguem o espectro de peças a abordar, que a sua relação com os media, com o marketing e a divulgação cultural se adaptem ao dealbar do Século XXI. Porque também gosto da Barraca, apoio-os, como é obvio, estou com eles, mas também é preciso mexerem-se e agitarem um pouco a sua Barraca, para que algum pó seja sacudido.
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