Chegou-nos à caixa de correio o seguinte e-mail, que passo a transcrever em resposta a um comentário anónimo, onde é frisado o nome do autor deste e-mail.
Deixo-vos tambem desejos de um Natal cheio de amêndoas.
"Para Exmº Sr. Anónimo
Fique o Sr. pajem a saber que estou de acordo com o panfleto "a Bosta". Gostava de ter tal sabedoria, mas não tenho, ficando-me pela distribuição voluntária quando tenho a sorte de os receber.
Sem o saber e jeito de quem elaborou aquela folha, vou tentar descortinar do raivoso palavreado que expeliu; "algum trato que valhe a pena".
Sobre toiros, boiadas e a parolíce do congresso mundial, nem comento. Deixo-lhe apenas a certeza que não é pela sua caracterização que vou deixar de gostar das Festas em Honra da Nª Senhora da Boa Viagem, as festas da minha terra.
Sobre os diversos impropérios que usou, destaco aquele em que na impossibilidade monárquica de hoje poder recorrer ao Santo Oficio condenando-me à fogueira, ficou pela escrita berrada, "-não prestas para nada!". Deixo-lhe a certeza que na foto, mesmo juntinho a D. Bacócó descobre quem pense como você, e de entre os orgãos autárquicos arranjo-lhe mais uma carrada, mas não vou contar porquê. Se aí me considerarem "pessoa não grata", acredite que vou ficar triste, mas por estes motivos, suporto bem as ingratidões.
"a Bosta", com delicadeza nunca referiu o nome do Sr. Duarte, ao que parece bom cidadão, referiu-se apenas a D. Bacócó, como figura inventada a simbolizar a monarquia que só existe no seu baú. Já você, usou o meu nome que ao contrário do Sr. Duarte aí já trabalhei, sem ser sócio, a convite dos amigos Amandio e falecido Justo.
Sobre a de não fazer nada como você, informo-o de que a empresa onde trabalho está a recrutar pessoal.
Além do trabalho p'rá bucha, integro os corpos gerentes de duas associações na Moita, e colaboro com mais três, no Barreiro e em Setubal - sempre a troco de nada. Sou um militante associativo.
Trata-se de um espaço que permite a elevação cultural, o convivio, o desenvolvimento das capacidades individuais e colectivas, a emancipação e exercicio da cidadania. Por isto, cedo aprendi a não confundir factos com opiniões, respeito com vassalagem, objectivos com vaidades, tradições com parolíces e crenças com crendíces.
Saiba que as crenças não sendo um "produto cultural", determinam formas de estar n mundo e na vida, geradoras de parametros e referências influenciadoras de toda a sociedade, por isto, não sendo eu crente nem tão pouco baptizado, não tive dificuldades em fazer presépios e montar cenários a convite do Sr. Padre Fernando e de professoras das escolas cá da terra. Como pode verificar, sou respeitador de crenças.
Já em relação às crendíces, às seitas, astrólogos, videntes, bruxos e parôlos, não me preocupo com o respeito, combato-os quanto posso.
Estou assim de acordo com "a Bosta", pois o Círio aí descoberto no seu baú, é uma aldrabice animadora de crendíces, um despropósito nos tempos de hoje. Uma condenável habilidade revivalista e abusadora da legitima fé de quem é crente.
A crendíce, é um instrumento obscurantista forte, usado na monarquia e na ditadura fascista, em que a opinião desenvolvida de cada um não contava, o bom de então era sermos passivos, "festeiros" e essencialmente estupidos.
Tambem a visita do Sr. Duarte, o convite que lhe foi feito, não deverá ser assunto que nesta terra deva ficar pela ingenuidade de quem gosta de histórias de reis e rainhas.
Pelo que escreveu, raiva e empenhamento demonstrados, trata-se de instrumentalizar uma associação, importante na vivência colectiva desta vila, ao serviço dos ideais da monarquia, ressaltando até a tentativa de compromissos com a reabilitação das regatas reais. Quando você refere a "Ditadura Republicana de 1910 a 1918" mostra o seu ódio à Republica, demonstrando assim que para a petulante cerimónia, nada foi ao acaso.
Naquele periodo histórico, talvez o mais importante na estruturação do estado durante o século XX verificou-se a laicização, igreja à parte do estado, notariados, conservatórias e registos deixaram de estar sobre o controlo da igreja. Processo essencial na contenção de fundamentalismos.
Foi um passo importante na evolução das relações sociais, cujo bem sem sequer hoje se pensar, todos colhêmos.
Hoje fico-me por aqui. Talvez até apanhar outra folha de "a Bosta" para distribuir. Só desejo que não seja em resultado de uma outra visita sua ao tal baú dos anacronismos. Já pensou se por lá descobre alguma aparição no Alto do Carvalhinho, com registos de milagres e milagretes? Já calculou a trabalheira que iria dar aos autarcas? Que em prol do desenvolvimento sustentado da Vila, teriam de estratégicamente preterir a tauromaquia, para em favor da espiritualidade, construir um imponente santuário?...
Reveja-se, abandone esse fundamentalismo acrítico, cultive o humor e a seriedade.
Desejo-lhe um bom Natal, para si e para os seus. É que por mais voltas que dê à cabeça, não consigo ser inimigo de quem não conheço."
Luis Morgado
2 comentários:
Acho que a ideia da restauração da monarquia é um acto de lesa-Pátria e não podemos ser condescendentes com um regime que pretende unir as duas coroas e formar assim um reino ibérico anti-natura e à revelia da nossa história e do nosso conquistado lugar no Mundo.
Quem advoga a união ibérica é um traidor de Portugal, e como tal deverá ser tratado, seja ele Duque ou Plebeu !
Morte aos traidores e Viva a República !
AV2
Acho que voces nao deviam criticar tanto o facto de se quererem restaurar velhas tradições.
pelo contrario deviam ajudar nessa tarefa.
mas como estas pessoas da moita são MÁS, ja se espera todo o tipo de critica.
mal lingua
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