Hoje deparei-me com duas situações, que me deixaram com mágua no interior (daquelas coisas que sentimo-nos feridos e não encontramos lugar onde colocar o penso rápido). Uma jovem que tinha dado à luz um rebento lindo, toca na minha campainha e pede por favor leite para o seu filho, o bébé chorava imenso. Não sendo eu ainda conhecedor das noites em branco cuidando de um rebento, fiquei um pouco atrapalhado.
A jovem perdeu o emprego numa das fábricas de confecções que existiam no nosso concelho, o pai da criança emigrou procurando enviar alguns tostões, mas parece que a coisa não corre bem e a exploração a que é sujeito faz-me recordar a luta do Primeiro de Maio. Ajudei no que pude e o bébé lá se acalmou com a barriguita mais aconchegada, como o Zé Mário Branco canta "...Sempre que Abril aqui passar, dou-lhe este farnel para o ajudar...". Não me sai da memória a imagem de desespero e sofrimento daquela jovem mãe.
A outra "ferida" encontrei-a na rua, sou abordado por uma senhora de idade avançada a qual arrastava um carrinho e pede-me para lhe comprar uma camisola para realizar algum dinheiro, porque estava sem gás e sem luz em casa, é viuva e a pensão mal dá para a renda e medicamentos.
Em que mundo vivemos?
Com estes desesperos não é de admirar que as familias Portuguesas acabem por ir na cantiga do dinheiro "fácil" nas suas contas, "telefone já". Tanta gente sem nada e tanto colarinho branco a encher-se. Isto tem de mudar, não devo ser só eu que procuro onde colocar o curativo.
1 comentário:
Eles, os poderosos da pirâmide, ordenam que relativizemos as coisas.
Em África, na A.Latina e noutras bandas, não vale a pena pedir, são poucos os que têm um pouco para dar.
Por cá, mais bébé menos bébé, pouca diferença faz nas estatisticas. E como eles gostam de estatisticas(!?).
-Pi-Pi
Enviar um comentário