e lembrei-me do meu amigo Chico Sacôto, personagem do livro "A Libertação de Olivença"que danado com a família e a miséria, se pira para aventura com uma espingarda e alguns haveres num carro de mão. Não pensem que é literatura de cordel, é um excelente trabalho literário de um escritor Moçambicano condecorado por Jorge Sampaio - nisto, o meu amigo Chico e também do Ascêncio, foi apenas o personagem eleito pela imagem intrépida das suas travessuras na vida.
Mas o Chico também escrevia com imaginação. Uma vez escreveu-me uma pequena biografia para uma exposição de desenhos a lápis de côr que esteve no então NARSAS, diga-se que muito visitada
pelo pessoal que anda por aí sem cargos, no precário e com horários desfacelados, sem contar o dos copos, escreveu: Broncas (*) que nasceu em 6 de Outubro de 1951, ás 6,30 da manhã p'ra lá do Carvalhinho, numa rica casa com telhado de colmo quase junto da linha dos caminhos de ferro, nasceu sem a benção de Deus, mas o comboio ao passar áquela hora, apitou três vezes...
Entre estas e outras tive muitas lembranças, ao ponto de perceberem que não tinha dinheiro para ir ao Concerto de Leonard Cohen., vai daí ofereceram-me o seu último CD "Old Ideas", que estou a ouvir neste momento em que me apetece escrever disparates que chateiem.
Mas tive um bom dia, um dia de banzé, um dia de República com netos e sobrinhos...
(*)em vez de Broncas estava o meu nome. Por decência explico que o comboio apitou mesmo, havia naquele tempo um comboio ás 6:35 para o Barreiro, que naturalmente estava obrigado a apitar antes depassar a cancela.
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