quarta-feira, março 30, 2011

Crise/Eleições (2)

Continuem os sábios, os experts das finanças e da macro economia com a sua "Cartilha das Inevitabilidades", mais os bruxos, Arcanjos do Deus Mercado a ter tempo e espaço para impôr a sua exclusiva visão, e acabaremos todos distantes de uma sociedade harmoniosa, envolvidos em graves conflitos, explorados e reprimidos, definhados e outra vez a lutar pelas liberdades.

A actual crise internacional, como outras de menor expressão ainda recentes, resulta de politicas, logo de decisões de governantes eleitos que há muito deixaram de servir os respectivos povos e países, embrenhando-se num sistema que está a tornar-se incompatível com a liberdade e a democracia. Foram e são as politicas monetárias que estiveram na origem e na manutenção desta situação que se agrava diáriamente, destacando-se os STATES, mas não só, cujas decisões têm um enorme impacto sobre a liquidez a nível mundial e sobre os movimentos de capitais - sem qualquer preocupação, quando a liquidez em dólares deveria traduzir alguma estabilidade, acrescendo centenas de milhões injectados na economia sem consagrar nada ao dominio social, a par da insuficiência dos rendimentos salariais e sociais, mais o excesso de capital acumulado, que estão na origem desta crise iniciada em 2008.

A crescente liquidez, está assim a alimentar a especulação sobre as dividas públicas, alastrando as politicas de austeridade impostas pelo FMI, mas também para as matérias primas e produtos agricolas, cujos preços geram a fome, continuando a investir em moeda e em valores bolsistas, obrigando os Estados a intervirem para diminuir dificuldades nas vendas ao exterior, crescendo também a agiotagem que estrangula o financiamento de diversos países, um dos quais Portugal.


É claro que para as dificuldades existentes em países como a Irlanda, Grécia e Portugal, concorreram outros factores, oriundos dos processos de integração na CEE/UE e posteriormente na adesão ao euro - comprovadamente a destempo para estes paises. Em Portugal, começou com a intervenção do FMI (década de 80) motivada pela dívida externa de então, forçando decisões monetárias que incidiram em sectores e empresas cuja matérias primas dependiam da importação, isto a par de decisões politicas que interditaram o Estado de qualquer intervenção, levou à multiplicação de falências e a uma crescente impunidade que permitiu o encerramento fraudulento de centenas de empresas, espoliando milhares de trabalhadores dos seus direitos mais elementares, incluindo o pagamento de salários. Verificando -se assim o desaparecimento de muitas empresas que produziam bens transacionáveis, traduzindo-se numa enorme redução na capacidade produtiva e económica do país. A isto juntou-se o processo de integração na CEE, cujas opções politicas determinaram a desindustrialização do país, a redução da produção agricola e quase o abandono da actividade pesqueira, a que se juntaram as privatizações cegas que em alguns casos significaram quase o desaparecimento de sectores inteiros, como são exemplo as industrias corticeira e conserveira, a metalomecânica pesada e ligeira, a industria naval, siderurgia e outras, afectando todo o sistema de emprego e sectores até então determinantes na economia do país, mais uma vez recorrendo de forma abrupta, (ora para baixo ora para cima) ás habilidades monetaristas. Assim ajeitaram a economia portuguesa aos interesses da França e da Alemanha, passando a consumir destes e de outros paises da CEE/UE os seus excedentes.

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Deste modo, hoje as dificuldades do país são nem mais nem menos a acumulação de dividas, em resultado do consumo sucessivamente superior ao que produzimos, acrescido da falta de meios, indevidamente destruidos, para responder de imediato no plano produtivo, quer em bens para o mercado interno, quer para o mercado externo. As politicas de batuta neoliberal, por cá têm assim já cerca de trinta anos - durante os quais e à conta dos fundos ao jeito do espertismo, adoptaram-se parâmetros de vida elevados, cruzados com novas formas de pobreza e as mais preversas formas desregulação laboral, que é a precariedade, a par do desenvolvimento de um sector terciário expedientista e especulador, tendo por base uma economia sem qualquer sustentabilidade, colocando hoje o país numa situação financeira vulnerável, à mercê do Império Agiota.
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Por tudo isto, podem continuar a diabolizar o PCP, fazer o mesmo ao BE - mas a verdade é que as responsabilidades por toda esta desgraceira se concentram em exclusivo no PS, PSD, CDS e Cavaco Silva.

Mais uma vez, em audiência com o Presidente da República, o PS, PSD e CDS, estabeleceram o compromisso de continuarem com a mesma receita, para "salvarem Portugal..."

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