sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Não invoquem Karl Marx...

Com a presente e redonda crise, pela blogosfera têm surgido com frequência "invocações de Marx". A mais recente refere uma partícula do Capital. Trabalho cientifico e profundo sobre o sistema onde alicerça o capitalismo.
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"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se torne insuportável. O débito não pago levará os bancos à falência, que terão de ser nacionalizados pelo Estado."
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Da forma como esta e outras frases surgem, facilita aos próprios que as divulgam interiorizar exactamente o que Marx nunca quis, a dogmatização - deste modo, espaço para a vulgaridade cultural marcada pela religiosidade ancestral de que não é fácil nos libertarmos.
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Karl Marx que dedicou a sua vida à luta do proletariado, que o soube identificar na análise materialista do processo histórico da humanidade - nos seus escritos não perdeu tempo em exercícios retóricos.
Por isto, apelo a quem se dispõe a divulgar tais frases que o façam com a sustentação elaborada que o seu trabalho nos legou. Para chegar a tal frase, Marx detalhou ao ínfimo o sistema, cruzando na sua escrita a "foto e o gráfico". Embora gostasse de romance e poesia, prova-o o tempo em que escrevia na Gazeta Renana, optou por um trabalho militante revolucionário, o de investigar e transcender o registo de apenas uma mensagem humanista e libertária.
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Karl Marx legou um 31 ao sistema Capitalita, mas não legou ao Proletariado uma pérola, uma profecia, um oráculo ou referências que animem ao lascismo - legou apenas, trabalho e luta em todas as vertentes que desbravam caminhos para a transformação da sociedade.
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- Karl Marx é Revolucionário, não é Profeta!

2 comentários:

Annarkaa disse...

Enviaram-me essa frase como sendo de Marx, dei-a a ler a um amigo mais dado a essas coisas do Marxismo que me garantiu ser uma extrapolação de uma teoria de Marx mas nunca escrita por ele.

O Broncas disse...

De momento tenho O CAPITAL de uma edição em castelhano da década de 60.
Ofereci o que tinha em português, edição mais recente.
Na que tenho, a diferença que encontro é apenas na palavra "tecnologia" que não é usada. No entanto este termo aparece muitas vezes ligado ás alterações dos meios de produção. Por isto, neste caso aceito tratar-se de opção do tradutor, pois não altera em nada o conteúdo e sentido da frase.
Entretanto percebo que os que transformam tudo em beatíce, estejam sempre tentados a moldar ao seu jeito.