terça-feira, novembro 15, 2005

A EXPLOSÃO DA DESORDEM

É enorme o espanto veiculado na comunicação social ácerca dos acontecimentos em França, a par do receio de tais "comportamentos desordenados" alastrarem pela Europa.
Sem espanto, espanta-me é a hipócrisia de tanto espanto, nomedamente ao nível das elites governantes ao serviço dos privilégios das classes dominantes.

Neste blog, basta consultar o Palheiro na palha de Junho para se perceber que aqui ninguém se espanta.

A propósito da 2ª lei da termodinâmica-a lei da entropia, ás tantas surge: "...È já hoje por demais evidente a desordem que prevalece no mundo. Cresce a divisão e estratificação da sociedade em classes, cresce o número de humanos arredados de privilégios, todos confinados a serem "energia dispersa", cuja graduação da pobreza fácilmente se determina pela maneira como se estabelece o fluxo de energia em cada sociedade. Vislumbra-se assim que a crise latente das politicas económicas dominantes na onda globalizadora, porque contrária ao processo entrópico, mais cedo do que tarde, despoletará a Explosão da Desordem."

Neste blog estamos em dia, só a passividade nos espanta.

Os persistentes modelos de desenvolvimento na obcessiva busca do crescimento económico, tem adulterado culturas e deserdado das riquezas criadas a maior parte da humanidade. Em cada dia que passa, é cada vez maior a diversidade de situações limite que surgem e que vamos de ter de enfrentar no futuro. São muitos os que nos países mais pobres todos os dias caiem no abismo, já não são poucos os que nos países mais ricos estão próximos do abismo. A CATÁSTROFE já existe e está iminente para muitos mais.

Mediante isto, o capitalismo prossegue na sua aventura liberalista e globalizadora, persistindo no crescimento, apelando à competitividade, desregulamentando o trabalho, baixando salários, aumentando a exclusão, num envolvimento politico de promoção de "concensos sociais", ora activando os mecanismos para a construção do medo colectivo, ora usando meios para a estupidificação, objectivando a paralísia das massas, enquanto congregam as elites gestoras, fazedoras de opinião, adoptando o modelo (ou modelos)que se adapte a enfrentar as crescentes crises, garantindo a continuidade do velho método de concentração e acumulação da riqueza. Sempre e sempre,até ao limite..."REDUZIR O VALOR DO TRABALHO A ZERO".

Os acontecimentos em França são uma das tais situações limite, cujos comportamentos desordenados resultam da tal "energia dispersa", agora em actividade violenta. Corolário da criminosa ligeireza com que as elites do sistema avaliam as realidades sociais, da frieza com que tratam os seus semelhantes.
Os "vândalos" que queimam autocarros, são seres humanos que integram as primeiras vitimas dos ditos processos de modernização, são deserdados dos bens da cidade, são periferia desintegrada e decomposta,excluída, impedida de perceber o espaço que por direito têm de ocupar na sociedade.

Estes factos demonstram que as grandes cidades, as metrópoles em todo o mundo, são mais um espaço da crise global. A explosão da desordem.

Temos de reagir.

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