HIROSHIMA

Existe quem por obcessão pelos STATES, persista em aligeirar e baralhar o que de facto determinou a decisão americana, pelo uso do bombardeamento atómico.

O Srº Vasco Pulido Valente no jornal PÚBLICO (ontem)é um dos tais que não aceita que a história foi a que foi, e não a maldade de a transformar naquilo que cada um, ajeitando, quer contar.
Assim e a propósito do que escreveu, considero:
- não ser verdade afirmar - "Truman usou a bomba. Poupou milhões de americanos, e principalmente de japoneses";
- não ser correcto considerar "sem cérebro" os que caracterizam Hiroshima como o acto mais brutal de terrorismo da história contemporânea;
- ser intencional o excesso de imprecisões, relativamente a factos essenciais ao entendimento histórico daquela brutalidade.

Em 1944 a elite dirigente do Japão usando acessos diplomáticos com os STATES, temendo uma invasão Soviética em que Staline exigia a rendição incondicional, propôs uma "paz honrosa", não aceitando a rendição.
Em Junho de 1945, o imperador Hirohito e a oligarquia politico-militar, sabendo-se sem aviação, a marinha destruída, os portos bloqueados, sem armamento eficaz,sem combustível e a reserva alimentar quase a zero. Temendo a sublevação do povo que se movimentava contra a guerra, e o risco do poder cair na rua, tentaram negociar com os STATES uma rendição com três condições: - não haver ocupação militar;- não haver julgamentos por crimes de guerra;- manter o imperador.

Truman, bem informado, sabia que bastava manter o bloqueio por pouco mais tempo, e o poder ficava na rua. Temendo isto pelas dificuldades futuras em relação à miragem do capital pelo grande negócio, preferiu aproveitar o legitimo ódio americano aos japoneses e valorizar o desejo do Congresso por uma acção que impressionasse e contivesse a URSS.
Truman optou, decidiu o bombardeamento atómico.

Ficou aberto o caminho para o grande negócio. O imperador foi reencaminhado, para iludir a opinião pública americana, alguns criminosos de guerra foram executados. A maioria foi reintegrada no regime com nova Constituição. Os Estados Unidos garantiram assim até hoje, o seu protectorado.

O cinismo de Truman, o interesse pelo grande negócio, determinaram o maior crime registado na história contemporânea. Por tudo isto só encontro eco para o escrito de Vasco Pulido Valente na frase proferida por um criminoso de guerra, o então Ministro da Marinha Japonês,Mitsumasa Yonai: - Hiroshima salvou o imperador, Hiroshima foi uma dádiva dos deuses.