Ah! Indulgência de não servir!
a flatulência anuncia o porvir
São remédios-santos por descobrir
para este mal extinguir!
São os senhores do meu país
que riem muito do que se diz
passam a bola e o apito
ao povo pobre e aflito
Reformados são e não são poucos
alguns há que até são moucos!
Saem de casa p'ra governar
à pressa a pantufa vão tirar
E vivemos nós com esta baba
com esta dentadura que não se acaba
trampolineiros e trampateiros
a ganhar muitos dinheiros
E nós o povo, nobre e honrado
cada vez mais triste e mirrado
só nos resta mudar a situação
nem que começe por esta rimação
temos de agir bem e depressa
e aos mandantes não dar conversa
dar-lhes a reforma antecipada
não dar cavaco, nem bochechas, nada!
dar lugar aos novos, bons e valentes
mostrar a cara mas não os dentes
ser corajoso e solidário
ser um poeta e um operário
viver melhor todos queremos
mais camaradas seremos
fica aqui a minha luta:
dar cabo de todos os filhos da puta!
Benjamim Rodrigues (Poemas populares de evasão num país sintético - Canto Nono)
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