Na altura ouvi em directo pela TSF o Ministro Ajudante de Campo do Primeiro, dizer que acabara de apresentar desculpas ao PCP pelo sucedido, agradecendo mesmo o acolhimento que obteve. Sei hoje que o PCP não pretendeu fazer farronca sobre o caso, valorizando a ideia de que tal acontecimento iria afectar o prestigio da instituição Assembleia da República. Só que naquele momento a imagem do sucedido já estava em todo o lado, circunstância que obrigou a que o PS e particularmente o Governo retirassem as respectivas consequências politicas.
Por isto, não é justo que apareçam pelos jornais caracterizações provocatórias ao PCP e nomeadamente ao seu deputado Bernardino, exactamente a quem nada fez para a dimensão da farronca institucionalmente desprestigiante que se armou.
No entanto recordo-me que Sócrates, ao responder a Louça sobre as Minas de Aljustrel, o desmentiu com tal veemência e convicção que até me interroguei sobre a veracidade de noticias que até tinha lido no Avante, admitindo mesmo que Louça tinha mentido naquele caso. Não fosse o Ministro "encornar-se" seguido do trinta e um que se armou - e eu teria ficado com a ideia de que as minas estavam em funcionamento com toneladas de extracção diária.
É por este caso que de entre outros acontecimentos se destaca "O Solar do Presunto", aliás demontrativo do empenhamento do SrºPinho, que já na condição de ex-ministro, mesmo assim apoiou aquela empresa da restauração com publicidade, contando para o efeito com a afectiva colaboração do Srº António Chora, sobre o qual consta por aí, que virá a ocupar o cargo de Secretário de Estado do Ministério da Economia, logo após as próximas eleições legislativas.
António Chora, este foi um mau sinal.
Deixando a ironia. Interrogo-me sobre o que faria António Chora se estivesse na Assembleia a exercer a função de deputado, quando o ministro se encornou.
É que António Chora não é apenas mais um elemento de uma Comissão de Trabalhadores, é um politico eleito que na rotatividade, aliás interessante que o BE pratica, já exerceu funções de deputado, sendo a par membro da Assembleia Municipal da Moita, e para esta já com candidatura anunciada à sua presidência para as próximas eleições autárquicas.
Acresce ainda ser a pessoa mais solicitada pela comunicação social, sempre referenciado como o grande inovador do ideário sindicalista, solicitações ás quais nunca se fez rogado.
Trata-se assim de uma pessoa com imagem pública, cujos actos não podem sómente serem avaliados na exiguidade das liberdades individuais, pois emergem-lhe responsabilidades públicas, das quais não pode abdicar, de cujos actos deverão ser retiradas consequências politicas.
Aguarda-se assim que pelo fácil acesso que tem à comunicação social, apresente desculpas aos milhares de trabalhadores vitimas de despedimentos colectivos, falências e encerramentos fraudulentos de empresas e de muitas outras situações desgraçadas onde me incluo, das quais ninguém deu sequer pela existência daquele Ministro, que em afectiva comezaina tantos elogios recebeu, como se o país fosse a Quimonda e a Auto Europa - ele ministro que foi pago como ministro, logo por dever obrigado a um genial empenhamento de elite.
A não proceder deste modo ou de forma equiparada, terei de concluir que a sua recente intervenção no Prós e Contras só fica completa se lhe juntarmos as trêtas ideológicas lá proferidas por Vitor Ramalho, membro do PS. É que a ida ao Solar do Presunto, só se explica por convicções próprias e não por qualquer ingenuidade.
Alarves e ingénuos, foram aqueles que no 1º de Maio permitiram que tantos e António Chora, escrevessem kilómetros de palavras e tivessem dezenas de horas de debates e noticias.
Neste caso, existe sinal de outra coisa.